03 | Ela estava chorando...

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Matheus

Depois desse episódio engraçado da Viviane e Larissa, eu me retirei do segundo pátio, eu iria comprar umas balinhas de menta já que no final da aula eu iria ficar com um gatinha do 1° ano!
Até eu ver a Larissa e o Henrique.

— Mas ninguém pensa se está me ferindo! Ninguém na vida inteira Henrique! Pensou se estava me ferindo! Se quiserem me humilhar, criticar, eu vou fazer questão de lembrá-los que assim como eu, eles não são nada nesse mundo! Mesmo sendo Ricos e Bonitos! Eles não são nada! Porque no final a Beleza envelhece e o dinheiro fica aqui quando morremos !
Eu não vou permitir que eles me humilhem e não falar umas boas verdades para eles! — Ela diz com algumas lágrimas caindo de seu rosto, mais ainda com sua cara durona, escondendo que aquelas lágrimas podem ser possivelmente de tristeza.

— Sei que você já foi muito ferida! Você precisa curar essas feridas Lari...Se não infelizmente você vai ser uma pessoa amargurada e triste! Pense bem! Pessoas feridas tem dois grandes poderes, o de ajudar a curar os outros...Por que, quem é ferido e se cura, ajuda os outros a se curar também...Mas podem ferir outros! Porque uma ferida mal curada, pode acabar fazendo você ferir os outros para amenizar sua ferida — Ele diz e depois deixando a mesma sozinha.

Resolvo esperar um pouco antes de passar no corredor e vejo a mesma se escorar na parede e ir descendo lentamente até o chão e começar a chorar!
Ela estava chorando! Pela primeira vez na vida, vejo a Larissa em uma posição tão indefesa, como se naquele momento, onde seu próprio melhor amigo foi embora, e quando ela percebeu que o corredor está "vazio", ela se permitiu baixar a guarda e chorar.
Algo no meu peito doía ao ver ela daquele jeito, chegava a soluçar! Mas eu não me atreveria ir até ela! Seu rosto já está mais vermelhinho por conta do choro, e pela primeira vez, eu pude ver que a Marrentinha, apenas não gostava de mostrar o seu lado mais frágil e sensível.
Assim...como eu.
Ela levantou, limpou as lágrimas respirou fundo, quando o sinal bateu e logo se retirou do corredor que logo ia ser preenchido por vários adolescentes.

Começo a caminhar em direção a minha sala, nem vai dar para eu comprar minha bala! Também aonde eu tava com a minha cabeça para ver aquela doida chorando! Deveria ter ido comprar minha bala!
As aulas passaram normais, e percebi que a Larissa havia ido embora, já que a nossa turma ia participar da educação física junto com a dela.

— Eii Henrique! — Me aproximei do mesmo que estava mexendo no celular, até ele me olhar com seu deboche.

— Aí Matheus me erra viu? Sua Marrentinha não tá aqui não! — Ele diz me fazendo rir com o "SUA Marrentinha" se ela ouvisse isso, era capaz dele mesmo sendo amigo dela perder os dentes!

— Mas assim...Para onde ela foi? — Pergunto para ele.

— Ela ficou meio mal depois da discussão com a Viviane e decidiu ir para casa...para casa não né! Ficar na rua até ela não ter mais jeito e ter que ir para casa. — Ele diz rindo sem humor.

Eu sabia que a Larissa não tinha uma relação muito boa com a família dela, mas não sabia o porquê e nem o tanto que era!

— Porque ela não gosta de ficar na própria casa? — Perguntou para ele que me encara indignado.

— Você acha que eu vou ficar falando da minha amiga pra você? Se quer saber! Vá e pergunte para ela! Agora da licença que eu tenho um time de vôlei para liderar! — Ele diz jogando seus cabelos imaginários e depois se retirando.

Volto para minha quadra um tanto curioso! Não sei porque mas...ver a Larissa daquela forma me deixou intrigado, sabe quando você quer proteger uma pessoa? Para que nada mais machuque ela?
Confesso que nunca odiei de verdade a Larissa, só me estresso de vez em quando com ela! Na realidade até gosto de provocar ela, é legal encher o saco da única garota que não puxa meu saco, se duvidar até um soco de verdade ela me dá!
Ela sempre tem aquela postura orgulhosa e marrenta, mas talvez seja apenas para esconder a garota real que existe dentro dela, a que pouquíssimos conhece, e se conhecem né! Porque aparentemente nem para o Henrique ela gosta de demonstrar fraqueza.
E isso me comoveu, aliás todos nós temos uma parte da nossa vida, uma parte de nós que queremos que as pessoas não saibam!
Digo isso por mim mesmo, as pessoas conhece meu superficial, não o interior! E saber que a Larissa è assim também, me faz pensar que não somos tão diferentes um do outro.

— Eiii Presta atenção Matheus! — Diz meu amigo me dando um tapa de leve na cabeça — Tamo' perdendo o jogo! Tá com a cabeça nas nuvens è? — Ele diz me fazendo rir e concentrar no jogo.

Finalmente as aulas acabaram! E estamos indo embora, e acabei decidindo nem ficar com a garota, que saiu chorando depois de eu ter dito que não tava mais afim dela! Fazer o quê!? Não tô mais no pique de ficar!
Viviane me convidou para fazer o trabalho na casa dela, e pediu que eu esperasse ela na praça, então caminhei para lá.
Não era tão longe da escola, apenas descendo o morrinho e atravessasse a rua já estaria na praça.
Assim que cheguei na pracinha avistei uma garota baixinha em um balanço, bem solitária, ela cantarolava, sua voz era doce e suave, eu não entendia bem a letra, mas assim que ela percebeu que eu estava aproximando parou de cantar, e me surpreendi ao ver quem era.

— Marrentinha!? O que você tá fazendo!? — Pergunto ao ver a mesma já revirando seus olhos com a minha presença.

— E mais uma vez! Eu não te devo satisfação da minha vida! — Ela diz irritada, seu rosto estava um pouco avermelhado me dando a entender que talvez ela estava chorando um pouco antes de eu chegar.

— Quer uma companhia!? — Pergunto me sentando no outro balanço.

— Melhor sozinha, do que mal acompanhada! — Ela diz rindo sem humor — O que você quer ein? Se tiver querendo me incomodar, por favor me deixa em paz! As pessoas já acabaram com a minha paciência hoje, e posso te garantir que se mais alguém me irritar eu vou sentar a mão na cara! — Ela diz me fazendo rir.

— Eu não vim te incomodar! Mas assim...A praça è publica, o balanço também! Então...vou ficar aqui! — Digo e a mesma revira os olhos e começa a se balança.

Vejo sua feição meio abatida e decido tentar divertir ela um pouco! O por que disso? Eu não sei! Apenas è ruim ver a Marrentinha sem a cara de Marrentinha!
Começo a balançar mais alto do que ela, a mesma me encara e solto um sorriso desafiador para mesma.
Ela fecha à cara, e balança ainda mais alto, me fazendo ser obrigado a tentar ir mais alto que ela!
E assim começamos uma competição de quem ia mais alto, e chegou um momento, que íamos lá atrás, até lá em cima , eu estava até com receio desse balanço quebrar, mas por um momento a Larissa começou a rir, me fazendo rir também.
E pela primeira vez tivemos um momento sem brigas! E foi incrível, até eu acabar caindo do balanço.

— Matheus! — Ela grita logo parando o balanço — Tu morreu? — Ela pergunta me encarando jogado na areia com a cabeça doendo pela queda.

— Não...Acho que não! — Digo rindo, e a mesma começa a rir também.

Olhei para cima tendo a visão da mesma gargalhando de rir, e senti um aceleramento dentro do peito, e uma quentura nas bochechas, será que eu tô morrendo? Ou tô tendo algum derrame sei lá! De repente a mesma para de rir e minha visão é tampada por uma Viviane com uma cara não muito boa.

— Eu te peço para me espera! E você fica com a Larissa!! — Ela diz estressada.

— Eu estava te esperando Viviane, tenho culpa se a Larissa estava a aqui Também? — Digo me levantando e passando a mão na minha cabeça que estava doendo.

— Vamos logo Matheus! Antes que eu comece a pensar besteiras! — Ela diz me puxando pelo Braço, viro para trás vendo a Larissa me olhando com uma cara de desgosto e depois desviando o olhar e começando a se balançar novamente e solitariamente.

A namorada (de mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora