Capítulo 14: Batalha no Interior, Parte 2

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...

Kawamura: "O centro é nosso, e agora!?"

Granadas caiam e bombardeavam as posições inimigas.

Josué: "É A ARTILHARIA DE VANGUARDA! GANHAMO CARALHO!"

Raíssa: "Vamos voltar ao plano inicial: ir até a fábrica e acabar com o boi na linha do nosso rádio!"

Fui na frente enquanto o resto do grupo vigiava a retaguarda.
Fomos descendo a cidade, rumo ao sul, com mínimos comfrontos.
Olhei pra cima e pude ver os Aviões da força aérea brasileira...

Raissa: (André... Pai... Somos inimigos agora?)

Dentro da fábrica:

Um soldado de tapa-olho estava ao lado do operador de rádio. Ele possuía várias insígnias de honra e uma patente alta (Primeiro Tenente).

Rádio OP: "Senhor, foram captadas as seguintes mensagens:"

X REFORÇOS AGUARDADOS DE MINAS GERAES SE OPUSERAM AO MMDC X ABRAM FOGO CONTRA SOLDADOS MINEIROS X

Tenente: "Parece que esta guerra não irá acabar daqui muito tempo. Com os mineiros do nosso lado, Getúlio irá prevalecer, e nós também."

Vigia: "SENHOR! NOSSO MORTEIRO FOI NEUTRALIZADO!"

O tenente soltou uma expressão de raiva.

Tente: "COMO É!? OS PANACAS ESTAVAM SENDO ESMAGADOS AGORA A POUCO, ISTO É IMPOSSÍVEL!"

Vigia: "Pelo que parece, eles receberam reforços... Os tais estão sendo liderados por uma mulher!?"

Tenente: "Uma... QUE? ISSO É UM INSULTO! UMA ULTRAJE! Não irei perder para uma mulherzinha..."

Vigia: "Eles estão se aproximando. A artilharia inimiga está dando cobertura!"

Tenente: "TRAGAM OS FRANCO-ATIRADORES PARA CÁ E METRALHADORAS PESADAS! ESTE POSTO É CRUCIAL PARA PARAR O AVANÇO DELES!"

Em alguns minutos, a fábrica virou um verdadeiro forte altamente armado e protegido.

Campo de batalha:

Estavamos nos aproximando da fábrica, quando fomos surpreendidos por uma rajada de metralhadoras. Não havia local para tomar cobertura, então nos separamos e nos escondemos atrás de ruinas das casas destruídas pelo bombardeiro.

Olhei para meu lado, eu vi alguém se levantando do chão: Era Antônio, estava em estado de choque pela explosão de uma das granadas de artilharia.
Todos nos gritamos para que ele se escondesse, mas ele não ouvia. Seus olhos estavam tão desfocados, que nem haviam pupilas.
Ele cambaleava procurando seu capacete, ele o pegou e então...

*BANG!*

E ele caiu.

Todos tentaram me impedir, mas corri até ele e o trouxe até a segurança.
Seu sangramento era intenso, jorrava sangue em todo meu uniforme e minhas mãos estavam encharcadas.

Raissa: "ACORDE SOLDADO! A LUTA AINDA NÃO ACABOU! VAMOS LEVANTA!"

Kawamura observava silenciosamente.

Raissa: "SOLDADO! EU NÃO TE DEI PERMISSÃO PARA MORRER! LEVANTE E LUTE! ISSO É UMA ORDEM..."

"Levante... Levante..."

...

Quando me dei conta, seus olhos não brilhavam mais. Eles estavam sem vida, mortos.
Seu coração nao batia, e ele ficou pálido por causa da perda de sangue.
Um tiro certeiro no pescoço que rompeu a jugular dele.

Eu chorei... Muito.

Um rapaz de apenas 16 anos, morto numa guerra que não tinha nada haver com sua vida.
Eu não pude suportar o peso da culpa que caiu em minhas costas.
Eu o encorajei, ele morreu em ação, a culpa é minha.

Kawamura: "Ele foi bravo até o fim. Teve uma morte digna e não será esquecido."

...

Kawamura: "Laiza-san, por favor não se culpe por isso agora. Ele não morreu em vão."

Ele, ainda escondido, apontou para a fabrica:

Kawamura: "A batalha ainda não acabou. Nós ainda... Não perdemos!"

Caetano: "Isso ai! Se você ficar fora dos trilhos, quem vai liderar a gente?"

Josué: "Deixe ele descansar, agora nós cuidamos disso!"

Ódio.

Ódio era o que eu estava sentindo.
Minha resolução de batalha começou a mudar naquele instante.
Tenho que acabar com essa guerra o mais rápido o possível, pois independente do lado...

Todo soldado que vai a luta deixa algo pra trás.

Todo homem aqui presente deixou uma família oara trás pra cumprir com seu dever.

Assim como tudo começou, em São Paulo. Eu deixei minha mãe para poder melhorar minha vida.

Por quê?

Por que temos que passar por isso?

Entendo agora a definição de inferno.
Não vamos pro inferno quando morrermos...

Nós... Já estamos nele.

Raissa: "ENQUANTO ESSES PORCOS CONTINUAREM NO PODER, MAIS PESSOAS VÃO MORRER! ISSO QUE É PAZ PARA ELES? PROSPERIDADE? QUE SE DANE! VAMOS DAR A ELES UM GOSTINHO DO QUE É SER PAULISTA, MELHOR, BRASILEIRO DE VERDADE!"

As tropas inimigas na vila foram derrotadas. Toda a força revolucionária cercou a fábrica.

Estamos a um passo da vitória.

Raissa: "VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA!"

Todos: "NEM TEME QUEM TE ADORA A PRÓPRIA MORTE!"

Continua. . .

Vira-Volta Volta-vem | A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora