Velório dos mortos

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Capítulo 106


Zoro acordou assustado, se é que ele podia chamar aquilo de acordar. Ele cochilou por alguns minutos para então acordar assustado com os soluços altos.

Luffy tinha acordado de novo.

Os olhos cansados do médico miraram os seus, e os dedos tatuados do homem se moveram a fim de mostrar o rosto choroso do rapaz.

-Ele já acordou nesse estado. - O médico murmurou, era nítido o cansaço em sua voz.

Zoro até entendia, ele estava naquilo a mais de uma semana, devia desgastar de alguma forma.

Mas Zoro odiava ver aquilo, ele odiava ver Luffy chorar daquela forma e o pior de tudo era que ele não podia fazer nada.

O choro apenas continuava, não importava o que eles fizessem.

O espadachim respirou fundo, se sentando direito no lugar.

O chapéu de palha, que lhe foi entregue em mãos para que cuidasse jazia largado ao lado da cama improvisada, junto com o que seria a roupa que Luffy usava naquele dia.

Ele tinha escolhido as cores certas... preto para um funeral.

-Ei... calma. - Law murmurou em algum momento quando os soluços do rapaz pareceram piorar. - Chapéu de palha.

-É Luffy...

-Eu sei o nome dele.

-Então fala, caralho.

Law franziu o cenho, sem entender a irritação repentina do espadachim, mas naquele momento ele se distraiu quando o rosto molhado se afastou de seu peito.

Luffy fungou, exatamente como uma criança melequenta. Os olhos vermelhos e os lábios tremiam, e os soluços faziam todo seu corpo balançar, mas ele olhava Zoro agora.

-Z-Zoro... ? - A vozinha fraca era engraçadinha, Zoro se deixou sorrir ao ver aqueles olhos de novo.

Ainda falta caos.

-Oi... eu to aqui. - Ele não sabia ao certo o que dizer, ele não fazia ideia na verdade. Ter aqueles olhos chorosos em si o deixava em desespero.

-V-você... t-ta bem? - Law revirou os olhos ao perceber que apesar de estar dando sinais de vida e olhando para o Roronoa, aquele pequeno idiota ainda o agarrava como se fosse um urso de pelúcia, e arrastava o queixo fino em seu peito como se acariciasse um gato.

Irritante.

-Eu estou... vivo. - Zoro deu de ombros. - Como você esta?

-Pergunta imbecil.

-Eu sei, cala a boca.

Luffy encarou o amigo, e então olhou para o médico. Um brilho de graça atravessou seus olhos, e ele deixou de soluçar por alguns segundos.

-Eu to...vivo? - Ele olhou Law de novo. - Talvez não esteja... ele ta aqui. - Essa última parte ele sussurrou para Zoro, como se o médico não fosse ouvir.

-Você ta vivo, imbecil.

-Mas...

-Mas o que? Ta achando que ta onde?

-No céu, claro. Agarrado em um cara bonitão... onde ele ia ta? - Zoro não queria perder mais uma oportunidade sequer de provocar aquele médico, eles poderiam morrer a qualquer momento... ou ele podia só fugir de novo.

-Ah, meu saco! Cala a boca, Roronoa.

-É verdade... olha pra carinha dele.

Zoro apontou para o rostinho de Luffy, ainda vermelho, mas não tinha choro. O que era um grande avanço.

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