Eu estava indo trabalhar quando avistei novamente aqueles dois, Draken e Mikey, dois cães de rua que não deixavam ninguém se aproximar deles, como eu sei seus nomes? Estava escrito nas caixas onde eles dormiam, o que me impressionava era o fato de ninguém ter adotado eles ainda...Eu estou sendo igual a essas pessoas...
-- Mas como o Takemichy iria reagir? -- Minhas preocupações foram para meu amado cãozinho, ele se dava bem com outros animais quando saíamos ou eu o levava a parques de cães, mas morar com outro animal....isso era beeeem diferente, ele era carente, então poderia ficar ciumento... ou com medo.
Acabou que eu passei direto por eles, estava praticamente atrasada por conta desse engarrafamento, eu estava começando a me arrepender de morar no centro. Ao fim do dia eu decidi parar para ver os cães, como sempre eles ainda estavam lá, Mikey estava dormindo em sua caixa, eu paro o meu carro meio longe e quando me aproximo a pé noto que Draken não estava ali, preocupada eu o procuro e suspiro aliviada ao ver que ele estava no terreno baldio ao lado, onde havia um enorme lixão, acho que ele estava procurando comida, infelizmente eu não tinha nada comigo. Eu decido me arriscar a chegar perto de Mikey, que estava acordado agora, eu nunca consegui me aproximar dos dois juntos, um sempre parecia proteger o outro.
-- Oi pequenino -- falo me agachando em frente a caixa dele, lentamente o pequeno cãozinho amarelo e peludo se levanta, ele vem até mim desconfiado, eu estendo minha mão para ele que lentamente a cheira, após alguns segundos apenas fica me olhando -- Será que você gosta de um carinho? -- levo minha mão lentamente a cabeça dele, mas antes que eu o tocasse ele se afasta rosnando, antes que eu ao menos pudesse ter alguma reação, fosse me afastar ou falar algo, Draken já estava avançando em minha direção, ele mordeu a minha mão sem hesitar, com o susto eu me jogo no chão e tento proteger meu rosto com a outra mão, Draken rosna e solta minha mão, em seguida fica perto de Mikey e continua rosnando agressivamente, eu me levanto e corro até o meu carro -- droga, ele deve ter entendido errado...
Voltei para casa e cuidei na minha mão, passei um produto que fez a mordida doer, mas ao menos manteria qualquer bactéria longe, enfaxei e me joguei no sofá.
-- Aw Aw! -- Takemichy logo começa a comemorar a minha presença, ele tenta subir no sofá, mas como era pequenininho ele não consegue, eu o pego e colo no meu colo.
-- O que eu deveria fazer Takemichy? -- Pergunto mesmo sabendo que não teria uma resposta, eu o abraço e ele fica se remechendo, ele tentava lamber o meu rosto como sempre fazia quando notava que eu estava triste, Takemichy era insistente, eu desisto e solto, ele começa a lamber o meu rosto, a muito tempo eu já havia desistido de faze-lo parar...-- Talvez eu deva ser insistente como você, meu teimosinho!
VISÃO TAKEMICHY
Com toda certeza tinha algo estranho acontecendo, Emi colocou outras duas camas pra mim e mais tigelas, e ela nem colocou nada nas outras! E uma das camas era bem grande, mas eu preferia a minha, já que tinha figuras de bolinha e ossinhos. Eu cherei os novos itens, tinham cheiro de ser novos, era fácil saber porque frequentemente ela comprava coisas novas, geralmente eram coisas para cuidar de mim ou de si mesma, já que além de atenciosa ela era o que os humanos chamavam de "enfermeira".
Eu ainda tenho dificuldade para entender os humanos.
Reflito vendo meu reflexo na tigela de alumínio.
Talvez ela tenha que cuidar de alguém? O humano do Akkun foi viajar outra vez? Mas nas outras vezes ela não comprou novas tigelas, ela só pegou as dele.
-- Cheguei Takemichy! -- eu rapidamente corro até a porta de entrada e acôo entanto tento pular nela.
Malditas perninhas pequenas.
-- o que acha de passearmos? -- ali estava, a palavra que eu amava.
-- Aw! Aw! Aw! Aw! -- começo a latir animado.
Ela rapidamente vai para o quarto e coloca uma roupa confortável, depois pega a guia e se abaixa na minha frente, eu fico o mais parado que consigo mesmo estando animado, ela coloca a guia e então nós vamos passear, ela decide pegar um caminho diferente dessa vez, mesmo assim eu fui caminhando na frente, e sempre que eu errava a rua ela dava leves puxadinhas para eu olhar para onde ela estava indo.
De longe eu avistei dois cães que nunca tinha visto antes, um deles era quase do meu tamanho, mas o outro...era enorme!
Ela não vai passar ali né? NÉ!?
Sim, ela estava indo naquela direção, quando estávamos passando na frente dos dois o maior rosna, eu levo um susto e me afasto, batendo nas pernas de Emi e soltando um ganido, minha cauda estava entre minhas patas traseiras, eu sentia muito medo, aquele cachorro enorme tinha dentes muito afiados.
-- Takemichy! -- ela se abaixa e me pega no colo, depois disso olha tristemente para os dois cães que estavam rosnando para ela -- vamos para casa...
Quando chegamos em casa ela tira a guia e me deixa solto, novamente ela vai para o sofá e suspira cansada, eu tento pular e ela me pega me colocando em seu colo.
-- Desculpa Takemichy, eu...queria que eles vissem que eu sou confiável se eu estivesse com você -- ela estava muito triste, tento lamber o rosto dela e ela apenas deixa -- sabe, eu queria dar uma casa a eles, os dois devem ter sido abandonados, por isso odeiam os humanos... eu não quero deixar esses dois na rua, eles merecem um lar! -- ela estava chorando, um fico pensando sobre isso o resto do dia.
-- Aw! Aw! Aw! -- eu latia em direção a guia, Emi deve ter entendido que eu queria passear pois logo tratou de a colocar em mim, ela tentou ir pelo caminho costumeiro, mas dessa vez eu insisti em ir pelo outro, mesmo estando com medo.
-- Por ali não Take, eles podem te assustar de novo -- ela tentou mais algumas puxadas, mas eu não vou desistir! Ela se cansou e eu apenas a conduzi até lá, quando estávamos quase chegando noto que o grandão não estava lá, e o pequeno estava na rua, o problema é que tinha um carro indo bem naquela direção -- MIKEY!! -- Emi virou um vulto na minha visão, em instantes ela já estava com o cão amarelo no colo e do outro lado da rua, eu olho para o chão e vejo a guia solta ali.
...agora entendo como ela sempre me pega quando eu estou indo para o lugar errado...ela é bem rápida.
Caminho o mais rápido que minhas perninhas permitem, é então que ouço latidos raivosos e o grandão aparece, ele estava indo furioso até Emi, eu senti meu corpo tremer, mesmo assim um impulso me levou a me colocar na frente dela e latir o mais ferozmente que podia para aquele outro.
-- Takemichy...-- Emi parecia chocada, os outros dois também estavam no mesmo estado, sim, eu estava tremendo, mas não deixaria que machucassem a minha humana! O grandão pareceu ficar pensativo, depois apenas se sentou no chão, Emi se aproximou lentamente dele, ele permitiu que ela continuasse.
Bem, agora eu entendia como Emi se sentia quando eu ficava lambendo ela.
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