O retrato de um sobrevivente

145 30 38
                                    


Capítulo 28


Aquela era uma casa que muitos ali nem mesmo sonhavam em visitar quando os seres humanos eram o topo da cadeia alimentar.

Ela tinha marcas do tempo, os móveis velhos e desgastados, se existiram cortinas ali restavam apenas retalhos e os vários sofás que ficavam na sala estavam cheios de buracos. Mas não havia sinais de morte por ali.

Não havia o habitual sangue pelo chão, móveis e paredes. Sem corpos jogados por ai, sem mãos sangrentas decorando os móveis.

Era apenas uma casa velha e abandonada, como nos contos de terror.

-Eu acho que o Ace vai ser o primeiro a morrer. - Usopp falou surpreso ao se encolher perto da porta que dava acesso a enorme sala.

-O que? Por que?

-Ele é o bonitão que não acredita em fantasmas. - O rapazinho deduziu, e só então Sully entendeu que ele comparava aquilo a um filme de terror de verdade.

-Então eu não vou morrer. - Nami se gabou. - Sou a única garota por aqui.

Usopp pensou que fazia sentido, mas ele não gostou da ideia.

-Nem vem, você e a personagem que uma hora vai mostrar as tetas apenas para fazer os garotinhos menores de idade querer ir no cinema pra ver peitinhos. - Ele falou tudo de uma vez só. Enquanto olhava aquela coisa que era a chaminé que eles podiam ver pelo lado de fora.

Mas parecia uma pilastra enorme no meio da sala, logo à frente do sofá, que subia até o teto da casa cheia de tijolinhos charmosos.

Era uma arquitetura diferenciada, aquele espaço era o único da casa que teria "andar único" já que olhando novamente podia-se ver a escada de ferro que levava ao segundo andar de onde vinha a voz de Luffy hora ou outra.

-Eu posso mostrar os peitos sem ter que morrer, se isso for o real problema. - Nami, ao contrário de Usopp, não olhava a arquitetura.

Ela observava aqueles itens caros de decoração que poderiam ter valido uma grana preta.

Tinha fotos de família empoeiradas e cheias de teia de aranha. Algumas tão borradas e empoeiradas que nem mesmo dava para ver direito.

Ela parou na frente de uma cômoda com um busto grego, ela não saberia dizer se aquilo era um item barato de decoração ou uma obra de arte valiosa mesmo, já que era um item bem comum para os amantes de história, mas... o que chamou sua atenção foram as várias fotos que tinha por ali.

Eram quatro crianças muito parecidas e que eram muito familiares aos olhos de Nami.

Elas faziam poses engraçadas e pareciam genuinamente felizes. Bem, ao menos a maioria delas. A garotinha parecia forçar um sorriso ao fazer sinal de paz com as duas mãozinhas.

Nami até tentou tirar a poeira para ver melhor, mas de nada adiantou já que a própria foto estava gasta pelo tempo.

-A casa parece preservada, acha que a família sobreviveu? - A voz de Sully veio do canto mais escondido do lugar, onde ele estava parado em frente a um enorme quadro de toda a família.

Nami teve de se aproximar um pouco para ver, mas ela conseguiu distinguir as pessoinhas ali quando parou ao lado do homem.

Eram as mesmas crianças da outra foto, mas dessa vez eles estavam mais velhos. E tinha cinco deles.

Eram cinco filhos e um pai de aparência rígida.

Nami franziu o cenho ao perceber que a criança que não estava nas outras fotos tinha sido vandalizada no quadro. Seu rosto tinha um borrão de tinta vermelha que parecia ter sido jogada ali sem cuidado algum, deixando respingos para todos os lados.

Dead Or AliveOnde histórias criam vida. Descubra agora