10 | Cobranças...

164 7 0
                                    


— Achei que você não iria voltar, já tinha até avisado a professora de português — Henrique diz, enquanto caminhavámos pelos corredores quase vazios da escola.

— É, mas sei lá, não queria ficar atoa na rua hoje...— Digo olhando para o mesmo com um leve sorriso.

— Bom, que tal hoje a gente marcar de ir naquela lanchonete top que tem perto da sua casa? Aí eu vou com você, e tu deixa apenas a mochila na sua casa! — Ele diz animado me fazendo rir. — Aproveita que eu estou de bom humor, porque eu vou pagar tudo dessa...— Eu estava atenta ao meu melhor amigo, quando minha visão se foca em outra pessoa atrás do meu colega.

O homem, que estava lá trás, caminha lentamente pela rua, ele viria até aqui.

— É...não vai dar Henrique..— Digo olhando apressado para ele, que faz uma cara indignada ao ver que eu o interrompi.

— O que? Você nunca nega comida! — Ele diz desconfiado. — Tá vendo! Aí depois você fala, "ah tu não paga nada pra mim", quando eu tô de bom humor você não colabora! — Ele diz estressado, enquanto o homem ainda se aproximava, só que dessa vez mais próximo.

— É, a gente marca isso amanhã Tá? Eu vou indo! — Digo as pressas — Tchau migo!

Digo e saio, logo passo pelo o homem que para e me segue.
Caminho até um lugar mais longe da escola, e o mesmo continua me seguindo.
Até pararmos.

— Por favor, não apareça assim perto da escola ou de um conhecido...— Digo nervosa para o homem minha frente.

— Eu quero saber do dinheiro! Ele me disse que hoje, essa merda estaria na minha mão! — O homem diz um pouco alterado.

— Calma, eu tenho apenas a metade. — Digo pegando o dinheiro na mochila, que estava guardado em um envelope.

— Eu não quero a metade! Eu quero o dinheiro agora! — Ele diz se aproximando, me fazendo recuar por segurança.

— Por favor, eu estou dando o meu máximo, já devo estar trabalhando em todos os mercados desse bairro! — Digo cansada.

— Então comece a procurar nos outros bairros! Vou te dar apenas essa semana! Se não você já sabe! — O homem chega bem próximo de mim.

— Amor! Está tudo bem? — Escuto uma voz conhecida. — Eii! Cara, que você tá fazendo? — Matheus diz afastando o homem, que o encara.

— Esta trabalhando muito hein, tem até tempo para namorar! — O homem diz sarcástico. — Quero o dinheiro, esse sábado! Sem falta! — O homem diz se retirando.

Solto o ar que eu nem sabia que estava segurando.
O que esse garoto estava fazendo aqui!?

— Caraca Marrentinha, eu não sabia que cê era tão vida loja assim! Até drogas você usa! — Ele diz indignado.

— O que!!? — Falo olhando para o mesmo — Eu não uso Drogas Matheus! — Digo dando tapa no braço do mesmo.

— Tá, então você vende? — Ele pergunta.

— Cara? Qual é o seu problema? Eu não uso e muito menos vendo drogas! — Digo estressada, voltando ao meu caminho para casa.

— Foi mal aí! Então porque aquele cara tava te cobrando? — Ele pergunta, enquanto caminhava, me fazendo parar com as mãos na cintura e encarar ele.

— E como é que você sabe disso!? — Pergunto para ele — Você estava me SEGUINDO Matheus? — Pergunta incrédula para ele, que solta um sorrisinho sem graça.

— Bom...eu pensei assim: "Como eu e a Marrentinha somos vizinhos e estamos com toda essa coisa de "namorados", poderíamos voltar juntos para casa, fazendo companhia um para outro e aproveitando para deixa a nossa relação o mais verdadeira possível!"
E foi aí, que eu vim atrás de você, e vi aquele cara estranho de seguindo e literalmente te ameaçando se não fosse pagar o tal dinheiro! — Ele fala tudo, me fazendo encara ele indignada.

— Meus deus! — Eu digo passando a mão pelo meu rosto, tentando manter a calma.

— Aquele cara parecia ser perigoso...— Matheus diz me olhando preocupado. — Olha Larissa, sei que não somos muito próximos mas... Se estiver precisando de ajuda ou...

— Eu NÃO preciso de Ajuda Matheus! Sei muito bem me virar sozinha! — Digo estressada voltando a andar.

— Tudo bem! Mas você ainda não vai se livrar de mim! Agora vamos juntos para casa! — Ele diz me abraçando de lado, enquanto andamos.

— O que eu fiz para merecer tudo isso senhor!? — Digo olhando para céu enquanto caminhava.

— Minha presença é tão ruim assim? — Ele pergunta rindo.

— Sim, é muito ruim! É tipo super ruim! — Digo para ele que ri, não parece estar ligando muito para o fato de eu estar dizendo que não gosto da presença dele comigo.

— E porque? — Ele pergunta.

— Você é um mauricinho mimado, só pensa em festa e baladas, se acha, é irritante, é mais uns diversos adjetivos ruins que eu poderia citar! — Digo olhando para ele.

— E você, è uma grossa que só pensa em si mesma! E ama falar do defeito das pessoas e não olha para o seus! — Ele diz sério enquanto caminhava.

Fiquei em silêncio, ele não estava errado, mas também não estava certo.
Pensando bem, eu deveria começar a pensar mais em mim mesma, fico matando por pessoas, que não faria o mesmo por mim.

— É ruim né? Ter que ouvir isso? — Ele pergunta.

— Já estou acostumada Matheus! Já estou acostumada! É sempre assim, as pessoas julgam pelo o que vê, mas ninguém quer conhecer de verdade. — Digo seria.

— Você faz o mesmo! Se pensa assim, então porque do mesmo jeito fala!? — Ele pergunta um pouco estressado.

— Você falou aquelas coisas de mim para se defender da ofensa que eu falei para você!
E eu não "ofendo" ou como gosto de dizer, falo umas boas verdades para as pessoas, sem que elas tenha tentado me humilhar, ou me rebaixar! — Digo e ele fica calado.

Ficamos em silêncio durante o resto da caminho, e eu até aproveitei isso, mas era estranho ver o Maurícinho quieto, sem fazer gracinhas.
Ele estava sério, com a cara fechada, isso era estranho, ele não costuma ser assim.
Ele é realmente chato e essas coisas, mas cê tem algo que eu admiro no Matheus é que ele independente da situação sempre está sorrindo.
Uns tempos atrás, saiu um rumor, verdadeiro por sinal! E a fonte foi Henrique Maria Fifi, que os pais deles queriam se separar, e mesmo assim, ele sempre estava por aí com um sorriso no rosto, e quando perguntavam para ele se ele estava bem, ele respondia:

Ah vou indo!

Com um leve sorriso no rosto.
E eu admirava isso, sorrir em tempos difíceis.

A namorada (de mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora