Os sentimentos de um sobrevivente

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Capítulo 105


Foi só no terceiro dia ali que Law finalmente pode tomar seu tão esperado banho.

Quando ele e Marco sentiram que se mover por aí não ia abrir a porra dos pontos na sua barriga.

Antes ele teve de se livrar de Luffy, e depois de Zoro enchendo a porra do saco, até finalmente chegar ali. Naquele momento.

Law sempre pensou que a coisa da qual ele mais sente falta do mundo é poder tomar banho todo dia.

Todo santo dia entrar debaixo da água e tirar as impurezas de seu corpo.

Um hábito higiênico, saudável e relaxante.

-Caramba! - Ele se deixou resmungar quando sentiu a água bater em sua cabeça.

Está tão satisfeito que nem se deu o trabalho de pensar em como tudo isso funciona por ali.

Água encanada, de onde vem, pra onde vai.

Nada importa no momento, apenas a água escorrendo por seu corpo e tirando toda aquela sujeira e fadiga que ele carrega a tempos.

Quanto tempo faz que ele não toma um banho?

Já nem se lembra mais.

E já nem importa mais no momento. Porque a água que escorre pelo corpo manchado é gelada e parece limpar a alma, apesar de meio salgada.

Acalma, relaxa e ajuda Law a por os pensamentos em dia.

Todo aquele turbilhão de coisas que vinha de uma vez só.

Desde o momento que levou aquela merda de tiro. Desde o momento que perdeu o controle de seu corpo e se jogou na frente daquela bala.

Ele se pergunta por que fez aquilo? Mas essa é uma resposta fácil.

Ele não podia deixar que machucassem Luffy. Ele já tinha entendido isso, ele já tinha aceitado isso.

Ele perdeu essa discussão com ele mesmo um dia. E aceitou que ele simplesmente não queria que aquele imbecil se machucasse.

Mas de onde veio aquele impulso?

Isso sim é algo que ele não entende.

Trafalgar Law não é o tipo herói. Ele não se sacrifica por outras pessoas.

De onde saiu essa merda?

Essa resposta ele não tem. Assim como a resposta para várias outras perguntas que teve depois de conhecer aquelas pessoas.

Aqueles três idiotas em questão.

Ele respirou fundo, tão fundo que seu corpo pareceu mais leve.

Ele se lembrou do momento em que estava deitado em um cômodo louco pela morte.

Aquela palavra tatuada em seus dedos. Aquela coisa que ele quis desde a morte de seu pai.

Desde o dia que ele perdeu tudo.

Naquele dia que ele cantarolava algo sozinho com medo da morte.

Porque ele era covarde.

Law é covarde. Sempre foi.

Ele sempre desejou a morte, mas nunca foi de encontro com ela pessoalmente.

Depois daquele dia nada mais foi como devia ter sido.

Ele deveria ter desistido em algum ponto. Ele teria apontado aquela arma para a própria cabeça e finalmente apertado o gatilho.

Mas não foi o que aconteceu, um idiota bateu a porta com um maluco sangrando e um covarde medroso.

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