00. A morte é um recomeço.

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00. ❘ prólogo.

Naquela que deveria ser apenas outro jantar de família, ela, que desejava apenas voltar a fechar os olhos pesados de uma sonolência eterna, se assusta quando a voz de seu padrasto surge de repente

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Naquela que deveria ser apenas outro jantar de família, ela, que desejava apenas voltar a fechar os olhos pesados de uma sonolência eterna, se assusta quando a voz de seu padrasto surge de repente.

"Onde estava sua mente, Eva?"

Eva retrai a vontade de coçar os olhos, "Desculpe, eu me distraí."

Com um vestido branco que não foi de sua própria escolha, longos cabelos loiros presos em uma trança elaborada e olhos verdes encantadores herdados de sua mãe, Eva Asther carregava o habitual doce e insincero sorriso em seus lábios pintados de vermelho. Era assim que tinha que ser.

Embora não pudessem enxergar os machucados em sua pele, motivados pela estressante e constante ansiedade, ela sempre seria Eva, que por muito tempo se esforçou para ser a garota perfeita, e realmente foi, pelo menos para os olhos de outras pessoas. Porque para sua família — os únicos que realmente importavam, Evangeline ainda era uma criança defeituosa e problemática.

Instável, foi o que o psiquiatra disse. Incontrolável.

Eva foi uma criança estranha, disso todos sabiam. Vendo e ouvindo coisas que definitivamente não existiam — ou que ao menos, não deveriam existir; fizeram de sua infância um período tortuoso de sua vida. Há quem chamassem-a de louca, quando apenas tinha um toque de sobrenatural. Ouvindo os sussurros dos mortos e seus maus presságios. Mesmo que ela ainda não soubesse disso.

Estar presa em um ciclo vicioso e auto destrutívo lhe era muito comum; quase tão comum quanto a mistura de suas tintas à óleo sobre a tela branca, que preenchiam todos os espaços em brancos que nunca soubera como ocupar. A arte era o propósito de sua existência, era para aquilo que havia nascido.

A arte era sua voz quando ela já não sabia como se expressar, sendo constantemente silenciada. Ela pensou em como estava sempre pintando e pintando.

"E como estão indo as aulas?" Seu padrasto perguntou, mesmo que seu olhar ainda estivesse completamente centrado no teclado de seu celular, que digitava frenéticamente, em uma conversa com sabe-se lá quem.

"Está tudo bem" Ela disse suavemente. "Eu tirei nota máxima nas provas de exatas. Depois do almoço, estou fazendo artes como atividade extracurricular. O professor disse que..."

"Artes?" interrompeu ele, e somente então, desviou o olhar para a enteada, pela primeira vez em horas. Ele não parecia feliz, com uma sobrancelha erguida e nítida chateação nos olhos. "Falta quanto para você furar o rosto e se vestir feito uma prostituta? O que sua mãe pensaria?"

Eva olhou para o prato de salada de macarrão intocado, obedientemente inclinando a cabeça com a sériedade das palavras de Stephen. Ela quis dizer como aquilo não fazia sentido, e também como desejava o mínimo de apoio para realizar os planos que tanto sonhava. Mas não o fez. Ela nunca faria.

𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐎𝐅 𝐌𝐘 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒, Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora