(Alerta de Gatilho: Conteúdo histórico sensível)2 de Abril, 1932.
Eu estava na padaria, era por volta de duas da tarde e esse horário é sempre vazio. Eu tinha acabado de limpar os balcões, organizar a mercadoria e etc.
"O rapaz do jornal não passou hoje." Pensei em voz alta, até que:Rapaz: "Extra! Extra! Notícias internacionais saindo!"
O rapaz passou de bicicleta em alta velocidade pela porta da padaria lançando um jornal.
Eu fui pegar e lí a manchete:"Novo partido dos trabalhadores alemães vence a eleição e novo chanceler é eleito. Relações estáveis com o Brasil e União soviética são formadas.
O presidente Getúlio Vargas se encontrou em Geneva com o chanceler alemão Adolf Hitler, numa conferência internacional sobre industrialização e meios de comercialização exterior para ambos os países."Raissa: "Sério? Achei que seria algo mais interessante. Tipo, sei lá, Segunda Guerra Mundial."
Decepcionada, continuei lendo o resto do jornal e, como sempre, nada de útil. Ah espere, o Santos ganhou do Corinthians ontem.
Um pouco mais tarde, chega um sujeito vestindo terno e gravata muito desajeitado. Ele parecia ter uns 20 anos de idade. Foi até o balcão e fez um pedido:
????: "Um pão na chapa e um café com leite. Vamos mocinha, não tenho o dia todo!" Disse bem apressado.
Raíssa: "Pois coma seu pão cru e o café em pó, não vou tolerar este comportamento em minha padaria." Respondi à altura.
Ele ficou mais bravo, levantou um dedo e começou a fazer um show:
????: "Quem você pensa que é para falar assim comigo? Mulher como você deve obedecer calada e-" ele foi interrompido por uma panela acertando sua cara.
Raíssa: "Esta mulher aqui é quem decide se você come ou não! Você está em meu estabelecimento e vai seguir minhas regras. Se não gostou, pode dar meia volta e ir para outro lugar!" Sim, eu joguei a panela.
Nota do autor: Não é bom jogar panelas nos clientes!
Ele ficou vermelho de raiva, seu nariz sangrava por causa do 'ataque' e decidiu me ameaçar:
Osório: "SUA MISERÁVEL! SABE QUEM EU SOU? OSÓRIO VERÍSSIMO ADVOGADO E DOUTOR, E POSSO MUITO BEM TE MANDAR PARA O OLHO DA RUA E FECHAR ESTA ESPELUNCA DE VEZ!"
Eu ri. Ri muito, ri tanto que minha barriga doía. Chorei de rir, nunca ri tanto em minha vida quanto eu ri nesse momento. Eu mal comseguia falar, mas quando consegui:
Raíssa: "Advogado!? Todo desmantelado assim!? AHAHAHAHAHA!! Tenho pena de seus clientes..."
O tal advogado se cansou. Humilhado, ele saiu da padaria jurando vingança. Como se isso fosse acontecer.
Já eram nove da noite, fechei a padaria e parti para meu apartamento. As ruas são tranquilas essas horas com gente andando, conversando, outras até dando carinho umas as outras. Um verdadeiro momento de paz, diferente da manhã que é apressada.
Raíssa: "Me pergunto se vou encontrar alguém como a mãe encontrou o pai... Alguém que cuide de mim quando ninguém mais puder..." Pensei enquanto me abraçava com meus próprios braços.
Chegando no meu prédio, ví um grupo de homens reunidos na frente da entrada. Estavam vestindo preto, chapéus pretos, óculos escuros, tudo preto. Eles falavam baixo, de forma mistirada, mas pude entender algumas coisas:
Xxx: "Eles não esperam o que está por vir."; "Alguém pode nos ouvir aqui."; "Tem alguém se aproximando."
Quando cheguei próxima do grupo, eles cessaram a conversa e me olharam com olhos sanguinários (por mais que não desse pra vê-los), eu podia sentir esses olhares queimarem minha alma.
Entrei no prédio, corri até meu apartamento e esbarrei com Simone:Simone: "OLHE POR ONDE ANDA SEU... Ah, oi Raíssa." Ela foi de muito brava pra calma bem rápido.
Raíssa: "Simone, Tem uns caras muito estranhos alí em baixo! Vai sair? Então toma cuidado com eles!" Preocupada, se referindo aos homens de preto.
Simone: "Ah eles? São meus 'amigos'. Vou dizer pra eles te deixarem em paz." Disse num tom de tranquilidade.
Raíssa: "T-tudo bem, eles não fizeram nada..." Estava beeeem preocupada.
Simone levantou seus ombros e voltou a correr. Alguns momentos depois, ouvi o som de pneus derrapando no asfalto e o som de sirenes: Polícia.
Fui olhar pela janela do corredor, parece que uma perseguição deu início aqui na frente. Simone e os homens são eram mais vistos em lugar algum.Raíssa: (Afinal, o que tá rolando aqui...?) Pensei preocupadíssima.
Continua!
Agradeço a todos que estão lendo. Por favor, compartilhem essa história pois ajuda muito a divulgar e achar mais pessoas para ler e conversar sobre! Quanto mais, melhor. Assim poderei escrever bastante! Obrigado!
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Vira-Volta Volta-vem | A Revolução
Historical FictionRaissa é uma jovem garota que tentou mudar sua vida após ir para São Paulo, mas os tempos não são fáceis na década de 1930. Algo está por vir, e ela não espera por isso. Acompanhe semanalmente sua jornada no Brasil de Getúlio Vargas!