Capítulo 7: A primeira batalha

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8 de Julho, 1932

Dois meses se passaram e tudo estava normal nesse tempo. Mas havia algo de diferente nessa noite fria de inverno...

Eu estava passando por uma praça, estava estranhamente cheia para aquele horário. Havia um palanque, e nele, um rosto familiar discursando.

Maycon: "Muito bem, meus amigos! Esta é uma noite de glória! A partir de amanhã, o alto escalão desse governo estúpido irá saber o que é lutar como uma nação!"

O povo lá presente vibrava com as palavras de Maycon. Eles portavam rifles e bandeiras do estado de São Paulo. Eu não sabia o que fazer, portanto fiquei imóvel.

Maycon: "TEMOS UM DEVER A CUMPRIR! ABAIXO A DITADURA! PAULISTAS ÀS ARMAS!" Ele gritava com muito fervor. O grupo de dissipou rapidamente como uma nuvem de poeira. Logo, o local estava sem uma alma viva. Exceto a minha.

Raissa: "Mas... Que...?"

9 de Julho, 1932*

Nota do autor: As coisas ficarão mais pesadas daqui pra frente. Espero que tolere palavrões e cenas que podem(ou são) perturbadoras de ler. Esteja ciente do que vai acontecer nessa "Guerra Paulista" de 32.

Acordei ao som de tiros, gritos e sirenes. É hoje. O tão aguardado dia de Revolução.
Tentei olhar pela janela, mas um tiro passou por pouco e acertou o concreto que estava a poucos centímetros da minha cabeça. Já me abaixei e concluí: tenho que me proteger.
Me rastejei para debaixo da minha cama. Lá tinha uma caixa que abri de prontidão e tirei um revólver. Chequei a munição e tinham seis balas carregadas, e nada mais.
"Use apenas em emergências" foi o que meu pai disse antes de me entregar a arma. Não há momento melhor para usá-la.

Raissa: "Não posso sair daqui! Não posso..." Era o que eu dizia para mim todo momento.

Um soldado arrombou a porta do meu apartamento. Me levantei já apontando o revólver para ele.
De reflexo, ele mirou sua carabina para mim e BANG!

...

Nós dois atiramos ao mesmo tempo. Ele foi acertado no peito e eu de raspão no braço esquerdo.
Eu gritei. Tanto de dor quanto de susto. Eu tirei a vida de um homem, um homem que tinha uma família. Eu chorei pedindo perdão.

Raíssa: "Me desculpa, me desculpa... Por favor... Eu não queria..." Dizia eu ajoelhada ao lado do soldado ferido, que me respondeu numa voz fraca:

Soldado: "Esse é meu dever... Preparado para matar... Feito... Para... Morrer..." Ele disse em seu suspiro final.

Um silêncio pesado tomou conta do meu lar. Minhas mãos banhadas de sangue ardiam de uma forma estranha e ilógica. Eu tenho uma luta para sobreviver, não posso ficar aqui.
Peguei a carabina do falecido, junto de algumas munições extra e kit médico. Vamos à luta.

Saí do prédio e ouvi o som de algo sobrevoando a cidade. Uma batalha aérea? Os revolucionários têm aviões!?
Não é hora de prestar atenção nisso, tenho que sair daqui. Estou praticamente no epicentro da batalha.
Vejo veículos blindados passando por vima de vários grupos de pessoas, pessoas sendo baleadas, outras até pisoteadas. Um homem que estava ao meu lado caiu morto com um tiro na cabeça:

????: "SNIPER É APELAÇÃO, CARALHO!" Um soldado revolucionário gritou ao meu lado enquanto buscava abrigo.

Me escondi atrás de um carro abandonado, mal sabia eu que tinha um soldado do exército lá também. "Já era" eu pensei enquanto via ele apontando o revólver dele para mim:

Soldado: "GETÚLIO NÃO CAIRÁ POR SUAS MÃOS, TERRORISTA DE MERDA!" Gritou ele prestes a puxar o gatilho, mas...

Continua...

Vira-Volta Volta-vem | A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora