Apaixonados Pelo Acaso

Capítulo Dez

Como foi que ela viu ele?! Quando cheguei todas as lâmpadas estavam apagadas acabei por presumir que eles já estavam dormindo.

Agora ela sabe que eu estava mentindo e olhando a história por outro ângulo parece bem suspeito. Algo que eu tentei evitar e acabei piorando tudo.

— É, eu sei...

Não vou mais me fazer de sonsa porque seria ridículo continuar mentindo quando claramente ela o viu. Seria a mesma coisa que nadar contra a maré. Não faz sentido.

— Quer me falar sobre isso? Juro que não conto pro seu pai.

Papai seria o primeiro a não entender nada se eu tentasse explicar. Talvez, só talvez a mamãe consiga compreender um pouco a nossa situação; a nossa relação criada pelo acaso.

— É complicado... mas você pode ficar com apenas: nós somos uma espécie de amigos?

Ok, pode ser que esse título defina "amigos coloridos" e os lábios comprimidos da minha mãe que dizem muito que ela entendeu dessa forma também, me faz querer voltar atrás e corrigir.

— A gente não tem nada além de amizade, tá?! Caso você esteja pensando isso...

Ela se recostou ainda mais no banco do motorista. Quer dizer que seus ombros estavam tensos.

— E por que você mentiu? Quando eu vi ele pensei que você tinha mentido porque tava tendo um romancezinho com ele.

— Mãe!

Romancezinho?! Faz cinco dias que eu saí de um relacionamento humilhada, enganada, como eu teria cabeça para está de romancezinho com alguém? Yuta é muito bonito, mas eu não quero me envolver com ninguém por no mínimo três anos. Quando eu estiver na universidade, cercada de universitários maduros e lindos, aí sim eu vou poder pensar em homem. Até lá, eu prefiro não arriscar.

— Eu só não quis contar pra que vocês não pensassem dessa forma. A gente se envolveu numa situação e agora somos amigos pelas circunstâncias.

Não quero falar mais que isso ou eu vou ter que contar que ele é um hacker e que nos envolvemos em atividades ilegais invadindo o celular de Hayato. Também não quero contar que fui traída e pela Lia, mamãe gosta dela. Além da vergonha de ter que contar isso a ela.

— Situação? Circunstância? Pode explicar isso melhor...?

O desespero de ter que criar uma desculpa para tudo bateu e eu não sabia o que fazer além de olhar pela janela para saber se já estávamos perto do colégio. Para a minha sorte nós já estávamos chegando ao estacionamento do 'Elite' e eu poderia arranjar mais tempo caso ela voltasse a tocar nesse assunto.

— Tchau mãe, obrigada pela vitamina.

Abri a porta do veículo sem prestar atenção se vinha carro atrás ou na frente eu só corri o mais rápido que pude e fingi normalidade quando cheguei na portaria.

Meu nome ainda estava na boca do povo, dá para perceber pela maneira "sútil" deles me encararem a cada passo que eu dou nesse corredor longo. Alguma fofoca precisa vazar nesse lugar para que eu morra para eles. Não importa se eu não for mais popular, prefiro ser invisível de novo do que me sentir uma fracassada com todos me julgando sempre que eu piso os pés em alguma parte dessa merda, tirando o terraço. Aquele lugar já me salvou e vai me salvar muito de situações desagradáveis. Espero que ninguém tire isso de mim.

O meu horário é tenebroso:

Matemática

Matemática

Biologia

Intervalo (aleluia)

História