Cap. 13 - Tia Olivia

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OLIVIA

Como surpresas estranhas chegam sempre acompanhadas, mamãe diz que meu irmão está chegando à São Paulo dentro de alguns dias.

- O Ricardo, está trazendo a esposa e as crianças, você precisa ver que lindinhos. – Falou toda alegre.

Não conheço a esposa e nem as crianças. Na verdade, o meu irmão não me mandou convite para o casamento, que aconteceu em Salvador. Meu pai ainda estava conosco, eles compareceram.

- Deve estar querendo algo. – Resmunguei, atirando a roupa suja dentro da lavadora.

A última vez que ele falou comigo, foi para pedir dinheiro da fiança. O idiota se meteu em confusão e acabou detido, por receptação. No final nas contas, e com o bom advogado que eu paguei, ele pegou pena alternativa.

- Olivia, não começa. Seu irmão nem mesmo chegou, dá uma oportunidade. Ele está mudado, trabalhando e cuidando da família.

- Está bem, mas gato escaldado tem medo de água quente. – Não confio nele. – Quando eles chegam?

- Na quinta-feira, eles vêm de avião. – Ela abriu a máquina de lavar e colocou um pouco mais de sabão. – Paguei as passagens, o Dinho se sente mal viajando de ônibus.

Já começou! Ele faz dela um caixa eletrônico. Só assenti e deixei a lavanderia, não adianta falar.

Contei ao Pedro, o ocorrido no restaurante. Ele ficou extremamente preocupado, querendo até que eu contrate segurança. Apesar de receosa e um pouco assustada, não acho necessário.

Para dar privacidade a minha mãe, comecei a buscar um apartamento. Aqui nessa região, afinal o local é ótimo e muito tranquilo. Estou bem financeiramente, não, eu estou ótima. O acerto com a Jenkins rendeu uma boa soma, eu tenho meus investimentos e reserva de emergência. Se quisesse poderia me aposentar aos 40 anos. No entanto, estou sentindo falta de trabalhar e ter um propósito diário. Quem sabe comprar um apartamento e ter uma casa pela primeira vez ajude.

Meu celular tocou, é o Pedro.

- Oi, coração. – Disse com voz doce, seguida de um sorriso.

Ele está no escritório, pude ver a vista da janela atrás dele.

- Oi, cariño. – Sentei na banqueta da cozinha. – Está tão linda.

- Impossível, estava fazendo faxina. – Estou sem maquiagem e com o cabelo preso num coque torto. – Já o senhor! Onde vai todo elegante?

- Jantar com o prefeito de Madri e outros políticos. Teremos eleições no próximo ano, eles sempre fazem esses eventos para os empresários.

- Não fico ciúmes, políticos são péssimos. – Soltei o cabelo, jogando de lado.

Pedro se remexeu na cadeira.

- Corazón, assim você me deixa maluco. Estou queimando de saudades de você, da sua boca e de apertar tua bunda gostosa. – O homem está me comendo com os olhos.

- Pedro! Alguém pode ouvir isso, se comporta. – Olhei para os lados, checando se minha mãe não está por perto. Apesar de ele ter falado em espanhol, é possível compreender o teor da conversa. – Como estão seus avós, o Beny?

- Sério! Vai mudar de assunto. – Ele riu. – Estão bem, a vovó deu um pequeno susto ontem. Esqueceu os remédios e a pressão foi as alturas, no entanto, está sob controle.

- Meu Deus, espero que ela fique bem.

- O vovô está monitorando, qualquer alteração ele me liga e a levamos de volta ao hospital.

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