Capítulo 5: Ação e Reação

14 5 0
                                    


15 de Abril, 1932

Alguns dias se passaram desde o incidente envolvendo Maycon. Mantive minha boca fechada sobre o assunto o tempo todo. Talvez eu esteja com medo...
O que leva eles quererem lutar contra o governo? É difícil imaginar, já que o presidente tem o poder militar sob seu comando, e a Simone... Bem, não sei o que eles têm a seu favor.

São 8 da manhã, padaria aberta e levemente movimentada. Do nada surge um sujeito vestindo um jaleco empoeirado, óculos danificados e cabelo muito desajeitado. Será um cientista?
Ele se aproximou do balcão e pediu:

????: "Uma dose de 250ml de extrato de cafeína com 35mg de sacarose."

Eu olhei pra ele sem entender. Foi quando caiu a ficha:

Raissa: (Ah ele quer café com açúcar. Mas tem que ser exato desse jeito?) Pensei.

Ele me fez sair do pensamento após chamar minha atenção:

????: "Por favor, se apresse. Tenho uma reunião importante com outros doutores internacionais!" Disse levemente apressado.

Ainda bem que ele foi educado (diferente daquele advogado meia-boca da última vez). Preparei o pedido dele, mas ele também quis um salgado.

????: "Ah, falta Cloreto de sódio." Ele resmungou baixo.

Raissa: "Você quis dizer 'sal'?" Questionei bem na hora que passava para limpar uma mesa desocupada.

????: "Foi o que eu disse, cloreto de sódio." Ele respondeu meio debochado.

Tenho um pouco de conhecimento em ciências gerais, química é minha preferida. Eu adoraria sentar e conversar com ele sobre, mas ele não tem tempo. E eu tenho muito trabalho a fazer.
De qualquer forma, entreguei o sal e voltei a atender outros clientes. Na hora que ele se retirava, após pagar, ele deixou um cartão:

????: "Seus pães ficariam mais consistentes se o processo de fermentação tivesse um período de duração um pouco mais longo. Tente deixar 8 horas ao invés de 6." Ele deu um leve sorriso após dizer isso e saiu.

Como ele sabia que eram 6 horas de fermentação? Ai ai, acho que tá rolando uma química aqui...
Mas do nada alguém chega de forma bem chamativa. O homem estava bem vestido e aparentava ter bastante dinheiro: era o dono da padaria, Nicolau Borges.

Nicolau: "Raíssa, minha querida. Como vão os negócios no meu estabelecimento favorito com minha funcionária preferida?" Ele dizia num tom alegre. Suspeito como sempre.

Raissa: "Está tudo uma maravilha. Bastante movimento ao longo do dia, produtos de boa qualidade, higiene bem-" fui interrompida por ele.

Nicolau: "Tenho uma proposta perfeita para você, meu doce!" Ele se aproximou de mim.

Raissa: "Hm? Qual?" Eu estava com medo do que iria vir.

Nicolau se ajoelhou e segurou uma das minhas mãos:

Nicolau: "Case-se comigo, e seja dona desta e várias outras padarias! Terás uma vida de luxo comigo e cuidarei bem de você!" Seus olhos brilhavam.

Respirei fundo, sorri e olhei para ele e disse do fundo do meu coração:

Raissa: "Não, obrigada!" Sorri alegremente.

Sua expressão mudou como uma janela de vidro sendo quebrada. Ele murmurou choramingando.

Nicolau: "Oh céus... Eu deveria ter sido padre... Como mãezinha disse..." Ele saiu de lá em pedaços (como uma janela quebrada).

Cada coisa que passo nesse meu dia a dia...

Continua..!?

Vira-Volta Volta-vem | A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora