Capítulo 13 - Elsa (revisado)

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A nevasca rodopiava fortemente em volta do perímetro em que estávamos, se transformando em tornado. O fogo da rainha invernosa se apagou e as raízes das árvores começaram a se desgrudar do chão. Eu ainda podia ouvir algumas vozes falando comigo, sabia que aquilo tinha sido um feitiço dela para me confundir e me afastar para deixar Jack vulnerável. Mas eu era mais forte que isso, não a deixaria controlar nossas vidas apenas porque se achava nossa mãe. Ela nos usou todo aquele tempo para seu benefício, depois de tudo o que passei no covil das fadas, não podia desistir logo ali. Até poderia ser a rainha do inverno, mas eu era do gelo. E desejava sua morte.

Gritei fazendo toda a neve avançar sobre a rainha boquiaberta. Ela conseguiu se desviar de alguns destroços de gelo e troncos, mas seus poderes não estavam sendo rápido o bastante. Tentei procurar por Jack enquanto, ela lutava contra minha tempestade, não o estava vendo, devia estar soterrado em algum lugar, eu tinha que ser rápida e acabar com a rainha de uma vez para achá-lo, ansiosa por vê-lo vivo. Eu ganharia tempo se a ocupasse de outra forma. Reuni minhas forças e tentei criar um monstro como Marshmallow que pudesse combatê-la. Tudo o que ouvi foi um pop ao meu lado. Um bonequinho de neve de quarenta centímetros me deu oi e saiu cambaleando até a rainha, mas então se desmanchou em neve ao chegar perto demais dos ventos. Grunhi.

Talvez tivesse que fazer isso com minhas próprias mãos. Não conseguiria criar uma semi vida forte enquanto sustentasse a tempestade. Respirei fundo e invoquei uma espada de gelo e só para detalhar deixei o símbolo de Arendelle em seu cabo.

Abri caminho entre o vendaval e caminhei até a rainha, meus cabelos e meu vestido esfarrapado se esvoaçando. A rainha endureceu o olhar ao perceber minha presença próxima, não me deixei intimidar e segurei a espada firmemente até que os nós de meus dedos estivessem brancos. Ela começou a arremessar coisas em mim e de repente senti que perdera o controle da tempestade e o mundo parou. Toda a neve levantada e as árvores quebradas agora estavam em câmera lenta. A rainha recuperou a pose e colocou as mãos na cintura. Então sorriu.

— Chega de brincar, Elsa. Você deve seu respeito a mim, sua ingrata. Se não fosse por mim, você ainda estaria apodrecendo naquele lugar.

— Foi Jack quem me tirou de lá. - retruquei.

— E quem foi que ajudou, sua criatura das neves? - ela fez uma espada igual a minha. Íamos duelar.

Claro que princesas também recebem seu próprio treinamento para necessidade de autodefesa, mas havia anos que não segurava em uma arma. Duvidei que tivesse chances, mas não me renderia sem tentar, eu precisava viver. Me prontifiquei. Então a rainha começou a seguir em minha direção e soltou a tempestade sobre nós.

Sua espada tentou me acertar, mas desviei o golpe lindamente apesar da resistência do ar estar redobrada por conta dos ventos estarem contra mim agora

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Sua espada tentou me acertar, mas desviei o golpe lindamente apesar da resistência do ar estar redobrada por conta dos ventos estarem contra mim agora. Eu não estava conseguindo atacá-la e só tinha tempo para fazer minha defesa. Tentei atacar mais uma vez, mas minha desvantagem fez com que meu movimento fosse lento demais. Ela acertou minha coxa e a perfurou, porém ao mesmo tempo meu golpe lento foi bem produzido. Pobre rainha, confiava demais em seus poderes. A espada caiu de sua mão, ou melhor sua mão caiu da espada e rolou pela neve. A rainha gritou segurando seu braço mutilado, seu sangue prateado jorrava enquanto o meu vermelho, descia pela minha perna esquerda. Avancei para ela e enfiei a espada em seu peito. Ela caiu trincando os dentes.

— Acha que sou eu sua verdadeira inimiga? As fadas vão acabar com você sem minha ajuda! - empurrei a espada com mais força. - Eu sou imortal, querida Elsa. Vai ter que fazer melhor que isso para se livrar de mim.

— Que sorte a minha, pois eu sei como pulverizar um deus.

Coloquei a mão em seu peito e a congelei de dentro para fora e repeti isso infinitas vezes até que seu corpo divino não aguentasse. Ela tentou lutar, mas é com as mãos que canalizamos nossa magia e no momento ela tinha apenas uma. Quando percebi que ela estava ofegante e perdendo as forças a congelei inteira, retirei a espada e me afastei. Então fiz todo seu corpo explodir em neve e luz. Sua alma se dissolveu com a última corrente de ar que passava por ali após a tempestade acabar. Demoraria anos ou talvez séculos para que seu corpo se regenerasse. Esperava que ela se mantivesse desacordada.

Ofeguei. O silêncio dominava e tudo em volta estava destruído.

— Jack... - minha voz estava rouca, mas gritei por ele mesmo assim.

Usando meus poderes comecei a levantar a neve. Não conseguia encontrá-lo, não me lembrava onde estávamos antes. Também não conseguia andar muito sem uma dor latejante se espalhar por minha perna inteira.

— Jack! - berrei a beira das lágrimas. Estava exausta, meu corpo se desmontou no chão. - Preciso de você... - murmurei com a bochecha contra a neve. Não tinha ideia do que fazer, odiava esperar o mundo se ajustar e seguir em frente.

Vi uma movimentação adiante. Me sentei esperançosa, mas era apenas meu bonequinho de neve inútil. Uma pena ele não ser tagarela como Olaf, iria me distrair. O pequeno ser de neve veio até mim e tocou minha mão. Ele não tinha boca, apenas dois furos que representavam os olhos. Lhe desenhei um sorriso, mas ele se afastou irritado e achatou o gelo em seu queixo novamente batendo a cabeça no chão. Ele saiu andando e o segui mancando até a alguns metros dali. Ele se sentou com força fazendo com que seu corpinho todo se desmanchasse. O revivi e o tirei do caminho para começar a cavar e não parei até encontrar um rosto.

A Rainha e o GuardiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora