A estreia de um sobrevivente

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Capítulo 90


Sully não é do tipo otimista.

Se formos fazer uma comparação justa. Sully é como aquele velho chato do desenho do cachorro covarde. Um velho sem muitas esperanças que senta em um lugar e fica pensando que tudo vai dar errado.

Que acha que não existe muita esperança naquele mundo de merda, mas ainda assim... aquele garoto idiota parecia ser muito, mas muito pior.

Sinceramente o mais velho estava até meio assustado.

Claro que ele passou bastante tempo com Usopp, e ele conhece aquele jovem a um bom tempo, mas ainda assim... ele nunca tinha o visto falar tanto em tão pouco tempo. E se ao menos fosse algo bom...

Não, ele apenas conseguia identificar qualquer coisa por ali com aqueles olhos bons, e arrumar uma forma daquilo foder com a vida deles.

Desde o sangue morto no chão, até as prateleiras bambas de um dos corredores.

Tem vinhas e mofo no teto, então aquilo pode desabar sobre eles. Tem algo gosmento no chão, e se alguém escorregar e bater a cabeça?

São coisas tão idiotas e aleatórias que Sully nem mesmo consegue levar a sério, mas que ele sabe que pode muito bem acontecer.

Zoro teria dito que ele estava fazendo uma lista extensa de jeitos idiotas e sem graça de morrer, mas para Usopp era apenas um jeito de catalogar todo risco que ele podia passar ali fora.

Ele não tinha medo apenas dos mortos... ele tinha medo dos vivos, da natureza... de tudo.

Usopp tinha medo de tudo, e estava acostumado com a ideia de que tudo na sua vida podia dar errado.

Quer dizer... ele e Nami não eram exatamente sortudos. Muito pelo contrário, era um estágio avançado de azar agudo que eles tinham.

Era por isso que ele estava sempre procurando maneiras de evitar essas coisas.

-Sully... e se ainda tiver algo ruim aqui dentro?

-A unica coisa ruim que tem aqui é você, agora cala a porra da boca. - O mais velho bufou quando parou na sessão que parecia procurar.

-Mas Sully...

-Olha só, se tivesse mais algo por perto, ele já teria aparecido já que você não cala a boca.

-Isso quer dizer que fazer barulho na porta não é cem por cento eficiente?

-Às vezes alguns ficam confusos e não seguem a direção certa. - O homem deu de ombros e passou a pegar os enlatados que ainda tinham ali, que eram pouquíssimos.

Talvez no máximo umas quinze latas velhas e empoeiradas.

-Então pode ter outro por aqui?

Sully apenas respirou fundo procurando um sinal divino para não bater a testa em uma daquelas prateleiras.

-Então não deveriam repetir aquilo ao menos umas três vezes?

-Você acha que a gente tem tempo de sobra pra ficar fazendo essas coisas? - O mais velho o olhou áspero. - Não é um jogo de videogame, garoto. Não temos tempo pra ficar repetindo coisas inúteis. Se não vier todos... matamos o que tem no caminho.

-Mas e se tiver um desses diferentes?

-O único que devemos nos preocupar segue o cheiro de sangue. Então tome cuidado para não se machucar. - Sully voltou a andar, e o mais novo tornou a segui-lo atento a qualquer coisa por ali.

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