Capítulo Um

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Eu sabia que seria um caminho sem volta. O que os olhos não vêem o coração não sente, não é? Mas isso não é suficiente para me deixar tranquila. Eu quero vê, eu quero ter a certeza se estou certa e nas melhores das hipóteses estou errada.

A verdade irá me decepcionar porém me deixará de certa forma aliviada. O risco dele descobrir existe, mas acredito que o hacker não se deixaria ser descoberto assim tão facilmente. Bem, por isso ele é um hacker.

— Você acha mesmo que precisa ir tão longe? Um hacker, S/N?! Isso não me parece muito confiável.

Lia se arrastava ao meu lado pelos corredores quase vazios do colégio, tentando de inúmeras formas me convencer de desistir da ideia. Ela sabe que quando coloco uma coisa na cabeça é difícil tirar. Eu não posso desistir na metade do caminho, depois de ter passado a noite anterior em claro pensando em mil coisas que esse garoto-hacker poderia querer de mim em troca do pequeno favor.

— É minha única alternativa, Lia. Eu já te contei a história quinhentas mil vezes, você melhor que ninguém sabe que eu tenho motivos pra chegar tão longe.

De certa forma eu entendo o medo dela. Estou indo pedir a um cara que no mínimo é bizarro, que faça algo ainda mais bizarro. Só Deus sabe o que ele irá exigir em troca.

— Eu tenho medo pôr você.

Ela segura em meu braço quando entramos na sala do 3°B. Por sorte a maioria dos alunos já foram embora e felizmente eu consegui encontrar a única pessoa que pode me ajudar no momento. Digamos que eu tenha agido de maneira bizarra na última semana, até mais que ele quando o vigiei para descobrir o horário em que ele sempre sai do colégio. Yuta sempre sai uns minutos depois dos outros, pois costuma fazer alguns favores para alguns alunos. Até mesmo o já vi de conversa com alguns professores depois do horário de saída. Não posso dizer com certeza sobre do que se tratava, mas por paranóia minha não acho que seja algo muito 'legal'.

— Oi… você é o Yuta não é?

Questiono se ele é mesmo quem eu estou procurando para não dar muito na cara que eu estava desesperadamente a procura dele.

— O que quer?

Seu tom beirava a rudez. O que combinava com a personalidade que criei dele em minha cabeça. O mullet , a tatuagem no pescoço e o crucifixo adornando o peitoral pecaminoso. Conclusão: Alguém que não aparenta ser nada fácil de agradar e convencer.

— Eu só… hm… eu gostaria de pedir um favor.

Eu estava, sobretudo, receosa dele achar os motivos de contatá-lo bobo e uma grande perda de tempo para ele. Agarro as mãos de Lia que estão geladas mais que as minhas. Ela realmente tem medo desse cara.

— O que te faz pensar que eu ajudaria?

A mochila voou por trás de suas costas, sendo pendurada em seu ombro direito.

— Bom… você é um hacker e-

— Shh, você tá louca? Fala baixo, não estamos sozinhos.

Ele me repreendeu fazendo gesto com a cabeça para o outro lado da sala. Ainda tinha dois alunos copiando algo do quadro que estava lotado de anotações.

— Me desculpe. Podemos conversar em outro lugar?

— Eu não faço mais esse tipo de favor. Procure outra pessoa.

Yuta começa a caminhar me deixando para trás. Não posso deixar que ele se vá sem antes tentar direito. Ao menos tem outra pessoa para pedir esse tipo de ajuda.

— Por favor, me ouça primeiro. Eu faço o que você quiser.

O desespero falou por mim e quando me dei conta já foi. O medo se infiltra em cada partícula do meu corpo me deixando estática quando ele parou ao me ouvir dizer "eu faço o que você quiser". Se ele me pedir algum absurdo como ir para cama com ele ou algo assim, eu desisto da ideia.

Apaixonados Pelo AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora