Cap. 5 - Tu Sonrisa

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ANDALUZIA

PARTE II

OLIVIA

Pedro, foi me buscar no hotel logo cedo, ele e o cachorro. Embarcamos sem muita demora no jatinho particular dos Rivera.

O cachorro tem um assento para ele lá trás, parece estar acostumado a viajar com o dono. A comissária serviu um chá, que veio a calhar, eu saí do hotel sem tomar nada. Enquanto saboreio o líquido quente, envio alguns e-mails para os meus assistentes. Reforçando o nosso cronograma e a necessidade de se manterem na linha. Quero relatos diários do andamento das análises. Assim eles não fogem do escritório e vão passar o dia como turistas.

Enquanto digito, com os olhos voltados para tela, sinto que Pedro me olha. Não tocamos naquele assunto, do beijo, é melhor evitar. Ele está de jeans, botas de couro e camiseta. Com os braços expostos pude ver suas tatuagens, alguns símbolos desenhados em preto. Não compreendi o significado de nenhum.

Confesso que estou apreensiva com o que pode acontecer. Ainda me sinto atraída por ele, até mais que antes. Se eu seguir os conselhos da Rosa, estaria me agarrando com o Rivera aqui mesmo.

- Olivia, está tudo bem?

- Sim, por quê? – Levei um susto.

- Não tirou os olhos desse computador desde que levantamos voo.

- Só estou agilizando algumas coisas, como não estarei por perto quero que tudo continue nos trilhos. – Meus olhos estão coçando, melhor desligar isso.

- Quando saí de férias, costuma levar trabalho? – Ele cruzou os braços sobre o peito.

- Eu não tiro férias. – Respondi de supetão.

- Por quê?

- Não sinto necessidade, sempre estive viajando e conhecendo lugares. O máximo que faço é tirar 15 dias para passar com a minha mãe.

- Nem natal, réveillon ou aniversários? – Ele me olha incrédulo.

- No natal passado eu estava em Budapeste, uma semana depois em Londres, cobrindo as férias do meu chefe. No aniversário da minha mãe eu estava em Milão, liguei para ela do meio da Piazza del Duomo. Sou uma viajante, minha vida cabe em duas malas.

- Sinto muito. – Seu tom soou bem desanimado.

- Por que você sente muito? – Entrei na defensiva.

- Por você ainda não ter encontrado um lugar para fixar suas raízes. – Pedro, descruzou os braços e suavizou a expressão.

O Rivera deu para ficar todo filosófico, vai entender esse homem.

- Talvez eu não queira. – Para evitar uma discussão, eu usei um tom mais confortável do que meus sentimentos.

- Não é o que vejo em seus olhos. – Afirmou.

- O que vê em meus olhos é sono senhor Rivera, me fez acordar cedo hoje. – Joguei essa para dispersar o clima de análise.

- Descansa, quando estivermos chegando eu chamo você. – Falou gentil e deu sorriso carinhoso.

Por que ele está agindo assim, será que bateu a cabeça hoje de manhã?

Recostando a cabeça na poltrona fechei os olhos.

***

Pedro me chamou assim que estávamos prestes a pousar. Sem fazer corpo mole ele ajudou o carregador a colocar as malas no carro e prendeu o Beny no banco traseiro.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora