Cap. 9 - Acasos

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PEDRO

Olivia já está em Milão, falei com ela a pouco. Chegou bem e está envolta com os assuntos. A chama que vi em seus olhos dá a certeza de que irá reverter tudo isso de maneira positiva.

Vim jantar com meus avós, desde que voltei do vinhedo não os tinha visitado. Não é certo ficar tanto tempo sem vê-los, estão idosos e precisam de alguém da família sempre por perto.

- A senhora armou minha ida ao vinhedo com a ajuda do vô, não é? – Falei ao puxar a cadeira da mesa de jantar para ela.

- Minha ajuda para quê? – Ele colocou os óculos.

- Sergio é inocente, eu só aproveitei a oportunidade. – Disse ela com um sorrisinho.

- Que oportunidade? – Meu avô está todo confuso.

- Para fazer o Pedro e a Olivia ficarem sozinhos. – Vovó bateu os dois dedos indicadores, para sinalizar nós juntos.

- O quê? – Don Sergio me olhou.

- Ela armou vô, com a ajuda de quem eu não sei. – Sentei-me à mesa.

- Juan é claro. Seu amigo disse que você está se afeiçoando a moça, com umas palavras que achei de mau gosto, mas muito informativas. – Não quero nem imaginar o que ele falou. – Então eu fui observá-la de longe, a vi olhando para você toda encantada. Foi fácil.

- Veja só! Eu não percebi. – Falou vovô animado.

- Óbvio que não, você é desatento cariño. – Ela sorriu divertida.

- Poderia estar errada, Dona Carmen. – Meu tom sério.

- Pedro, posso não ter parido você, mas o criei. – Vovó tocou meu ombro. – O conheço como a palma de minha mão. Sente um apresso especial por ela, não negue.

Negar? Ela tem toda a razão, como sempre.

- Eu sinto, é algo que chegou e me dominou como um furacão. – Segurei a mão dela. – Obrigado, por dar o empurrão que faltava.

- Quero vê-lo feliz! E a moça é muito gentil, inteligente e bonita.

- Verdade, eu gostei dela. – Falou o vovô. – O que fizeram por lá, se divertiram?

A pergunta é inocente, contudo, é melhor ocultar os detalhes da resposta.

- Sim, tivemos muita diversão. – Eu ri.

***

Passar tempo com meus avós sempre é ótimo. Bem que suspeitei de Dona Carmen, estava muito empenhada em nos enviar para aquela viajem. Eu pude abandonar o passado e embarcar rumo a um futuro animador. O que sinto por Olivia, é forte demais para ignorar.

Ao chegar em frente a minha casa apertei o controle para abrir o portão, mas que pudesse arrancar com o carro levei um susto.

- Pedro! – Uma mulher chamou e se colocou à frente do portão.

Não pode ser! Meu passado literalmente batendo à minha porta.

Abri o vidro.

- Valéria, o que faz aqui? – Meu tom incrédulo.

- Quero conversar com você. – Falou com urgência.

- Não temos nada para falar, por favor, saia da frente. – Não quero isso.

- Temos sim, e se quiser passar terá que ser por cima de mim. – Ela cruzou os braços.

As mesmas atitudes. Ela destruiu a minha noite.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora