Alimento para os sobreviventes

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Capítulo 43


-Ta tudo bem!

Nami não tinha nem dito nada ainda, e aquele idiota já lhe sorria dizendo que estava tudo bem.

Não fazia sentido, não estava tudo bem.

-Eu ainda nem disse nada.

-Zoro disse que você ia pedir desculpa.

-Sim, mas...

-Eu não to tão irritado com vocês, quem me enganou foi o Ace. - Ele cruzou o braço e fez uma cara fechada idêntica a de uma criança tentando parecer séria.

-Ele não te enganou... - Usopp murmurou baixinho, em defesa ao mais velho. Alguém ali tinha que estar do lado dele, né... podia não ser certo, mas foi o que ele pode fazer.

-Enganou. - Quando o tom de voz de Luffy se torna sério, tudo no mundo parece meio errado. - Privar não é proteger.

-Eu sei, Luffy, mas...

-Mas o que? - Nami olhou Usopp pelo canto dos olhos, irritada. - Não nos deixar sair de lá, e evitar que saiamos em missões pode até fazer sentido, mas... isso é grave, Usopp! Isso muda toda a narrativa dessa merda de mundo. A quanto tempo essas coisas existem? Como isso aconteceu? Se a gente não souber como sobreviver a eles, como vamos proteger alguma coisa?

Ela tinha medo, tanto medo de perder pessoas, que não queria sequer cogitar a ideia de algo dar errado em tudo aquilo.

Se preparar para o que podia vir era sempre a melhor opção.

-Mas a gente talvez não tivesse tido dias normais se soubéssemos...

-Que dias normais? moramos em um navio. O mundo acabou! E nós dois não podíamos ter vidas normais nem mesmo quando o mundo era mundo...

Aquelas pessoas era o mais perto de uma família que Nami tinha conseguido, e apesar do medo que ela tinha para tudo naquela merda de planeta destruído, ela queria ao menos auxiliar na tarefa de manter todo mundo seguro.

E a única coisa que ela podia fazer era usar o cérebro. Ela não era cientista ou algo assim, mas podia pensar em maneiras de tentar ajudar se soubesse desde o início disso.

Usopp abaixou a cabeça, ainda tentando se convencer de que a ignorância era a melhor opção.

-Por que vocês estão brigando? - A voz mais calma de Luffy os fez lembrar o que foram fazer ali.

-Nos não estamos...

-Estão sim. Não é pra vocês brigarem, não vocês dois. - Ele coçou a bochecha, os nós de seus dedos tinham algumas feridas. Nami não tinha percebido antes.

-Mas Luffy, eu... - Usopp olhou os olhos daquela criatura. Estranha criatura que o olhava com atenção, que esperava o que ele ia dizer.

E o que ele podia dizer?

Que aquilo era um desejo dele? Ele queria continuar na ignorância, mas isso não se aplica a todos ali.

Ele suspirou fundo, e coçou o pescoço incomodado.

-Você parecia muito irritado ontem... e magoado, então...

-Ace não queria me contar sobre o que houve. - Luffy o interrompeu. - Ele não queria me falar sobre tudo que aconteceu, porque tem medo da reação que eu teria.

Nami se encolheu, desconfortável consigo mesma. Aquela não era uma coisa exclusiva de Ace: - Desculpa, Luffy!

-Eu já disse que tá tudo bem. - Ele reforçou. - Eu só queria saber a verdade, e que vocês confiassem em mim.

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