Armadilha dos mortos

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Capítulo 13


O vento forte fazia as árvores dançarem em ânimo, e o céu limpo trazia todas as estrelas com ele. Mas a noite era escura, densa... e tudo que se podia ver por ali, naquelas bandas do fim do mundo, era o fio de luz que escapava pelas frestas da porta de um casebre perdido por ali.

Um pequeno fio de luz tremulante que às vezes era transpassado por um corpo inquieto e animado.

Já os sons eram mais abundantes, nunca exagerados, mas quem quer que passasse por ali atento perceberia as risadas contidas que vinha do lugar, e se a pessoa cultivasse um pouco de curiosidade dentro dela, pensaria, por um momento, que o mundo tinha voltado a ser como era, porque essa era a sensação que a risada de Luffy dava.

A sensação de que tudo estava bem, de que tudo estava exatamente onde deveria estar.

E passando por aquela fresta iluminada, entrando pela porta de madeira e parando naquele cômodo parcialmente iluminado, era possível encontrar os três rapazes ali, sentados degustando da primeira refeição decente deles em dias.

Um prato com peixes assados era disposto na mesa pequena que tinha perto do sofá, onde Zoro fazia um grande esforço para se manter sentado para comer enquanto observava a conversa dos outros dois ali sentados no chão.

-Ele sempre tirava o controle do cabo quando eu chegava no boss, e isso sempre me fazia perder na primeira tentativa. - Luffy contava sobre seus irmãos, sobre como sua vida era animada e incrível antes de tudo aquilo, sobre como ele tinha irmãos que o amava e uma família incrível. - Então uma vez, eu queria revidar, então eu queria filmar ela cagando pra mostrar pra Makino, minha madrinha, por quem ele tinha uma queda. Mas quando eu abri a porta, ele não estava bem cagando...

Zoro tossiu quando o rapaz começou a rir antes mesmo de terminar a frase, a imagem constrangedora vindo em sua mente sem que ele quisesse de fato imaginar isso.

- E foi assim que eu descobri que meu irmão gostava de garotos.

Nessa parte da história Zoro franziu o cenho, confuso. Mas foi Coby quem fez a pergunta esclarecedora.

-Como assim... ele não tava no banheiro?

-Estava sim, no banheiro da escola aos beijos com o professor de filosofia dele.

-O que?

-Aposto que as notas de filosofia dele eram ótimas.

Luffy encarou Zoro, segurando o riso.

-Na verdade... ele reprovou nesta matéria.

-O caralho!

O vento forte continuou lá fora, mas ali dentro, uma coisa muito estranha acontecia. Coby se encolheu, confuso e assustado ao ver Zoro e Luffy rir daquilo, enquanto para ele, parecia apenas algo muito absurdo.

Sem dizer que ver Zoro rir daquela forma era no mínimo assustador, o deu a sensação de fim do mundo... de novo.

Mas o mundo não pode acabar duas vezes... pode?

Luffy voltou a encher a boca de peixe, e Zoro voltou a encarar o prato em cima da mesa, como se o momento que se passou nunca tivesse existido, e Coby se viu ali, ainda confuso com tudo aquilo. Com a sensação de que o mundo era diferente para aquelas duas pessoas ali.

Como se fossem mundos diferentes do seu, mundos onde coisas acontecem, onde tudo acontece e não é apenas pensar em fazer, ou pensar em mudar.

No mundo deles, parecia que não se podia apenas esperar pelas mudanças...

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