Capítulo 11

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O processo de se apaixonar por alguém é algo interessante.

Em um segundo você está pensando em qualquer coisa, no outro, seu cérebro dava um jeito de associar a mais besta das coisas à pessoa que você gosta. Eu lembrava dela no mercado, vendo filmes, fazendo minha lição de casa... Até mesmo sentada na escola, sem nem me dar por conta de que naquele exato momento em que eu pensava, escrevia Rachel + Miranda em cursivas no meu caderno.

Risquei nossos nomes de caneta preta, meio envergonhada. Eu não sabia como era sentir isso, claro, já gostei de outras pessoas, mas nunca foi reciproco, nunca foi... assim. Me pegava com saudades dela, pensando em beija-la, imaginando o que será que ela estava fazendo naquele instante e maneiras para conseguir sua atenção e aprovação. E falando em aprovação, preciso confessar: Eu meio que tinha feito um presente pra ela, e quando digo feito era feito mesmo, com minhas próprias mãos.

Sei que parece cedo, fico com medo dela achar que eu estou sendo rápida demais... mas não podia parar de pensar nela, e foi por isso que comprei umas miçangas com fio de nylon e fiz umas pulseirinhas combinando pra mim e pra ela. A dela, com miçangas rosas, brancas e laranjas como a bandeira lésbica, a minha, rosa, roxo e azul, como a bandeira bi, e ambas com um feixe de coração cor de rosa. Parecia tudo idiota pensando assim, mas sei lá... Eu queria dar algum presentinho pra ela, acho que era a única forma que eu tinha achado de expressar o quanto eu gostava dela e ela era especial pra mim.

Várias coisas estavam mudando drasticamente na minha vida, nunca imaginei que estaria namorando uma garota, que meus melhores amigos podiam parecer tão estranhos, que eu poderia acordar todo dia ansiosa pra ir pra escola só porque tinha alguém especial que eu queria ver pra lá...

Mas, sentada em uma das cadeiras da sala do clube do anuário, percebi que algumas coisas nunca mudariam.

— Ainda não acredito que aquela imbecil fez aquilo com meu benzinho! — Verônica resmungou, lembrando do incidente da fita.

— Não liga pra ela, amiga, ela é só uma degenerada! — Karen consolou. Contive uma risada, Rachel realmente tinha acabado com o Nick. — E tipo, você não ouviu sobre os boatos que contam dela? — ela falou, um sorriso diabólico no rosto.

— Dãã! Quem NÃO ouviu, essa é a pergunta! — elas riram, suspirei, continuando a anotar as coisas importantes que eu precisava.

— Amiga, ela é TÃO confusa, sério! — contou Veronica, se aproximando. — Primeiro a gente escuta por aí que ela é uma piranha e deu pra todos os caras do colégio antigo dela, depois vem boatos de que ela é sapatão? Deve ser por isso que o Josh a chamou de Ellen Degeneres.

Karen deu de ombros.

— Foi o que ela disse na festa, mas sei lá, as vezes ela fez isso só pra limpar a barra dela — teorizou, como se a opinião dela fosse minimamente relevante pra vida de Rachel.

Mas não importava, elas estavam com inveja e com raiva por não terem saído por cima naquela situação. E sinceramente? Vê-las derrotadas era satisfatório até demais.

— Amiga, você viu o cabelo da Julia? Ela cortou, ficou PÉSSIMO!

— Queria não ter visto, meu deus, que agressão aos meus olhos! — elas riram alto, o resto da sala inteira olhando pra ela, elas realmente achavam que era donas daquela sala. — Tipo, você acha que nós somos pessoas ruins de ficar falando mal assim dos outros?

Karen deu um estalinho com a boca, gesticulou.

— Nada a ver, amiga. Não conta se a gente só fala pelas costas. — disse, voltando a digitar no seu telefone. — Nós somos tipo, super boas pessoas.

Roteirista do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora