Capítulo 25

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Quando eu acordei fui bombardeada por perguntas, minha mãe parecia assustada, mas me deixou dormir por que de acordo com ela, eu parecia acabada. No momento em que finalmente me levantei e contei tudo, ela surtou, gritava, chorava, fazia ameaças sobre o que ela iria fazer com meu pai por ter feito isso comigo, parecia desesperada.

Ela chamou Park, sua amiga, quando elas conversaram elas me arrastaram até uma delegacia pra prestar queixa, não queria ir, mas fui obrigada. Fiz o corpo delito, mostrei as mensagens com as ameaças que ele havia feito e expliquei tudo que aconteceu de maneira rasa, fiz uma medida protetiva. Park disse que tivemos sorte de ser atendidas por uma policial mulher, se não, toda minha queixa poderia ter sido em vão.

Não tinha forças nem pra negar nem pra raciocinar sobre o que tinha acontecido, só queria me afundar em uma cama, hibernar e logo em seguida desaparecer completamente dessa realidade. Fui ouvindo a conversa delas no caminho de volta pra casa, descobri que Park na verdade era advogada e iria nos ajudar nesse processo, passamos em um banco antes para mudarmos a senha da conta que meu pai havia feito pra mim com meus fundos na faculdade, afinal, aquele dinheiro era pra mim de qualquer maneira, apenas precisávamos mudar a senha para o acesso ser restrito a mim.

Senti culpa durante toda essa situação, por ter fugido de deixado ele sozinho... Sei que ele é uma pessoa difícil e quase impossível de conviver, mas tenho ciência que ele tem os próprios demônios e também deve estar sofrendo com isso tudo. Suspirei, já sentada o sofá com minha mãe assistindo à televisão.

— Como as coisas vão ser daqui pra frente? — perguntei, apoiando minha cabeça em seu ombro.

— Bem, não precisa se preocupar, eu vou resolver tudo. — disse, entrelaçando a mão na minha. — Você já fez 18 anos, não depende mais dele nem precisa se preocupar em relação com o processo de guarda, para a justiça, agora você não precisa mais responder a ele. Você ainda vai pra sua faculdade dos sonhos, eu vou me formar ainda esse ano em medicina e ainda tem o restaurante, posso te mandar dinheiro pra te ajudar a se manter em Los Angeles. — ela passou a mão na minha nuca, acariciando meu cabelo. —Não precisa mais se preocupar com seu pai te machucar, você tá segura aqui.

Ela me olhou, abrindo um sorriso sem mostrar os dentes.

— Tem certeza que não tem problema eu ficar aqui? — questionei, me cobrindo com o cobertor. — Não quero incomodar.

— Incomodar?! — ela soltou uma risadinha. — Mia, você morando comigo é meu sonho se tornando realidade, só sinto muito que tenha que ter sido desse jeito. Você é minha filhinha e eu te amo, vou fazer tudo pra te proteger e você nunca mais ter que passar por essas coisas de novo. — explicou, me abraçando de lado. — Pena que em breve você estará indo pra Los Angeles pra cursar sua faculdade, mesmo assim, saiba que aqui é sua casa e você sempre poderá voltar pra cá.

Sorri, fechando os olhos. Ainda era muita coisa pra assimilar, tinha acontecido tanta coisa... Mal tinha falado com Rachel, Noah ou Jessi, nem tive tempo pra pensar sobre isso ainda, abri o celular procurando mais mensagens de meu pai, mas ele não havia enviado nenhuma outra. Era doloroso, mas resolvi bloquear seu número. Eu o amava, amava muito, mas nada valia a minha paz do jeito que ele havia tirado por todos esses anos, eu merecia viver bem, segura e feliz. E, infelizmente, não era o caso enquanto vivia com ele.

Aquele turbilhão de pensamentos veio de novo e comecei a refletir um pouco sobre tudo, meio que sem conseguir focar exatamente em nada. Não era hora de pensar aquilo, já estava tarde, eu estava cansada e precisava descansar. Então deitei na minha cama ao lado da dela e dormi por horas a fundo, finalmente conseguindo o descanso que precisava.

• • •

Dormi tanto, mas tanto que quando acordei naquela segunda, já devia ter passado do horário de almoço. Mesmo assim, continuei deitada naquele colchonete no chão observando a luz do sol entrar, com preguiça de levantar e fazer qualquer coisa se não ficar deitada e vegetar um pouco. Era o único dia que eu havia faltado a aula o ano inteiro, mas não tive força de vontade o suficiente pra levantar e ir. Fui tirada do meu estado de preguiça extrema lá pela tarde por uma porta abrindo, virei pro lado, era minha mãe.

Roteirista do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora