Lancei gelo para que a pressão evitasse que eu batesse completamente no chão. Rolei um pouco pela paisagem enlameada, mas me levantei em seguida limpando a boca. Manquei alguns passos e meu pé afundou na lama. Eu estava cansada demais, usei muita força contra o Marshmellow de fogo, além de ter passado parte de minhas energias para Jack. Por isso, caída no chão, gritei:
— Jack!
Eu não estava vendo-o em lugar nenhum por perto. Tínhamos agido muito bem juntos, duvidava que sobreviveríamos sozinhos naquele lugar que sugava nossos poderes aos poucos. Eu só não entendia como Jack estava pior, ele era imortal, não eu. A dependência dele de um cajado era maior do que eu pensava. Gostaria que tivesse sido assim comigo, ter meus poderes diretamente ligados a um objeto. Assim eu nunca precisaria ter me afastado de Anna.
Gritei por Jack mais uma vez e decidi correr para longe de onde o gelo explodiu o monstro. Em mais três passos eu afundei completamente na lama, como se tivesse pisado em um buraco.
Meu corpo desceu por uma reta gosmenta até que de alguma forma caí na água. Ao meu redor o cenário era azul escuro, exceto pela lama que se soltava de minhas roupas e me lavava aos poucos. Eu precisava encontrar a saída rápido, havia apenas um ponto de luz ali.
Foi quando vi um corpo boiando. Nadei até lá, agarrei Jack e nos impulsionei até a luz. Mas era uma crosta de gelo fechada, porém fina. A perfurei com uma estaca finalmente podendo respirar. Saí da água puxando Jack. Estávamos em uma caverna úmida, iluminada por algumas rachaduras.
Tentei fazer Jack acordar, mas de repente uma espuma começou a sair de seus lábios. Chacoalhei seu corpo até que a espuma se espalhou e sua pele toda se transformou em pura espuma branca.
— Não, não! Jack! – só o que restou dele foi o som das pequenas bolhas estourando e escorrendo até a rachadura no gelo pela qual saí.
Me afastei daquilo de olhos arregalados. Aquilo não era Jack. Foi uma alucinação. Mesmo assim, comecei a chorar sem saber no que devia acreditar. Comecei a andar para mais adentro da caverna, vaguei sem rumo por muito tempo, com fome e dor nos pés descalços. Nem me lembrava em qual momento tinha perdido os sapatos.
Ouvi um barulho na próxima esquina e me posicionei em defesa pronta para lançar rajadas fracas de gelo. Mas na extremidade, vi um belo rapaz de cabelos brancos, abatido, mas belo.
— Elsa?! – ele correu em minha direção. Eu fiquei com medo de estar imaginando-o de novo e apenas fiquei parada no lugar, chorando em silêncio.
— Jack...? – tive coragem de dizer quando senti seu abraço me rodeando com carinho. – É você mesmo?
— Claro que sou eu. Você está bem? Se machucou?
Apertei seu corpo, ele também tinha se livrado da lama.
— Você está bem? Se machucou? – repeti as mesmas perguntas dele. Ele deu um risinho cansado.
— Nós conseguimos.
— Sinto que posso descansar agora.
Nós dois desmontamos no chão, mas continuamos juntos, abraçados. Minha mão estava sendo envolvida pela de Jack, mas virei o dorso e toquei sua palma com meu dedo. O ato me despertou lembranças.
— Jack?
— O que? – ele encostou a cabeça na minha que estava sobre seu ombro.
— Você já congelou uma pessoa?
— Porque eu faria isso com alguém?
— Não de propósito... Quando eu era criança, eu estava brincando com minha irmã e acertei minha magia na cabeça dela. Passei grande parte da minha vida usando luvas, porque depois desse dia fiquei com medo de atingir as pessoas ao meu redor, comecei a perder o controle facilmente. Cada vez mais eu me isolava e retinha meus poderes. Depois, quando nos tornamos adultas... eu a atingi no coração durante uma discussão que tivemos quando fugi de Arendelle. Ela se foi por um momento, por culpa minha... isso me aterroriza até hoje. Eu a machuquei duas vezes.
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A Rainha e o Guardião
FanfictionElsa de Frozen e Jack Frost de A Origem dos Guardiões se encontram em uma nova aventura congelante, eles são pegos por uma maldição que dura por dias, trazendo conflitos e fraquezas. Eles só querem voltar para casa, mas de acordo com um destino, aca...