Recordação dos mortos

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Capítulo 42


Allas um dia foi a cidade mais rica do país, construída por um velho rico demais para se importar com qualquer outra coisa.

Uma cidade feita apenas para negócios e entretenimento.

Ele visava um lugar deslumbrante, como uma Nova York sem a parte pobre da cidade. E é por isso que mesmo agora, depois do fim, mesmo que você procure uma residência que não seja um grande prédio que já foi luxuoso um dia, você não vai achar.

Allas tinham milhares de funcionários, mas nenhum deles morava ali.

O velho maluco que a projetou não queria nada que representasse diferença social na imagem de sua cidade. Portanto, os funcionários tinham suas casas longe, atrás de uma daquelas montanhas por ali, aquelas que rodeavam Allas por todos os cantos, tirando a parte esquerda de onde uma grande estrada vinha, e é claro, sem falar do grande litoral que tornava Allas uma cidade Praiana.

Allas recebia gente durante todo o ano, seja verão ou inverno, dia, noite, feriado... todos vinham de todos os lugares, todos que tinham dinheiro e que provavelmente podiam comprar um lugar na Lua se quisessem.

Allas tinha de ser a cidade mais linda, mais rica, mais limpa e mais movimentada do país, aquele homem não queria menos que isso.

Mas um dia o mundo acabou... não no sentido literal da palavra, mas...

Quando alguma coisa ameaça a humanidade, as primeiras pessoas a tomar providências e se refugiar são sempre os ricos.

E qualquer um naquela cidade tinha dinheiro o suficiente para fugir para a estação de segurança mais remota e segura que acharem, e foi exatamente isso que aconteceu.

Allas foi evacuadas em um dia.

Uma verdadeira cidade fantasma, e a única cidade grande de todo o país que não está abarrotada de mortos atualmente.

O Porto mais seguro para um ponto de encontro com Luffy e a equipe... que era o que eles tinham quando saíram dali.

Agora era apenas Luffy e algumas pessoas que ninguém ali conhecia, não sabiam se eram confiáveis, pessoas boas ou qualquer outra coisa.

Mas Allas ainda parecia a ideia mais segura para aquela ocasião.

Ao menos era essa a impressão que Sanji tinha ao olhar a cidade dali, encarando os grandes prédios que um dia foram o cartão postal da cidade.

Eles já tinham passado por grandes cidades, enormes metrópoles que acolheram um número enorme de pessoas, e todas elas eram abarrotadas de mortos. Mas Allas não, parecia pacífica demais, o canto dos mortos era baixo, calmo... quase inexistente.

Isso fez Sanji rir baixinho, tirando o cigarro dos lábios para liberar a fumaça em seu corpo.

-Aquele velho teria um ataque de raiva se visse isso...

-Disse alguma coisa? - Sanji se assustou com a voz repentina que soou perto de sua orelha, e quando a risada fraca do médico se fez presente, ele apenas resmungou como uma criança e reclamou por seu cigarro ter ido ao mar com aquele susto.

-Puta merda, Marco. - Era o que ele murmurava, com aquele sotaque carregado com o qual todos já tinham se acostumado, menos Marco. Marco ainda o achava adorável e engraçadinho. - Quer me matar do coração?

-Do coração? Eu? Do que está falando, to tentando te salvar de uma morte por causa desse pulmão... - O homem aponta para a região do corpo onde o órgão dito deveria estar. - Eu já disse pro Ace parar de te trazer cigarros.

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