Motivo 23: É perfeitamente imperfeito

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PARK SUNGHOON


"Motivo 23: É perfeitamente imperfeito."


Perfeição.

Sempre ouvi isso de muitos. Na verdade de todos. Eu não deveria ser ótimo, deveria ser perfeito.

Quanto vale a perfeição? Quanto vale ser  inteiramente perfeito?

Tudo de mim.

Eu dei tudo de mim nesses últimos cinco dias. Treinei por longas horas, não fui a escola em nem um dia se quer. Vivi na pista de patinação à procura da perfeição.

Não vi meus amigos. Não vi minha família. Não falei com meu novo amigo. Não troquei palavras com ninguém, praticamente.

Meu celular fora esquecido numa gaveta de casa, totalmente inutilizado.

Próximo patinador, representando a academia West: Park Sunghoon!

Ao que meu nome foi anunciado, me senti extasiado mais uma vez pela quantidade de pessoas que gritaram. Eu podia estar como for, a multidão sempre me animava.

E eu nem percebi quando me movimentei com graciosidade e leveza. Eu pensei em meus amigos que estavam na platéia. Me apresentei por eles.

Fui Park Sunghoon. 

Fui perfeitamente imperfeito e ganhei o segundo lugar.

Embora isso tenha gerado um silêncio na minha mãe, não me importei e apenas fui para casa descansar. Mas nem sempre as coisas aconteciam como eu queria.

— Park Sunghoon! Eu quero que você me responda, o que foi aquilo? – Minha mãe diz entrando no meu quarto sem nem mesmo bater.

— Como assim?

— Você treinou durante esse tempo todo apenas para ganhar a merda do segundo lugar? Do que adianta? Para que você serve se não é pra trazer o prêmio para casa? – Ela despejou aquelas atrocidades com nojo.

Nojo de mim.

— Mas, mãe...

— Sem essa! Você deveria ganhar em primeiro lugar! Você deveria ser perfeito! – Ela diz e faz uma pausa apenas para rir com deboche. – Mas se nem para ser um ótimo filho e trazer uma namorada para casa você serve, quem dirá trazer o troféu do primeiro lugar?

Meus olhos se rendiam aos poucos as lágrimas. Se rendiam as palavras e entravam em minha mente com lentidão, mas ao mesmo tempo com rapidez. Minha respiração estava desregulada e meus dedos já tratavam de traçar a palma da minha mão e fincar as unhas na pele.

Eu tinha feito tudo errado. Não estava tudo bem ser perfeitamente imperfeito.   Eu não podia ser.

Minha mãe saiu do quarto rapidamente, foi quando eu pude me render ao choro incontrolável e ao tremor que tomava conta da minha alma. Sabia que era mais uma crise de ansiedade, mas não tinha ninguém para me ajudar naquele momento e tudo o que eu conseguia era ficar sem mais ar.

Eu tenho tantas vozes na minha cabeça, mas nenhuma é minha.

E eu tenho medo de ficar louco.

— Hoon? – Yeji chama com a voz baixa.

Delicadamente ela percebe o meu estado e me abraça.

— Se acalma, Hoon. Olha pra mim! – Ela diz e eu obedeço, mas ver a minha irmã mais nova ali só partiu mais ainda o meu coração, porque eu via o quanto ela me amava. Estava escrito em seus olhos e eu não podia suportar.

Com calma ela me fez abrir as mãos e acariciou minha palma.

— Vamos contar? – Ela pergunta e eu assinto. – Inspira... quatro, três, dois, um. Expira... cinco, quatro, três, dois, um.

Foi com a ajuda de Yeji que me acalmei e serenamente adormeci, ainda com vozes na cabeça que pareciam que não cessariam nunca mais. Mas eu esperava, de verdade, que uma dessas vozes se tornasse a de minha irmã. Para que em crises assim, eu pudesse me lembrar dela e pudesse me acalmar.




Essa cena final não tava na primeira versão, mas eu queria investir na relação de irmãos do Sunghoon e da Yeji, então, está aqui!

(Olhem o meu quadro de mensagens, por favor, preciso da opinião de vocês lá).


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