Cap. 4 - Decisões

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OLIVIA

Meu assistente, Mateus, encontrou algo estranho nos balanços do vinhedo. Os registros do ano passado demonstram algumas discrepâncias. Pedi a ele para imprimir e sinalizar. Vou levar isso até o Pedro, com algo assim a negociação pode emperrar.

- O Sr. Rivera está saindo de uma reunião, ele pediu que o aguarde na sala dele. – Clara, a secretária, informou.

- Posso esperar aqui. – A antessala está ótima.

- Sra. Moraes, está familiarizada com o meu chefe. Ele é uma ótima pessoa, mas um pouquinho...

- Não precisa continuar. – Levantei-me. – Eu espero na sala dele.

Ela respirou aliviada. Não quero dificultar o trabalho de ninguém. Clara abriu a porta e me acompanhou, ofereceu um café que não aceitei.

Espero que ele não demore, pois estou com a cabeça explodindo de dor. Caminhando até a janela fui olhar a vista, a melhor de todo o escritório. Daqui temos a visão de como Madri é bonita. A mesa dele é organizada, os papéis em seus nichos, canetas nos potes e nenhum porta-retratos. Diferente da estante, próxima das poltronas de couro marrom. Fui olhar de perto, tenho o péssimo hábito de ser curiosa. Dom Sergio abraçado a uma senhora, deve ser avó de Pedro. Imagens do vinhedo, das viagens e uma que prendeu minha atenção. Pedro, sentado sozinho em meio aos tonéis de carvalho. Aparenta ter 20 anos ou menos, o sorriso em seu rosto é cativante e sincero. Uma alegria real, que me fez sorrir discretamente de volta para a imagem.

- Essa foi tirada na Andaluzia, no vinhedo original. – A voz dele ecoou pela sala.

- Bonita imagem. – Me recompus. – Tenho algumas dúvidas e possivelmente um alerta a fazer.

Pedro, ficou visivelmente desanimado com meu tom sério e o assunto de trabalho.

- Por favor, sente-se. – Ele indicou a poltrona para mim.

Sentei-me, o Rivera fechou a porta e se acomodou no outro assento.

- Encontramos algumas informações que aparentam estar imprecisas, no balanço do ano passado. – Entreguei a cópia a ele.

Pedro analisou com atenção, uma folha e depois outra.

- Onde conseguiu isso? – Ele fitou-me.

- Foi o meu assistente, com a equipe de contabilidade.

- Esse balanço não é o mesmo que recebi ao final do ano. Está totalmente diferente, talvez seja uma cópia com erro que foi descartada. – Ele olha para as folhas cheio de confusão.

- Foi o que pensamos, mas o analista da contabilidade afirmou ser o correto. Pode confirmar com ele se desejar. – Pedro se levantou e caminhou até o telefone.

- Clara, diga ao Rafael para vir até minha sala, imediatamente. – Pedro continuou analisando.

- Quer que eu saia?

- Não, por favor, fique. – Ele foi até o laptop, em alguns segundos imprimiu algo. – Uma cópia do arquivo que recebi, a mesma página.

Levantei-me, ele apanhou o papel e se aproximou de mim. Pedro segurou as duas, para analisarmos juntos.

- Os números finais não batem, porém os lançamentos são idênticos. – Só é possível perceber analisando ambos. – Erro de digitação, talvez.

- Espero que seja. – O tom dele pesado. Alguém bateu à porta. – Pode entrar.

Um rapaz franzino se aproximou.

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