...Lá estava eu, frente a frente com um veterano exilado do exército.
Lembro que, quando eu conversava com alguns dos revolucionários, um deles me contou sobre esse Cabo Assunção."Ele ganhou esse título de Cabo por ser acima da média aqui no campo de treino." Foi o que disseram.
Suspirei e olhei nos olhos do meu oponente:
Raissa: "CAI DENTRO SE FOR HOMI!!"
O Cabo não hesitou. Foi pra cima de mim com tudo que tinha, dando um soco de direita furioso. Me esquivei por pouco, mas fui acertada por um gancho de esquerda na barriga. Essa cara é um monstro, velocidade e força insanas... Meus olhos se arregalaram e cospi contra minha vontade, foi um golpe certeiro no diafragma, me deixando sem ar.
Sem tempo de reação, comecei a levar socos de várias direções. Minha visão ficou borrada, acho que vou desmaiar.Algumas horas antes, campo de treino:
Kawamura: "O segredo de ser um espadachim está na sua forma de ser."
Raissa: "Como?"
Kawamura: "Tens que se adaptar a cada situação."
Raissa: "Entendi, mas deve ser meio complicado ser tão versátil."
Kawamura: "Veja... A água corre num rio quando está com mais água. Quando você põe essa água num copo, ela se torna o copo..."
Ele põe um pouco de água do cantil num copo e dá para Raissa.
Kawamura: "Seja água, minha amiga!"
De volta ao presente:
Mais um soco vinha em minha direção. Todos que viam meu rosto sangrando achavam que seria o fim.
Mas não foi.
De alguma forma pude desviar o ataque sutilmente, e foi assim se repetindo ataque após ataque.
Assunção: (Do quê essa garota é feita?) Ele pensou.
Após me afastar um pouco, olhei pra ele e apontei para o mesmo:
Raissa: "Vaso ruim não quebra fácil."
Kawamura, que assistia quieto, sorriu e fechou seus olhos.
Raissa: "Seu boxe é pesado, tenho que admitir."
Limpei o sangue que escorria meus lábios.
Raissa: "Minha vez de atacar!"
Sem me deixar terminar de falar, Assunção avançou em minha direção. Eu estava decidida no seguinte: Acabar com a luta o mais rápido o possível.
Me abaixei e joguei areia nos olhos do oponente, ele revuou enquanto coçava seus olhos. Depois, fui pra cima dando um chute em seu queixo, como se fosse um golpe de capoeira. Ele se defendeu usando seu braço e ataquei denovo usando a outra perna, dessa vez acertando meu alvo.Os espectadores faziam barulho vendo a luta, alguns até apostavam.
Continuei na ofensiva, dei socos e chutes na parte do pescoço e rosto dele, mas o desgraçado não caia.Mais um chute, ele segurou como se fosse nada.
Ele ergueu sua outra mão. Ia quebrar minha perna se não parasse, e por sorte não aconteceu.Simone: "JÁ CHEGA! BASTA! SE LUTARMOS CONTRA NÓS MESMO, NÃO DERROTAREMOS O INIMIGO!"
O Cabo jogou me no chão, eu estava ofegante, ele também. Kawamura e outros soldados foram segurar Assunção, caso ele tentasse atacar mais alguém.
Simone: "Eu deveria ter intervido mais cedo... Você tá só o pó da rabiola, hein?" Ela dizia enquanto se abaixava próxima a mim.
Raissa: "Isso não é nada... *Tosse*"
Simone deu a ordem para me levarem para a enfermaria. Não sei o que aconteceu com Assunção, mas não o vi pelos próximos dias...
20 de Julho, 1932 - Último dia de treinos.
Kawamura e eu estávamos treinado a espada mais uma vez. Ao invés de um treino cheio de conversas e risos, estava bem quieto. Ele me disse mais cedo que iríamos com seriedade.
O vento soprava, estava nublado e frio, quase chovendo. Eu estava cheia de determinação.O duelo começou! As madeiras se chocavam com força, pareciam que iam se quebrar.
Trocamos ataques como se fosse uma coreografia ensaiada. Defesa após ataque, passo após passo, tudo muito bem posicionado.
Um golpe meu quase acertou os olhos de Kawamura, que desviou por pouco e contra atacou quase me acertando o pescoço. Me joguei no chão e rolei até atrás dele, onde trocamos mais ataques após me levantar rapidamente.
Nos afastamos, iriamos decidir o combate no próximo golpe.
Avançamos quase ao mesmo tempo e...*PLACK*
Um golpe certeiro no peito... De Kawamura.
Ele me olhou e sorriu. Eu estava com medo de ter o ferido gravemente, já que caiu de joelhos após o golpe.Kawamura: "Você está pronta, Laiza!"
Eu soltei a madeira e o levei pra ver o ferimento, que não foi grave.
Nesse último dia, treinamos juntos em exercícios de combate e artilharia pesada. Também aprendemos a cavar e gerir trincheiras.
Amanhã seremos soldados revolucionários por completo.Contínua...
Olha eu passando aqui pra dar mais um recadinho! Só gostaria de agradecer aos votos, isso me ajuda muito mesmo. Então, se você ai que está lendo, está gostando, não tenha vergonha em votar e comentar!
Façam perguntas para os personagens, eles irão responder elas num capítulo especial!
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Vira-Volta Volta-vem | A Revolução
Historical FictionRaissa é uma jovem garota que tentou mudar sua vida após ir para São Paulo, mas os tempos não são fáceis na década de 1930. Algo está por vir, e ela não espera por isso. Acompanhe semanalmente sua jornada no Brasil de Getúlio Vargas!