Capítulo Dezesseis

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Enquanto as compras não chegavam, eu pedi ao Yuta para ele colocar a senha do wi-fi em meu celular com a desculpa de que eu iria informar aos meus pais que havia chegado bem. Não que eu precisasse de uma desculpa, ele não iria negar a senha do wi-fi, porém eu estava tão nervosa em esconder o fato de que mal sei fritar um ovo, que me enrolei e disse mais do que deveria.

As inúmeras receitas da internet me davam uma base do que eu deveria aprender. Pesquisei de tudo um pouco: como cozinhar macarrão, tteokbokki, dol sot bi bim bap, entre outras comidas favoritas minhas. Eu não devia ter recusado todas as vezes que a minha mãe me chamou para assisti-la cozinhar. Agora eu não consigo nem me virar sozinha e tentar não dá mais motivos para Yuta sempre que puder me chamar de patricinha, sendo que eu não sou... tenho traços mas não sou.

Enquanto eu me perdia na culinária, Yuta se enfiou no quarto dele e algo me diz que tem haver com todas as coisas naquela mala. Espero que ele não me troque pelo seu computador e eu me sinta sozinha nessa casa enorme. Não teria graça nenhuma estar aqui com ele e não sentir a sua presença. Nem que seja brigando e fazendo as pazes mais tarde.

A campainha soou alta e tenho quase certeza que são as compras. Ele não deve ter falado a ninguém que estamos aqui.

Ao levantar do sofá, vejo Yuta descendo e nós dois fomos juntos atender a porta.

Um carro de serviço de entrega com algumas imagens ilustrativas de compras de alimentos, estava estacionado um pouco distante da casa e o motorista estava voltando com mais sacolas. Quando ele tocou a campainha, já havia deixado algumas, as quais eu ajudei a levar até a cozinha.

Quanto mais levávamos as compras para dentro, mais tinha. Chegou uma hora que eu pensei que não acabaria nunca. Ele fez compras de um mês inteiro, tem muitas coisas aqui que vai desperdiçar pois nenhum de nós sabe cozinhar. Apesar de que, a grande maioria dos alimentos são bobagens, comidas rápidas de microondas e salgados de saquinho. Passar fome porque nenhum de nós é capacitado para cozinhar, não vamos.

— Você comprou coisa demais, louco — digo com as mãos na cintura olhando para a bagunça de sacolas, sem saber por onde eu deveria começar.

— É melhor sobrar do que faltar e se depender de mim não vai sobrar nada.

Ele abriu as duas portas da geladeira para guardar os frios. Tinha desde pizza congelada até carne pré-cozida.

Quando vi almôndegas congeladas eu pensei em uma receita. No colégio eles quase sempre davam espaguete de almôndega nas sextas-feiras, eu não comia sempre que tinha para manter o meu peso, porém era uma delícia. Eu só espero que o Yuta não esteja enjoado.

O armário ficou quase todo preenchido com as compras e a geladeira também. A fruteira estava bonita com algumas maçãs e bananas. Ao fim nós fizemos um bom trabalho.

— O que cê vai fazer pra gente comer?

Percebendo que eu estava perdida olhando para as panelas penduradas no rack aéreo, ele se aproximou de mim com curiosidade. A sua presença do meu lado me encarando com julgamento, me deixava nervosa e as panelas que eu estava achando de bom tamanho para cozinhar, se misturaram com as outras e eu não lembro mais as quais eu tinha escolhido.

— Eu não consigo me concentrar com você aqui, pode esperar na sala?

Pego uma fritadeira para mostrar que eu sei o que estou fazendo, mas com ele do meu lado eu não vou conseguir fazer nada. Já me deu uma curta amnésia só dele chegar perto e perguntar o que eu irei fazer, imagina se ele ficar dando pitaco em tudo que eu fizer? Irei errar tudo. Depois de hoje aprendi que não gosto de cozinhar sob pressão.

Apaixonados Pelo AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora