07 | Problemas em casa

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Larissa

Fiquei pensando na volta de casa, aonde eu me meti!
Com certeza essa história de namorada de mentira vai ser um caos, como tudo na minha vida!
Assim que chego em casa, meu pai já estava bebado.
Novidade!
Ele estava deitado já delirando, enquanto as garrafas estavam todas jogadas no chão, eram mais de 10, sem contar com as espalhadas pela casa.
Respiro fundo, e logo começo a juntas as garrafas, colocando elas no saco de lixo, junto com outras que estavam em cima da pia, que por sinal estava cheia de restos de comida, tinha que limpar isso com urgência.
Até de repente meu pai aparecer na porta da cozinha resmungando algo.

— Vai tomar banho pai! — Digo respirando fundo, Até ele jogar uma garrafa na minha direção, eu abaixo fazendo ela bater no armário e se despedaçar no chão. — Pai ! O que você está fazendo!? — Digo me levantando assustada.

— SUA MÃE TÁ ME TRAINDO! — Ele diz com a voz arrastada, ele estava totalmente bebado, mas não podia dizer que ele estava mentindo, porque era verdade, respirei fundo, tentando me aproximar para colocar ele no banheiro de baixo da água gelada. — SUA IDIOTA PORQUE VOCÊ TÁ ME TRAINDO! — Ele diz pegando no meu pescoço, me deixando surpresa e sem ar! Ele estava me confundindo com a minha mãe.

— Pai...sou...eu — Digo com dificuldade, e o mesmo me solta, e me empurrando no chão cheio de cacos de vidro.

— Escuta aqui! Se alguém souber disso! Eu acabo com você! — Ele diz segurando meu rosto com força— Não quero ser zuado no bar, por ser corno! — Ele diz me soltando e logo saindo da cozinha cambaleando.

E sem conter minhas lágrimas caem, vejo que tenho alguns corte, no braço e na perna, bem aonde eu caí no vídro.
Me levanto tentando ser forte e arrumar as coisas, ajeitei a casa  em inteira, e limpei os machucados, tomei um banho e me deitei.
As lágrimas caiam desesperadamente, a cada lembrança que tenho nessa casa. Maldito dia que eu nasci! Se minha mãe tivesse me abortado nada disso estaria acontecendo! Eu não estaria sofrendo tudo que sofro hoje!
Respiro fundo frequentemente, tentando controlar minha respiração, uma droga de crise de ansiedade.
Após ficar quase a noite inteira em claro eu consegui dormir.
Acordei umas 7:00 horas, era costume já que estudei minha vida inteira de manhã, já não consigo acorda mais tarde que isso! E é um saco!
Pego meu celular e vejo que tem uma mensagem do Matheus, eu desbloqueei ele ontem a noite, e ele já estava enchendo meu saco.

Bom dia Marrentinha! Na realidade nem sei que horas vai ver essa mensagem! Mas enfim! Amanhã na praça as 10:00! Leve seu acordo! ;)

Vejo sua mensagem, lembrando que havia me esquecido desse negócio todo com o Matheus!
Ah lá fui eu me meter em mais problemas!
Pelo menos vou ganhar um dinheirinho e pagar as dívidas do meu pai, para se assim aqueles caras parem de vir atrás de mim!
Desço as escadas e vou ir preparar meu café, mas sou surpreendida ao ver meu pai, fazendo o café da manhã, ele para e me olha com um olhar triste.

— Bom dia Larinha! — Ele diz usando o apelido de quando eu era pequena, eu apenas me sento quieta na mesa e ele respira fundo — Olha...me desculpa por ontem! Perdi a cabeça e confundir você com a Maiara... — Ele se aproxima me fazendo recuar com medo — Fique tranquila querida, não vou mais te bater, pelo menos não enquanto você não me der motivos...Então trate de ficar com a boca calada, e não comentar sobre ontem pra ninguém tá ouvindo? — Ele me ameaça e eu apenas concordo com a cabeça já deixando algumas lágrimas caírem — Boa garota! Você sempre foi uma boa menina! — Ele diz deixando o café sobre a mesa na minha frente e depois indo embora.

Perdi a fome, e mais uma vez à vontade de viver

Em seguida, fui me arrumar para encontrar o Matheus, era cedo ainda, tinha acabado de dar 8:00 horas, mas eu queria sair de casa o mais rápido possível!
Coloquei um short, uma regata bem soltinha, uma sapatilha e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, estávamos entrando no verão! Ou seja estava fazendo muito calor, em plena manhã.
Cheguei na praça e me sentei na sombra e comecei a escrever meu acordo, pensei bastante para deixa tudo o máximo possível a meu favor!
Assim que terminei, perguntei para alguns idosos se queriam que eu passeasse pelo parque com o cachorrinho deles, e no final eles me pagaram 50 reais!
Já estava quase dando o horário, me sentei no balanço, e começei a me balançar, cada vez mais alto, desejando com todas minhas forças que esse balanço me levasse para o céu e nunca mais me trouxesse de volta.
Até eu ouvir uma voz.

— Eai Marrentinha! Você é bem pontual — Matheus diz me fazendo parar o balanço aos poucos.

— Eu estou aqui desde as 8h! — Digo e ele me olha surpresa.

— Pontual até demais! — Ele diz rindo — Mais assim...eu avisei que o horário era as 10h! — Ele diz se sentando no outro balanço. — Veio mais cedo porque quis! — Ele diz com um leve sorriso.

— Foi porque eu quis — Respirei fundo — Gosto de ficar aqui durante a manhã! — Não era bem uma mentira! Só ocultei alguns fatos!

— Você tá bem Marrentinha? Parece estar meio cansadas, com algumas olheiras! — Ele diz me encarando e aproximando seu rosto de mim, me fazendo recuar para trás.

— É cego? Precisa chegar tão perto assim!? — Digo e o mesmo se afasta sem graça! E mais uma vez acabo descontando as minhas frustrações nas pessoas! — Apenas não dormir bem de noite...Obrigada pela preocupação. — Digo dando um leve sorriso para o mesmo que concorda de leve com a cabeça.

— O que são essas manchas no seu pescoço? — Ele pergunta encarando, mas que muleque enxerido!

— E desde quando isso é da sua conta! Quer falar da minha aparência, agora do meu pescoço! — Digo estressada.

— Foi mal Lari! Apenas fiquei preocupado! Aliás essas manchas parecem de aperto...Tem alguém te machucando? — Ele pergunta com uma preocupação no olhar.

Droga! Respira fundo Larissa, mantenha a postura e não demonstra, aliás ele não pode ouvir seu coração acelerado, nem seus pensamentos conturbados!

— Não Matheus não estou...— Isso saiu rasgando tudo dentro de mim. — Apenas acabei coçando e como sou muito branca ficou vermelho. — Digo vendo ele suavizar o olhar, mas no fundo ele não parecia ter se convencido.

— Sem mentiras! Sinceridade é tudo em um relacionamento...mesmo que ele seja de mentira! — Ele diz se levantando do balanço, me fazendo levantar também.

— Eu não sou obrigada a contar tudo da minha vida pra você não querido! — Digo encarando ele, que me encara de volta, como se quisesse saber todos meus segredos...isso me incomodava...aliás eu tinha medo de acabar contando para ele.

A namorada (de mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora