Capítulo 6

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Acordei cedo de manhã naquele fim de semana, vesti meu short vermelho de academia, o moletom da Harvard cinza de meu pai, fiz um rabo de cavalo e fui andando até a casa de Noah. Espero que Jessi me perdoe, mas não tinha como eu não escolher ele... Ele é meu melhor amigo tem anos, eu só a conheci ano retrasado, era inevitável que tivéssemos um laço mais forte.

Esse encontro além de tudo era extremamente conveniente, uma vez que aconteceu aquele episódio esquisito lá em casa que eu senti vontade de beijar Rachel... era bom nos vermos, precisava mesmo de um par de orelhas familiares pra me ouvir. Conversei um pouco por mensagens com Noah na noite passada e resumimos nossos problemas: Algo tinha dado errado quando ele e Jessi fora transar, senti vontade de beijar Rachel e tudo começou a ficar confuso.

A mãe de Noah veio abrir a porta quando eu cheguei.

― Miranda, meu bem! ― Tia Marta era abriu um sorriso e me abraçou, tendo que se inclinar devido a sua altura absurda, era uma mulher negra e alta, com o cabelo pra trás em um lenço florido. ― Pode ir entrando! Seu cabelo cresceu, não foi, menina? Ficou ótimo.

Sorri, agradecendo. Noah veio correndo apareceu pela entrada do corredor.

― NOAH! Serve uns biscoitinhos pra ela depois, não vai deixar ela com fome não!

Ele revirou os olhos.

― Tá booom ― concordou, vindo na minha direção e segurando meu braço. ― Agora a gente vai pro quarto rapidinho, ok? A gente precisa terminar um trabalho antes de ir correr.

Noah começou a me puxar em direção ao corredor, mas parou subitamente quando ouviu uma risada.

― Miranda, quanto tempo! ― ouvi a voz do pai dele, me virei, ele se aproximou pra um abraço. ― Mal te vi por aqui desde que ele arranjou a namorada, essa tal de Gina.

― Jessi, pai ― corrigiu Noah, incomodado.

O homem fez um gesto no ar, despreocupado. Deu dois tapinhas no meu ombro.

― Mas bom te ver, viu? Fique à vontade ― sorri e assenti, o rapaz virou-se pra Noah, o bigode tomando quase o rosto todo quando ele sorria. ― Levando mais uma pro quarto, hein, filhão?!

Ele gargalhou e deu um soco no ombro de Noah, pude ver os ombros dele enrijecerem e ele franzir o cenho.

― Ela é minha amiga, pai, deixa disso ― reclamou, as mãos nos bolsos. ― E eu tenho namorada, você sabe bem disso.

― Relaxe, vou contar pra ela não! ― ele gargalhou de novo, se inclinando. A barriga negra aparecendo a medida que ele se inclinava e sua regata branca subia. ― Escute seu pai, eu já tive sua idade, sei como é. Mas só uma coisa... ― ele pegou o ombro de Noah e trouxe-o pra perto contra a vontade dele, sussurrou em seu ouvido alto demais: ― Tem camisinhas na gaveta, é importante usar, não esquece.

Tive que segurar um riso, mas pude ver que Noah não estava achando graça de nada daquilo. Ele assentiu com um sorriso falso pro pai e me puxou pro quarto, quando finalmente entramos, não consegui conter minha gargalhada.

― Porra! ― Noah reclamou, suspirando alto. ― Meu pai é o pior!!

Segurei a barriga e me joguei na cama dele, sem conseguir parar de rir.

― Ele é muito engraçado, cara! ― comentei, sem folego. ― Meu deus, ele realmente quer que você transe com todas as garotas que traz aqui?!

― É, você não viu nada. ― Noah sentou na cama, abriu a gaveta da cabeceira. ― Olha o que ele me deu de presente de pai pra filho!

Ele estendeu umas revistas pornôs antigas, engasguei de rir de novo.

― Meu deus!

― De vez em quando eu jogo um pouco de hidratante por cima delas, pra fingir que eu "usei" ― contou, me fazendo rir mais ainda.

Roteirista do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora