Esperança dos mortos

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 Capítulo 100


Quando era pequeno, Law acreditava em conto de fadas.

Historinhas para crianças, coisinhas sobre fadas, bruxas e príncipes encantados.

Bem, ele nunca ligou muito para as princesas desde o princípio.

Quando era pequeno, Law acreditava que tinha coisas boas no mundo.

Ele gostava de batatas fritas, de shake de ninho e gostava de jogar RPG com seu pai.

Pai...

Era assim que ele chamava o cara atrapalhado e esquisito que o tirou das ruas e o levou pra casa.

Era assim que ele chamava o sujeito que o alimentava, que o dava coisas e dizia que o amava todo santo dia.

Era de pai que ele chamava aquele homem que morreu com tanta facilidade que tudo no mundo pareceu deixar de fazer sentido.

Aquele homem, que queria salvar quem aparecesse na frente, que tinha sempre um bom humor apesar de ser péssimo com piadas.

Aquele homem que o entendeu quando ele disse que queria tentar conquistar seus sonhos sem a ajuda do dinheiro da família. Que sorriu e o disse que ele podia fazer o que quisesse. -Você é livre pra fazer o que quiser, filho.

Ele dizia com aquela careta estranha.

Então Law queria ser médico. O orgulho do pai, da família... mesmo sendo aquela família.

Ele tirou boas notas na escola, passou com sucesso em uma faculdade de prestígio, e era um dos melhores alunos da turma de medicina.

Law era bom no que fazia, e seu pai sempre o apoiava.

Nessa época, Law já não acreditava mais em contos de fadas, mas ainda tinha esperança no mundo. Mesmo que pouca.

Law tinha amigos queridos, teve um namorado, seu pai o aceitou com toda naturalidade... e a vida ia bem, a vida ia indo como deveria ser.

Nada bem demais, nada ruim demais... alguns dias ruins, outros tristes, e poucos felizes.

Mas é assim que a vida é, sempre com altos e baixos, mas...

Um dia tudo acabou.

O mundo acabou.

Foi simples assim. Em um piscar de olhos.

Porque... Roma demorou anos para ser construída, mas foi queimada em um dia.

O mundo é fácil de destruir, e a espécie em ascensão nele parece sempre empenhada nisso.

No dia em que Law parou de acreditar no mundo, ele estava vindo do cinema com Penguin e Sachi, um dia normal com os amigos irritantes.

Law dirigia o carro que freou abruptamente quando uma mulher se jogou na frente, uma mulher desesperada que bateu no capô do carro e pediu socorro.

Mas quando o mundo acaba, a última coisa que pensamos é que é de fato o fim do mundo.

Os três desceram para ajudar a mulher, mas nenhum deles entendeu de fato o que ela queria dizer.

Mas Law se lembra que começou aquele dia bem, com seus dois melhores amigos risonhos, e acabou sozinho, escondido em um beco tremendo e chorando.

Law começou a querer morrer naquele dia.

Penguin foi mordido para o tirar das mãos de um morto que apareceu do nada, e Sachi ficou pra trás em um dos becos, para garantir que ele e a mulher conseguisse seguir em frente... e no fim, a mulher estava infectada desde o começo.

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