Capítulo Vinte e Cinco

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O seu pedido é confuso. Horas atrás ele mal estava olhando na minha cara e agora quer conversar comigo sobre nós. Mas não vejo nada me impedindo de aceitar. 

— Onde podemos conversar? — Estendo minha mão acima das minhas sobrancelhas tentando olhar mais facilmente por conta do sol. 

— No meu carro. Não tem nenhuma praça perto daqui. 

Yuta andou na minha frente até o seu veículo estacionado no estacionamento em frente ao colégio. 

Com o mesmo costume que eu fazia durante a nossa estadia na praia, eu mesma abri a porta do banco do carona e me acomodei depois dele. Já sentados ele ligou o ar-condicionado e o calor quase que imediatamente evaporou. É bem melhor conversar em lugares assim do que no meio da rua, com barulhos alheios. 

— Pensei que não quisesse mais falar comigo… pela forma como me tratou no refeitório. — Cruzei as minhas pernas as deixando perto da marcha, encarando Yuta. Esperando ansiosamente por uma explicação.

— Depois de ver você e o seu ex se beijando no corredor, eu tinha motivo para agir daquela forma.  

Eu estava prestes a fazer uma observação enorme para informar que na verdade foi um beijo forçado, porém ele não deixou brecha para que eu iniciasse a explicação e tomou o lugar de fala continuando.

— Mas daí eu lembrei que já aconteceu algo parecido antes e eu achei que você merecia se explicar. 

— Céus… aquele idiota veio com uma conversa estúpida de voltar comigo e quando eu falei que não gostava mais dele, ele me beijou. Foi algo forçado, você deveria ter perguntado antes de ter me feito sentir mal com a sua frieza. 

Eu estava aturdida com a sua atitude, entretanto imagino que deva ter sido desconfortável para ele me ver beijando o Hayato, aliás o Hayato me beijando. Se caso ele goste de verdade de mim.

— Eu sei, é por isso que estamos aqui. Eu pensei bem e percebi que não te deixei nem saber o motivo de eu estar chateado. — disse ele com uma voz séria, sincera.

— Enfim, não vamos falar mais sobre isso… o que você queria conversar comigo? 

Tenho uma certa noção do que seja, mas quero que ele comece. 

— Sobre os nossos sentimentos, acredito que o tempo que passamos sem nos falar te disse alguma coisa. 

— De certa forma. Eu sei o que sinto, eu só não sei se o que você sente por mim é real ou não e talvez nem você saiba e tudo bem é normal se sentir confuso eu…

Ele me interrompeu parecendo aborrecido. Eu comecei a falar pelos cotovelos por está nervosa, da última vez que eu tive uma conversa como essa todos sabem a maneira como terminou. Eu tenho muito medo de passar pela mesma experiência dolorosa e amarga novamente. Eu não conseguiria me recuperar dessa vez.

— Você não pode dizer como eu me sinto, S/n. Eu sou o único que pode. E eu sei que gosto de você. Mas parece que você não está pronta pra isso. 

Seus olhos e seu tom de voz exaltava decepção. Eu não queria decepcioná-lo, não queria fazer pouco caso dos seus sentimentos, mas é difícil para mim acreditar, eu tenho razões para pensar desse jeito, para desconfiar de todo mundo. 

— Eu passei por situações horríveis onde eu confiei tanto que aquilo me afundou. Um cara me chamou pra sair antes mesmo de eu ser essa garota bonita que você está vendo agora, e ele me deixou plantada numa sorveteria porque eu confiei. Você sabe o que rolou com o Hayato e em parte a culpa é minha por ter confiado cegamente nele, achando que os sentimentos que sempre jurou sentir por mim eram verdadeiros. Eles me conquistaram com palavras vazias e por isso eu tenho medo de me deixar levar novamente e receber uma punhalada nas costas. 

Apaixonados Pelo AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora