09 | No que eu fui me meter!

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— NAMORADA DE MENTIRA!? — O Henrique grita.

— Isso! Grita mais alto que eu acho que as pessoas ainda não ouviram! — Digo sarcástica.

— Menina! To passada! Você e o Matheus namorando!? È hoje que acontece um novo dilúvio! — Ele debocha rindo.

— De mentira Henrique! De mentira! Nada disso real! — Digo enquanto eu copiava o texto na lousa.

— Quem vê assim você nem lê livros! Sempre acontece assim! O casal começa se odiando, mas depois se apaixonam! — Ele diz com um sorrisinho.

— Henrique! Volta pra terra vai! A vida não è um cliche e muito menos um conto de fadas! — Digo o óbvio.

— Eu sei querida! Mas isso não significa que você não possa se apaixonar pelo Matheus! Aliás por trás do ódio sempre há um pouquinho de amor! — Ele tá querendo me provocar.

— Olha só, você sabe da verdade! Então nem pense e abrir essa matraca de fofoqueiro! — Ameaço ele que ri.

— Relaxa Larissinha! Minha boca è um túmulo! — Ele diz.

— Bom mesmo! — Digo rindo do mesmo.

Após as 3 primeiras aulas, bateu o intervalo e fomos para o refeitório, e nos sentamos e ficamos conversando, até alguém me abraçar por trás.

— Tá doido? Doido! — Digo olhando para trás e vendo o Matheus que logo ri e senta do meu lado — Quer levar um socão è !? — Pergunto já o ameaçando.

— Péssima atriz! — Henrique murmura.

— Cala sua boca! — Digo mostrando a língua e ele mostra também.

— Você contou pro Fanta? — Matheus pergunta indignado.

— Primeiro o nome dele è Henrique, Segundo! Sim! Não vou mentir para meu melhor amigo. — Digo simplista.

— Ele è o maior fofoqueiro dessa escola! Se dúvida desse bairro! — Matheus diz.

— Eu to aqui ta!? Relaxa aí ô Mauricinho! — Henrique debocha — Eu não vou contar a mentirinha de vocês para ninguém! — Ele diz olhando suas unha.

— Obrigada Henrique...— Matheus agradece.

— Não é por você não garoto! E pela minha amiga! Se ela te matasse eu também não contaria pra ninguém! — Ele diz carregado de deboche me fazendo rir.

— Aí migo você é demais! — Digo fazendo nosso toquinho.

— Eu não acredito Matheus! Você me trocou por essa, essa, essa, IDIOTA! — Viviane chega até nos super irritada.

— Não tinha uma ofensa melhor? — Pergunto sarcástica.

— Querida a conversa não chegou no galinheiro ainda! — Ela diz com sua cara lavada e deslavada.

— Sério? Eu achei que havia chegado! Aliás você já está falando! — Digo enquanto todos soltam um "oooooo", até o Matheus que me abraça de lado.

— Essa é a minha garota! — Ele diz animado me dando um beijo bochecha.

Se controla Larissa, tem o monte de gente olhando! Não posso envergonhar o Matheus dessa forma também.

Nunca pensei que você me trocaria por alguém tão abaixo da gente! — Viviane joga seu veneno — Você nem conhece a família dela né? Aposto que vai largar ela na hora quando conhecer os pobres e miseráveis que são! Você já viu a casa dela? Toda caída aos pedaços? Seus pais vão aceitar alguém como ela na família? — Ela continua me humilhando, enquanto todos me olhavam com desprezo e outros com dó, e eu me retiro. — Tá vendo gente! Nem aguenta ouvir a verdade! Se finge de durona, mas é uma fracote! — Ela diz me fazendo respirar fundo e continuar saindo.

— Lari! — Henrique me grita, me fazendo parar e ele me abraça — Aquela Cobriane! Você devia ter abrindo a boca menina! — Ele diz me fazendo rir de leve.

— Não quero machucar alguém ! — Digo me afastando do abraço.

— Mas dessa vez você podia! Ele te humilhou na frente da escola inteira! Devia ter dito umas verdades para ela! Ou ter reagido de alguma forma — ele diz caminhando comigo.

— Se eu tivesse reagido, ela taria toda machucada no chão de tanto socos que eu daria naquela cara metida! Mas hoje não vou me estressar com isso! — Digo respirando fundo e escalando o portãozinho que tem nos fundos da escola.

— Vai mata aula? — Ele pergunta e eu concordo — Vou dizer que você passou mal e foi embora — Ele diz me fazendo olhar para ele e sorrir.

— Obrigada migo! — Digo com um sorrisinho.

— Quem te vê assim até acha que é fofa! — Ele diz rindo.

— È sério! Obrigada mesmo! Por tudo! — Digo para ele que ri olhando para trás.

— O que você me pede sorrindo, que eu não faça chorando!? — Ele diz me fazendo rir e manda um beijinho no ar para ele.

Saio da escola e vou para praça ficar me balançando no balanço, e começo a pensar em tudo que a Viviane disse, Matheus realmente não pensou nesse pequeno grande detalhe!
Quando os pais deles descobrirem minha situação financeira? Que meu pai é um alcoólatra, que deve para meio mundo e a coitada da filha tem que dar um jeito de pagar! A ponto de aceitar ser a namorada de mentira de um Mauricinho, riquinho e convencido para conseguir um dinheiro em tentar pagar pelo menos algumas das dívidas, ou prezar pela contas lá em casa.

Respiro fundo, me balançando cada vez mais alto, e por um momento eu sorri. Pela incrível sensação do cabelo voando junto com o vento, e seguindo os movimentos do balanço.
O céu parecia cada vez mais perto!

Até que eu decido voltar para a escola, exatamente! Decidi voltar, escalei o portãozinho, e fiquei sentada no murinho da escola, peguei meus fones, e coloquei uma música.

Abcdfu — Olívia Rodrigo.

De alguma forma essa música me representava demais! A diferença é ela estava xingando todos aqueles que faziam parte do círculo de seu ex!
Agora eu! Só estou xingando o povo que me estressa mesmo!
Cantava baixinho a música, enquanto eu escrevia uma histórinha bem aleatória que apareceu na minha cabeça.

— Aí está! Minha namorada favorita! — Matheus chega de sentando na minha frente, me fazendo encarar ele, e voltar minha atenção ao texto que eu estava escrevendo. — Olha desculpa por não ter te defendido, quando a Viviane falou aquelas coisas e...— ele ia continuar mas eu interrompo.

— Primeiro! Eu não preciso que ninguém me defenda! Segundo ela está certa! A gente não pensou direito sobre o que seus pais vão pensar quando verem a garota que eu sou e a família que eu tenho! — Digo tirando os fones de ouvido, e olhando para ele.

— Meus pais não se importam com isso Larissa! — Ele fala como se tivesse ofendido — Meus pais não são tão fúteis assim! — Ele diz se levantando aparentemente chateado.

— Não foi isso que eu quis dizer! — Digo guardando meu caderno e minhas coisas. — Eu só estou com medo! De ser rejeitada por mais gente! — Acabo soltando logo me arrependendo ao ver a cara de dó que ele fez.

— Meus pais não são assim! Aliás eles só querem que eu namore! E não sendo uma traficante e filha de um zé ninguém! — Ele diz simplista, me fazendo encarar o chão...meu pai era um zé ninguém e ainda por cima Alcoólatra! — Relaxa! Eles irão te adorar! Confia no pai! — Ele diz mandando uma piscadinha e logo se retira.

No que eu fui me meter!

A namorada (de mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora