Cap. 12 - Viver de Talvez

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PARTE IV

SÃO PAULO

OLIVIA

O Táxi me deixou na porta da casa da minha mãe, o porteiro do condomínio liberou a entrada e ainda disse que eu estava sumida. O gentil taxista ajudou-me a descarregar as malas, quatro delas. Quando sai elas não aparentavam estar tão pesadas. Apanhando as chaves dentro da bolsa, eu abri a porta da frente. Arrastei uma e depois outra mala para dentro, as rodinhas sempre são ótimas aliadas.

Deixei tudo no hall, para carregar depois, estou com bexiga quase explodindo. Preciso correr até o lavabo. Dei apenas alguns passos e me deparei com um alguém a minha frente.

- Céus! Quem é você? – Me sobressaltei com o susto que acabo de levar.

Um sujeito baixo e de cabelos grisalhos, usando bermuda, chinelo e camisa do Flamengo. O homem está me encarando com um sorriso.

- Olivia! Finalmente! – Falou animado, dando um passo na minha direção.

- Parado aí! Eu não conheço você, o que faz aqui? – Meu tom até um pouco agressivo. – Onde está minha mãe?

Ele parou, a pele do rosto ficando corada, seus olhos azulados cheios de choque.

- Sou o Antônio, namorado da Selma. – O homem respondeu.

Eu quase dei uma gargalhada. Desde quando minha mãe tem namorado, eu saberia, não é?

Mamãe apareceu, surgindo da direção da cozinha.

- Olivia, que surpresa! – Ela está claramente sem saber o que fazer.

- Cheguei! – Dei um sorriso fraco.

Antônio olhou para ela.

- Filha, esse é o Antônio. – Mamãe está tão envergonhada que não consegue olhar para ele. – Meu namorado.

Meu queixo quase foi ao chão. Mamãe namorando, nem de longe isso passou por minha cabeça.

- Ele se apresentou. – Dei um passo na direção do homem, estendendo a mão para um cumprimento. – Desculpa minha reação, é um prazer conhecê-lo.

Antônio apanhou minha mão.

- Eu que peço desculpas, pensei que você soubesse. – O sujeito deu uma ligeira olhada para a Dona Selma. – Saiba que só ouço maravilhas sobre você.

- Eu deveria ter avisado que estava chegando. – Algo que costumo fazer, mas desta vez minha cabeça está girando, acabei esquecendo.

- Não tem nada que avisar. A casa é sua, filha. – Ela deu um passo na minha direção. – Sobe vai tomar seu banho, parece tão cansada. A mãe vai preparar um jantar gostoso.

- Não precisa, vocês têm planos. Eu preparo algo, nem estou com fome. – Minha vez de ficar com vergonha, caí de paraquedas no date deles.

Antônio está mudo.

- Nada disso, Olivia. – Minha mãe, falou com firmeza.

Melhor não piorar a cena constrangedora. Apanhei as malas mais leves e minha bolsa.

- Com licença. – Caminhei em direção à escada.

Que grande furada que eu dei.

***

Fui direto para o chuveiro, as lágrimas se misturando com a água quente. Tomei um longo banho e fiz hora para desfazer as malas. Estou com vergonha de descer e atrapalhá-los mais uma vez. Mamãe mudou o cabelo, está usando na altura dos ombros e liso. Com olhar gentil e a beleza natural. Dizem que somos parecidas, o mesmo nariz e tom de pele. A altura eu peguei de meu pai. Avisei o Pedro, que cheguei, incluí o endereço da minha mãe na mensagem, não quero que pense que estou fugindo. Pelo, não é por isso que estou de volto. Vir para casa, significa reencontrar algumas verdades sobre mim.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora