Capítulo 7

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A sensação de seus melhores amigos estarem brigados é uma das coisas mais estranhas do mundo. Quer dizer, Noah e Jessi não estavam exatamente brigados, mas o clima estava super esquisito entre eles. Jessi não me contou a versão dela, mas aposto que ela também não gostou de perder a virgindade com ele e ser tudo um fracasso total, eles mal estavam se falando e tudo que eles falavam parecia engessado. Estava desconfortável ficar entre eles dois.

― Amiga, você pode ir lá em casa mais tarde? ― Jessi pediu, entrelaçando o braço com o meu e me puxando até o auditório. ― Preciso MUITO te contar sobre o que rolou com Noah, parece que você tem coisa pra falar também. Rachel na sua casa? To até agora tentando entender qual é a sua.

― Acredite, amiga, também to tentando entender. ― arfei, rindo. ― Mas não posso hoje, desculpa. Tenho que estudar mais tarde.

Ela revirou os olhos.

― Você só estuda e vê filme né, menina? Só isso que você faz da vida. ― brincou, frustrada. ― Impressionante.

― Estudo, vejo filme e fico confusa sobre minha sexualidade. Basicamente isso hoje em dia ― confirmei, nós duas rimos.

― Certo, fica pra depois então. ― Jessi disse, dando de ombros.

Entramos no auditório, demos de cara com uma confusão:

― Meu filho, nessa cena EU fico à direita, você na esquerda! ― Eric bateu duas palmas, apontando pra um X no chão do palco. ― Nem faria sentido, eu fico do lado de Sarah e você de Rachel, são as pretendentes, nem faz sentido ser do outro lado.

― Eric, mas tá escrito aqui! ― Thomas disse, balançando o roteiro na frente dele. ― "Petruquio dá a volta pelas moças com um olhar condescende, ajeita o bigode e sorri malicioso, parando do lado da mais nova" ― ele leu as instruções. ― Sua posição eu não sei, mas a minha é essa!

― Gente, vocês discutem por coisas TÃO insignificantes! ― Sarah falou, gesticulando. ― Vamos falar sobre coisas que importam, que tal? E sobre meu solo? A gente simplesmente vai fazer nossa última peça na escola não ser um musical? Sério isso?!

Jessi revirou os olhos.

― Talvez a gente pudesse fazer um musical, se alguém aqui não tivesse brigado com toda equipe do coral e da banda. ― cruzou os braços, Sarah franziu o cenho, percebendo a indireta.

― Ainda bem que você chegou, eu que não ia lidar com esses animais sozinhos. ― Fred falou pra mim, sentado em um dos assentos e relendo o roteiro.

― Calma que a diretora chegou, vamos perguntar pra ela! ― Thomas sorriu, pulando do palco e vindo na minha direção. ― E aí, Mia, fico na direita ou na esquerda? ― passou o braço pelo meu ombro e sorriu, fiquei meio envergonhada.

― Amada, fala pra ele que EU fico do lado de Sarah! Nem faz sentindo de outro jeito! ― Eric sentou-se na beirada do palco e pediu, jogando o cachecol pelo ombro.

― Mia, o que você acha desse figurino? ― Amy chegou por trás de mim e colocou uma foto de um vestido na minha mão.

― Nessa fala aqui, o que você quis dizer com... ― Lucy acompanhou-a, também aparecendo do nada atrás de mim. Comecei a ficar aflita com tanta gente vindo falar comigo ao mesmo tempo.

― Gente, CALA A BOCA! ― Jessi gritou, impaciente. ― Calem a porra da boca de vocês e escutem por um segundo! O que você tem a dizer, Mia?

Todos olharam pra mim, comecei a suar frio. Eram perguntas demais, olhos demais em cima de mim, de gente querendo que eu falasse, a pressão era tanta... Comecei a esquecer o que eles realmente estavam perguntando, afinal. Marcações de palco? Figurino? Musical, a briga com a galera da banda? Dúvidas sobre as falas? Fui bombardeada com todo mundo querendo saber mil coisas ao mesmo tempo e travei, travei mesmo. Achei que fosse explodir quando o silêncio durou demais e os olhares começaram a ficar preocupados.

Roteirista do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora