Cap. 22 - Legado

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OLIVIA

Passei pelo gramado, cortando caminho por trás das árvores. Beny foi o primeiro a perceber a minha presença, veio correndo me receber.

- Oi, peludo, cadê o papai? – Fiz um cafuné nele.

Entrei no salão de pedra e o avistei, analisando a coloração do vinho disposto em diversas taças. Pedro, selecionou quatro tonéis para a rodada final de testes.

- Corazón! – Me viu e abriu um sorrisão. – Venha, experimentar esse.

Apanhou uma taça e entregou para mim. Senti o aroma, delicioso. Intenso, com toques de madeira. Bebi um gole, sabor que prende, no entanto é suave e deixa um frescor na boca.

- Delicioso, eu adorei. – Tomei o restante.

- Estou chegando lá, apenas a coloração que eu gostaria que fosse um tom mais intensa.

- Mas isso não depende do tipo da uva?

- Sim, no entanto, a madeira do tonel pode influenciar. Uma pena não ter tempo para outros testes. – Passou as mãos no cabelo.

- O que há de errado com aqueles? – Apontei para as taças sobre a bancada.

- A primeira tem uma acidez indesejada, creio que o método de extração não contribuiu. – Este, veja no fundo. – Ele apanhou a outra taça e a levantou, há resquícios de algo. – A madeira do tonel não é adequada. O que servi a você é o mais próximo do objetivo.

O que ele serviu está magnífico, melhor que o original, sem dúvidas.

- Pedro, sei que tudo isso é a sua especialidade. Porém, cuidado para não ficar preso a eterna busca pela perfeição.

Ele fitou-me, depois desviou os olhos para as taças.

- Acho melhor tirar um tempo para pensar. – Falou resignado.

Ele está aqui desde a manhã, não apareceu na casa nem para almoçar.

Caminhei até a área dos tonéis, um grande salão de tijolos de barro, iluminação suave e repleto de barris de madeira. A alma da Casa Rivera, toda a história desse império começou aqui. Um sentimento bom me dominou.

Pedro, aproximou-se. Repousando a mão no meu quadril.

- Uma imagem linda, não é? – Indagou.

- Sim, meu amor, nós não permitiremos que ninguém destrua a Casa Rivera.

- Nunca, é o meu legado. Se for da vontade de Deus, vou passá-lo para os nossos filhos. – Seu tom forte e seguro.

Girei o corpo, ficando de frente para ele, está sereno. Toquei sua face, sentindo uma grande certeza crescer dentro de mim.

***

Pedro madrugou, acordei e ele não estava na cama. Após escovar meus dentes, fui encontrar algo para vestir. O dia amanheceu ameno, escolhi um vestido longo. Que combina com um casaquinho no mesmo tom, verde musgo. Ao deixar o closet, me deparei com ele, parado no meio do quarto e segurando um buquê de rosas vermelhas.

- Feliz aniversário, meu amor! – Falou com alegria.

Dia 15 de abril, o meu aniversário de 41 anos.

- Obrigada, coração. – Caminhando em direção a ele, apanhei as flores.

Pedro, abraçou-me apertado.

- Que Deus a abençoe com saúde, alegria e todos os sonhos. – Acariciou meu rosto. – Eu amo você, Olivia.

- Te amo, meu loirinho. – O beijei com carinho.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora