Comunidade dos mortos

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Capítulo 24


Law nunca gostou de crianças, e menos ainda de adolescentes e naquele momento, aquele sujeito parecia transitar entre as duas coisas com perfeição.

Ignorando totalmente seu amigo que dormia, claramente desconfortável no chão, ainda amarrado, o garoto insistia em querer sair dali para ir atrás de comida.

Ele tinha fome, todos tinham fome.

Mas ele era o único ali parecendo uma criança mimada que repetia a mesma coisa como se isso fosse magicamente fazer com que essa coisa caísse em sua mão.

-Você não pode ir lá pra fora sozinho! - Era o que o rapaz de fios rosas dizia, agarrado na cintura do sujeito, em um desespero incômodo.

Era bem óbvio que ele podia sim, Law tinha entendido muito bem que se virar sozinho ele podia, só não sabia se o mesmo tinha algum juízo para isso.

Diante de toda a reclamação feita pelo rapaz que aparentemente se chamava Zoro, Law era obrigado a pensar que o garoto de chapéu de palha não era bom em se manter longe de perigo.

O rapazinho empurrava o outro pra baixo, fazendo uma careta engraçada, parecia estar perdendo a paciência.

-Pode ter mais deles lá fora.

E tinha... aquela cidade era infestada deles, mas a vontade de Law de dar essa informação era baixa, ele ainda estava pensando na hipótese.

-Mas eu to com fome!

-Então espera um pouco... o Zoro ele...

-Zoro não pode se mexer.

Ele cruzava os braços e fazia um bico infantil que levava Law a revirar os olhos.

-Mas...

Ele assistiu, ainda quieto, o idiota bater na cabeça do suposto amigo com força o suficiente para apenas afasta-lo antes de se dirigir até a porta, fazendo Law finalmente decidir o que fazer sobre a informação.

O rapazinho estava quase fechando a porta quando o médico o chamou. Um "ei, você." sem vontade ou ânimo algum.

O outro o encarou, os olhos grandes e curiosos em si.

Assustador.

-Tome cuidado... a cidade está infestada.

O que mais ele poderia dizer? Aquilo deveria ser suficiente para fazer o garoto aquietar o facho, não?

Aparentemente não.

O sujeitinho chamado Luffy apenas sorriu e fez joinha, fechando a porta em seguida deixando-o confuso e com outro idiota em pânico.

O terceiro idiota daquela equação toda apenas roncava, se mexendo inquieto ao resmungar um palavrão, como se soubesse que o amigo ia fazer mais uma merda mesmo dormindo.

Law respirou fundo, os olhos acinzentados encarando a porta por onde o rapaz saiu.

-Tem muito deles mesmo? - A vozinha medrosa pediu sua atenção. Aquele sujeito estava começando a irritar Law.

-Sim...A dois quarteirões a frente está abarrotado deles. - Se lembrava bem de quase morrer por isso quando chegou ali. Agora ele até sabia alguns caminhos seguros, casas abertas, buracos em muros, não tinha tanto tempo ali, mas consegue se esgueirar caso pudesse, mas aquele garoto...

-Meu deus...

Deus não tem nada a ver com isso.

Naquele momento Law só queria que eles fossem logo embora, então para ele, ao menos a ausência daquela criança irritante já era melhor, mas... Por que ele sentia que não deveria tê-lo deixado ir sozinho?

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