Capítulo 2: A Moça do Apartamento de Baixo

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14 de maio, 1932

Acordei numa cama, eu estava coberta e sem ideia de onde estava. Levantei-me e olhei meus arredores, uma casa pequena e muito mal organizada. Ao lado da cama onde eu estava havia uma garota de cabelos pretos, lisos e longos. Ela parecia estar dormindo na cadeira onde estava sentada.
Eu cuidadosamente saí da cama e fui calçar meus sapatos, mas pisei numa raoteia e soltei um grito:

"MAS QUE DIABOS É ISSO!?"

E a garota acordou num susto:

"AH!? O QUE!?"

gritava enquanto pegava um pau, pronta para bater.
Eu me acalmei e expliquei a situação:

Raissa: "Tem uma desgraça de uma ratoeira no meu pé... Afinal, quem é você?" Disse brava.

A garota: "Eu? Olha só pra você. Qual é o SEU nome?" respondeu também brava.

Raissa: "Como se atreve não responder minha pergunta!?"

A Garota: "Como eu me atrevo? Como você se atreve!?"

E assim foi o bate boca por 5 minutos até que eu decidi parar.
A garota disse que seu nome era Simone e eu respondi dizendo o meu.

Simone: "Escuta aqui, sujeitinha da roça... Não vou ficar salvando couro de gente sem noção, ok?"

Raissa: "Mas que coisa fofa, você se preocupa com os outros é?" Respondi dando uma leve risada, quando notei que me faltava algo;

Raissa: "Onde está minha carteira?" Eu perguntei enquanto buscava em meus bolsos.

Simone: "Procurando por isso?" respondeu segurando o item em questão.
Eu fui pegar dela, porém ela utilizava movimentos que nunca vi antes.

Simone: "Vamos ver o que temos aqui..." Dizia ela enquanto analisava o conteúdo da carteira que, para a surpresa das duas, estava vazia.

Simone e Raissa: "Uau..." As duas ficaram sem reação.

28 de maio, 1932

Algumas semanas se passaram desde o meu primeiro encontro com a Simone. Desde então nós conversamos bastante, ainda mais depois que eu descobri que ela mora no apartamento abaixo do meu(eu jamais iria imaginar já que ela nunca está em casa).
Tenho trabalhado numa padaria no centro. Aprendi a fazer vários tipos de pães e doces, além de bolos também. A única coisa que me irrita nesse emprego são os clientes... Eles me irritam! Sem bem que, às vezes, alguns são educados(no mínimo).
Depois de voltar pra casa depois de mais um dia de trabalho, eu vi que tinha algo sob a porta de meu apartamento: uma carta da minha mãe.

"Querida filha

Recebi sua última carta contando sua chegada à São Paulo, que bom que deu tudo certo! Seu pai saiu para o quartel alguns dias depois que você partiu. Oh céus, agora estou sozinha... As comadres de nosso bairro não são lá as melhores companhias, mas, se você e seu pai me mandarem cartas regularmente, vou me sentir bem. E ai de vocês se não escreverem! Vou até os quintos dos infernos atrás de vocês e dar-lhes uns bons tapas! Ahahaha, estou brincando. Espero que esteja tudo bem agora, meu rádio parou de funcionar e a vitrola não presta como antes. Sinto saudades de você e seu pai cantando e tocando piano para mim... Mas, oh mundo, você cresceu tão rápido...

Do fundo do meu coração, D..."

O nome da mãe estava borrado assim como o do pai, exceto pelos sobrenomes "Barbosa & Silva".
Eu fiquei um pouco em silêncio após ler a carta, lágrimas caiam ao som do tique do relógio:
"Ah mãe, por que não posso te ver agora?" Eu pensava enquanto chorava em silêncio.

Continua na semana que vem...

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Vira-Volta Volta-vem | A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora