Madrugada dos mortos

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Capítulo 103


A chuva caia forte lá fora, e a única luz que tinha naquele lugar era da pequena janela retangular que tinha na parede de madeira.

Era um pequeno ponto de luz, mas era suficiente para fazer o rapaz se mexer inquieto no lugar. O corpo dolorido parecia não se mover a dias, e seus olhos ardiam como inferno.

Ele sentou-se devagar, se incomodando com a quentura que deixou seu corpo quando fez isso. Os olhos grandes se abrindo devagar, cerrados e sensíveis.

Luffy estava confuso.

Os olhos procuram pelo local. Um cômodo de madeira, que não tinha nada além de uma mesinha no canto e aqueles panos no chão onde ele estava sentado com...

-C-coby... - A voz falha do rapaz soou baixa, mas todas as lembranças vinham à sua mente. E ele voltou a tremer, seu corpo parecia doer mais agora, e seu peito latejava. - Não, não, não... Coby!

O rapazinho levou os dedos trêmulos ao peito, como se isso fosse diminuir um pouco a dor, como se ele pudesse arrancar o próprio coração daquela forma.

-Chapéu de palha...? - A voz sonolenta e familiar o deixou confuso.

Luffy ainda não tinha olhado em volta o suficiente, não tinha encarado a fonte de calor a seu lado onde Law estava deitando dormente antes, mas agora o olhava confuso e preocupado.

-T-torao? - A voz chorosa fez Law suspirar, como se estivesse um pouco acostumado com isso, e de certa forma ele estava, na última semana tudo que o rapaz fazia ao acordar era chorar e chamar por Coby. - Torao!

Law se surpreendeu quando o corpo do rapaz o derrubou de volta na cama improvisada, os braços mais magros que antes rodeando seu corpo com força.

-Você está bem... - A voz fraca murmurou, e isso era novo para o médico.

Nos últimos dias, ele não sabia se podia dizer que Luffy acordava de fato, afinal, o rapazinho nem parecia o ver ali. Ele apenas se agarrava a seu corpo e chorava e chorava.

-Você esta vivo!

-Sim... eu to. - Ele tentava ser cauteloso, qualquer coisa que falasse podia desencadear em mais uma crise, e apesar de sua disposição para estar com aquele rapazinho nos últimos dias, ele já não queria o ver chorar mais.

-Ah... isso é bom, você... - Luffy ergueu o rosto, os olhos grandes bem ali na sua frente, bonitos e brilhantes... mas não brilhantes o suficiente. Bastou alguns segundos lhe olhando e lá estavam as lágrimas de novo. - To-torao... o Coby...

Law respirou fundo e assentiu.

-Eu sei... eu sei. - Era tudo que ele podia dizer, ele não podia dizer que tudo ia ficar bem, porque a pior coisa já tinha acontecido.

O choro de Luffy voltou a o atormentar, mas tudo que Law podia fazer era o abraçar e sussurrar.

-Shh... eu to aqui. - Por alguma razão isso foi tudo que o fez acalmar nos últimos dias.

E apenas ele estava ali para fazer isso.

Ele não entendia bem o porque isso fazia Luffy se acalmar, mas era o melhor que podia fazer.

-Ele foi mordido... - O rapazinho voltava a falar, o que provava mais uma vez que era diferente de antes, se ele fala agora, é porque está melhorando... está consciente.

-Eu sei... eu vi, Luffy. - Murmurou baixinho. Ele não queria ter visto, não mesmo, mas... - Você não precisa ficar falando disso...

-Preciso... - As mãos do rapazinho apertavam sua camisa, Law podia sentir seu ombro molhar com as lágrimas, e seus dedos pareciam acostumados aos carinhos que se dispunha a fazer nos fios desalinhados do rapazinho. - Ele fez aquilo para nos salvar... ele...

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