Olivia

Cap. 6 - Tu Cuerpo

OLIVIA

Eu não pedi nada a governanta, ela visivelmente não foi com a minha cara. Fui até a cozinha e encontrei a cozinheira gentil, ela preparou um sanduíche e um suco de laranjas para mim. Subi com a bandeja para quarto. Aproveitando o tempo chequei assuntos de trabalho, meus assistentes enviaram todos os relatórios que pedi. Estão progredindo, atualmente analisando os contratos da empresa. Em breve poderemos fazer a negociação e eu estarei desligada da Casa Rivera.

O dia com Pedro foi muito bom, o beijo ainda melhor. Estou com vontade de outro e um pouco mais, vai ser difícil dormir com esse fogo. Escolher aceitar o que sinto e receber o que ele sente, foi a melhor decisão para o momento. Não sei onde isso nos levará, mas seria um grande erro deixar passar. Pedro Rivera mexe comigo como nenhum outro, pode ser algo passageiro ou não, o que importa é que o espanhol foi capaz de despertar sensações além do desejo.

Sem conseguir dormir abri a gaveta ao lado da cama. Com uma ajudinha especial será possível relaxar e quem sabe ter uma boa noite.

***

Saímos pela manhã, desta vez levando o Beny, que seguiu correndo a nossa frente. Pedro, diz que o vilarejo não é longe, cerca de 15 minutos de caminhada. Trouxemos garrafas de água. Esse trecho é na parte alta, cruzando alguns morros e árvores. Não falei nada, mas não estou acostumada a fazer trilhas. Sei que ele está, inclusive algumas escaladas em picos com neve. Meu máximo de exercício físico é um pouco de academia, geralmente as dos hotéis por onde passo.

- Desculpa por ontem, foi uma confusão que se arrastou pela noite. – Disse ele.

- Sem problema, espero que tudo tenha se resolvido. – Tomei um pouco de água.

A vegetação é rasteira, ao norte é possível ver as montanhas.

- Se resolveu, mas foi uma situação atípica e estranha.

- Por que estranha? – Olhei para ele com curiosidade.

- Os registros dos envios são eletrônicos, todos os carregamentos passam por uma inspeção e os caminhões têm lacre com o código nas portas. – Ele começou explicando. – Contudo uma dessas remessas teve o lacre rompido e os registros apagados do sistema.

- Pelo que vi existem câmeras de segurança, não foi registrado?

- Não, uma parte da gravação do dia foi apagada. – Seu semblante confuso.

- Muito estranho de fato. – Isso não cheira bem.

- Exato, o carregamento estava intacto, mas por precaução eu mandei descartar. Não posso arriscar enviar matéria-prima comprometida. Ordenei uma investigação interna naquele setor, Malvino está à frente.

- Pedro, isso é sério. – Eu parei, olhando para ele. – Você poderia ter ficado lá para resolver e deixado esse passeio para depois.

- Não, a minha presença só iria atrapalhar. O que ele descobrir trará a minha mesa. – Falou com segurança. – Essa viagem é sobre descobrir a essência, você relaxar e nos conhecermos melhor.

Ele estendeu a mão para mim, aceitei me aproximando mais.

- Eu pareço tão tensa assim? – Minha voz soou preocupada.

- Sinceramente, eu acho que se desligar um pouco do trabalho fará bem a você. – Pedro fala com carinho. – Um tempo para fazer descobertas e se permitir.

Olhei para ele, em nada lembra o arrogante de nossos primeiros momentos.

- Para você também, espero que consiga clarear seus pensamentos e se abrir para algo novo. – Eu sinto que existe algo refreando suas atitudes, talvez uma questão pessoal que precise lidar.