Nome de um sobrevivente

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Capítulo 6


O frio entrava pela janela aberta assim como o sol que já tinha surgido no céu há duas horas.

O homem encostado na mesa não parecia se importar com o amontoado de corpos dormentes que roncavam quase em sintonia abaixo da janela.

Eles combinam até nisso.

Lá fora, os únicos sons feitos eram pelo vento e as latas que o mesmo fazia rolar por aí.

Em resumo, poderia ser considerado um dia tranquilo e bom, se desconsiderar o fim do mundo.

O homem sabia que tinha que acordar os dois idiotas, mas ele queria tanto desfrutar um pouco mais daquela breve paz que decidiu deixá-los dormir mais um pouco.

Encostar em algo e ler em silêncio era seu último pedido no fim do mundo e ele realmente mataria por um livro naquele momento.

Ele já tinha vasculhado toda a mesa, lido várias folhas de uma pesquisa geológica sobre vulcões, com direito a coordenadas, fórmulas e até alguns códigos, que ele não fazia ideia do que era.

Quem deixou aquilo por ali não era um simples empregado de Allas, disso ele podia ter a absoluta certeza.

A única certeza que ele não tinha era sobre o lugar seguro.

Acontece que Law não acredita em lugares seguros.

Sabendo que a maioria das atuais comunidades humanas são de facções ou pagam tributos a elas, ele não consegue crer que tem um lugar "seguro" sem loucos e maníacos obcecados por poder.

-Cacete... - Uma voz rouca e sonolenta trouxe Law de volta ao mundo. - Tira esse bicho da minha cara, Luffy.

Law olhou os dois imbecis, um embolado no outro e o gato... bem, ele realmente estava literalmente na cara do Roronoa, enroladinho e sereno. Como se não tivesse sido resgatado a tão pouco tempo que nem fechava um dia.

Zoro se virou quando não obteve resposta e o bichinho escorregou direto para o ombro de Luffy que parecia um personagem de videogame depois de uma queda muito alta.

Law pessoalmente não entendia como ele podia ser tão elástico, nem tinha certeza se aquele sujeito era de fato um vertebrado.

Porque deitado daquele jeito, com a cabeça apoiada no braço de Zoro, que encostava a cabeça no mesmo ombro em que o gatinho caiu, não deveria ser possível ele enroscar as pernas na do espadachim daquela forma.

Era uma pose estranha e incomum, e o resto daquela cena não ajudava em nada.

O gato que depois da queda apenas se ajeitou e voltou a dormir ficava no peito do idiota, entre o queixo do mesmo e a cabeça de Zoro, ele ainda nem tinha um nome, mas já parecia se sentir em casa.

E Zoro... bem, deitado de lado ele não conseguia ser uma obra de Picasso toda torta como Luffy, mas tinha algo muito de errado na mão enorme daquele sujeito que tampava quase toda a pele exposta da barriguinha de Luffy que escapava do moletom.

Eram mãos grandes e calejadas, Law se perguntou quanto tempo aquele cara passava manejando espadas. E enquanto pensava nisso, esperava mais algum resmungo do novo trio de idiotas, mas Zoro apenas voltou a roncar.

E isso queria dizer que ele ia ter que se dar o trabalho de acordar aqueles imbecis.

Ele não gostava disso, ele odiava ter que ser responsável por aquelas crianças.

-Oe! Idiotas. - Foi como ele começou desencostando da mesa e se aproximando daquela bagunça de gente. -Idiota um e idiota dois! - Chamou um pouco mais alto, mas nem mesmo um resmungo foi dado em resposta.

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