Capítulo 16: Doce Infância

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5 de Fevereiro, 1921

Um dia ensolarado na Baixada Santista. A brisa e as ondas do mar refrescavam o calor de 36 °C.
E eu de 7 anos estava brincando com André mais uma vez, como sempre.
Estavamos atirando um no outro com estilingues e ambos estavam cheios de ematomas por causa das pedradas.

Diane: "Ei crianças, basta!" Chegou minha mãe gritando.

Raissa: "Olha mãe! Tô sangrando, hihi!"

André: "Raissa, isso não é engraçado! A gente vai ficar de castigo!"

Diane: "Pois bem. Vamos cuidar desses machucados antes que pensem que eu maltrato crianças!"

Minha mãe nos levou pra casa e fez curativos. Ela também levou André pra mãe dele e disse que nos machucamos caindo de um barranco.

Desde criança, eu sempre achei minha mãe linda. Meu pai teve muita sorte em conquistar ela.
Na verdade, ela já me contou sobre ter sido premiada 5 vezes como a moça mais bonita de Santos, 5 anos consecutivos.

Meus avós diziam que eu puxei bastante a aparencia dela, principalmente quando eu tinha cabelo longo.
Já do meu pai, eu herdei minha falta de cuidado e ousadia. Por mais que hoje ele seja bem sério, minha mãe dizia que ele parecia um louco. Isso que a atraiu nele(eu acho).

Teve uma vez que eu briguei na escola, meus pais endoidaram e me botaram de castigo.
Quando cheguei em casa no dia, as perguntas foram bem distintas:

Diane: "Se machucou, minha filha!?"

Augusto: "... Você ganhou?"

Meus pais sempre foram tão... Opostos.
Toda vez que eu os via juntos era por três motivos: Discutindo, se pegando ou algo que aconteceu comigo.

Minha mãe culpava meu pai por eu ser assim, em defesa ele disse:

Augusto: "Filha minha não vai ser defendida pelos outros, ele sabe se defender muito bem! Ou cê acha que ela vai ficar esperando um cabra vir acudir?"

Diane: "E aquela vez que você me salvou?"

Ele ficou vermelho.

Augusto: "Ai já são outros quinhentos!"

Podemos dizer que minha mãe mudou bastante depois que meu pai foi pro exército.
Ela era bem quieta ao redor de outras pessoas, e só era soltinha quando meu pai estava por perto. Depois, ela ficou bem tagarela. Será que é pra compensar a falta dele?

...

. . .

Junho de 1928

Eu e André estavamos na praia, estavamos com 14 anos, sentados na areia.

André: "Raissa, qual é seu sonho?"

Raissa: "Sonho? Eu não sei se tenho um."

André: "É tipo... Uma coisa que você goste e queira bastante!"

Raissa: "Acho que nesse caso é chocolate..."

André: "N-não foi o que eu quis dizer!!"

Ele pegou uma pedra e jogou no mar.

André: "Eu quero ser um piloto de caça. Um dos ases da aviação, que nem o Barão Vermelho!"

Raissa: "Hein? O Barão Vermelho? Aquele alemão doido da primeira Guerra Mundial?'

André: "Não diga isso! Ele era um gênio!"

Parando pra pensar... Eu tenho um sonho sim, André. Eu era bem boba quando criança, sempre fui.
Eu nunca soube o que queria, quando me mudei pra São Paulo, eu esperava que ao menos uma oportunidade caísse.
Mas agora estou presa nessa guerra.

1 de Agosto, 1932

"Eu imploro... Por favor... Acorde..."

Acordei com lágrimas nos olhos. Minha visão desfocada mostrava várias silhuetas ao meu redor.

Raissa: "............... Ganhamos?" Perguntei numa voz fraca e rouca"

Todos ao meu redor gritaram de alegria, eram os homens que lutaram ao meu lado no interior.

Emanuel: "Senhora!! Que bom que está bem!!"

Josué: "Nossa sargenta é dura na queda, não poderiamos esperar menos!"

Victor: "Ficamos muito precupados, a senhora dormiu por mais de uma semana."

Raissa: "Ah... Eu... Uh..."

Maycon entrou na sala inesperadamente:

Maycon: "Hey pessoal, deixem ela recuperar a consciência. Preciso conversar com ela, por favor."

Todos concordaram em sair, já que Maycon possuía uma alta patente (e ninguém sabia que eramos conhecidos).

Maycon: "Raissa, tenho algo pra te falar... Ah, seu cabelo."

Raissa: "O que tem meu cabelo?"

Maycon: "Depois que te tiramos da fábrica em chamas, você estava completamente manchada de tinta."

Ele pegou um espelho.

Maycon: "As enfermeiras te lavaram, mas a tinta no seu cabelo..."

Eu olhei e não acreditei...

Raissa: "AAAAH MEU CABELO TÁ VERDE"

Todos no corredor escutaram.
Maycon me olhava com uma expressão de decepção:

Maycon: "Certo... Seus ferimentos já estão melhores, então vá para a reabilitação!"

Continua.

"A revolução acabou de começar! Veja no próximo capítulo: A batalha aérea no Campo de Marte!"

Vira-Volta Volta-vem | A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora