Cap. 2 - Beny

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OLIVIA

Minha mãe ligou, dizendo que fará uma pequena viagem aos Lençóis Maranhenses. Uma semana para relaxar e aproveitar o início da primavera. Dei apoio a ideia, apesar de estar surpresa. Ela não costuma fazer esse tipo de coisa, arrumar as malas e viajar. Disse que irá acompanhada de amigos, sem especificar quais. Contanto que se divirta, não vou ficar fazendo perguntas.

A equipe que está cuidando da inspeção na empresa italiana, diz estar seguindo o cronograma. Por aqui, se o arrogante loiro não criar mais atraso, teremos o mesmo resultado.

Rosália, minha amiga espanhola retornou e está organizando um almoço. Ela adora festas e receber pessoas, é uma artista plástica que leva a vida com bastante colorido. Farei o possível para comparecer, estou precisando espairecer a mente. Essa centena de arquivos que preciso avaliar é cansativa. Os Rivera, felizmente, são minuciosos nos detalhes. Dom Sergio, criou um sistema que por anos foi eficaz. Atualmente, o novo CEO implementou técnicas que otimizam cada setor. Dos campos de uva à distribuição dos deliciosos vinhos.

Saindo do elevador estava absorta pela tela do meu celular, respondendo algumas mensagens do meu chefe. Que certamente está em sua sala confortável com vista para o London Eye. Ele quer um relatório ao final da semana. Continuei caminhando, até que ouvi algo, não pode ser. O som se parece com um latido vindo da sala de Pedro, só posso estar ouvindo coisas. O que um cachorro faria no escritório? Continuei andando, até ouvir o som muito próximo. Claramente é um cachorro.

- Aí, meu Deus! – Congelei.

Olhando para frente vi a coisa peluda correndo em minha direção. Sem saber o que fazer abri a primeira porta a esquerda e entrei. Não tive tempo de fecha-la, o animal invadiu a saleta e saltou em mim. Caí sentada, em meio caixas de arquivos.

- Socorro! – Gritei, enquanto o cachorro tenta me lamber ou morder.

O bicho lambeu minha mão e não para de latir. Pedro surgiu na porta, pegando a coleira do animal e o afastando de cima de mim.

- Sra. Moraes, se machucou?

Não consegui emitir nenhuma palavra, eu tenho pavor de cachorros. O animal latiu e eu estremeci.

- Sr. Rivera, ele saiu correndo. – Ouvi alguém dizer. – Viu a moça no corredor e disparou até ela.

- O leve daqui e não deixe que fuja outra vez. – Pedro entregou a guia para o dono da voz. Em seguida se ajoelhou a minha frente. – Sra. Moraes, ele já foi.

Respirei fundo, o meu coração ainda está acelerado e a bunda dolorida.

- O que esse cachorro faz aqui? – Vociferei com raiva.

- Ele é meu, estamos a caminho do veterinário para fazer exames. – O fitei impaciente. – Clara precisou de minha assinatura em alguns papéis, não posso deixá-lo sozinho no carro.

- Escritório não é local para animais. – Resmunguei extremamente irritada.

Minha calça está cheia de pelos, que bagunça! Melhor sair do chão, comecei a levantar. O Rivera estendeu a mão, se não estivesse dolorida eu não aceitaria. 

Pedro, segurou-me com firmeza e puxou. Mantendo uma mão no meio de minhas costas, minha mão livre foi parar no peito dele. Seu perfume me apanhou, não ousei olhar para o seu rosto. A imagem do espanhol sem camisa passou por meus pensamentos, afastei a mão de imediato. Ele percebeu meu desconforto e me soltou. Merda, o que aconteceu aqui? 

- Desculpa, ele não costuma pular nas pessoas e nem vir ao escritório. – Tentou se justificar. – Não sei por que fez isso com você.

Achei meu celular no chão, abaixando para apanha-lo senti uma fisgada nas costas. Dolorida caminhei para porta.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora