Capítulo 8

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- Conversando com algum namoradinho, querida? - perguntou Cida assim que me viu digitando no celular.  

- Quem me  dera! Estou só respondendo minha prima, ela está neurótica por notícias do meu novo emprego. - omiti a parte que  especificamente do homem que paga meu salário. Acho que na sua cabeça eu sou uma infiltrada do FBI trabalhando pra ela.

- Vocês parecem ser muito unidas! - ela observou.

- Sim, sim! Eu e Fernanda fomos criadas quase como irmãs. Desde que fui pra sua casa quando perdi meus pais pra um  acidente de avião. - relatei. - isso até nos mudarmos pra cidade e cada uma querer seu próprio apê. - ou pelo menos eu. Já que era complicado aturar os casinhos que minha prima trazia quase toda noite. Ledo engano querer morarmos juntas.

- Meu bem. Eu sinto muito pela sua perda. Mas que lindo ver uma amizade assim entre duas parentes de sangue. No meu caso, Cada um quis ir pra um canto - ela riu.

- Renzo têm irmãos? - indaguei sem pensar.

- Se têm, nunca ouvi dizer. Ele é um homem bem reservado com relação a família. Por que a pergunta? - ela parou de varrer.

Agarrei o caderno de desenhos da Nicole e taquei na frente do rosto. Minha boca tinha sérias tendências em falar o que não devia. - foi só uma curiosidade boba - tentei disfarçar - não conheço muito da família.

- Ele não costuma falar muito de si mesmo. Só sei que a mulher morreu a alguns anos e que disso ele se tornou um pai maravilhoso. Vejo isso todos os dias,  além de ser  ótimo ouvinte. Nunca me interrompeu quando eu tagarelo sobre as traquinagens da Minnie! - ela riu falando da sua gatinha.

 - Acredito na parte do bom ouvinte - murmurei conforme me lembrava da nossa conversa da noite anterior.

- Ele é. Acho que é por isso que as mulheres o adoram tanto! Claro que aquele corpo contribui e muito pra qualquer mulher tremer na base.

- Cida! 

- O que? Eu sou velha mas não sou cega, menina. Acredito que a única imune aqui é a Nicole, porque é filha. Mas deus benza a genética dessa família. - ela suspirou varrendo o pó  - Vai dizer que você nunca quis um daqueles na sua cama.

- Você e a Fernanda são iguaizinhas! Estou cercada. Já vi! - ergui as mãos.

Cida riu com gosto - só não se deixe enganar por aquela casca grossa. Ele é um bom homem e têm um coração do tamanho do mundo - ela estralou a língua. - uma pena que se deixou levar por uma profissão tão indigna dele.

Aquilo me despertou mais do que qualquer alerta.

 - Você... Você sabe o que ele faz?

- Claro! Como poderia não saber? Quantas foram as noites que tive que tomar conta da menina porque ele tinha compromisso com essas mulheres promíscuas? - ela discorreu.

- Pois ele parece gostar - soltei enquanto senti quebrar a ponta do lápis que eu apertava contra a mesa. De onde tinha surgido aquele ciúmes?

- Como homem? Bom, sim. Não deve ser um sacrifício. Porém duvido que ele se sinta bem ao ter que deixar a filha sozinha na maioria das noites. Os dois são muito apegados, acho que você já percebeu.

Me lembrei da noite do filme, e como Nicole não tirava o sorriso da cara pelo simples fato de ter o pai ali com ela. Ambos pareciam duas crianças. Eu não havia me tocado do quanto aqueles momentos deviam ser raros pra eles.

- Você tem infinita razão, Cida. prometi que iria tentar julgar menos. Como é difícil esse negócio! - levantei de súbito e comecei a arrumar os cadernos - Já deu a hora de buscar Nicole. Você vai ficar bem sozinha? - mordi o lábio inferior.

- Querida, não precisa se preocupar toda vez que tiver que deixar essa velha sozinha. Não se esqueça que já estou acostumada - ela lembrou com um sorriso gentil.

- Desculpe. Força do hábito. Gosto da solidão, mas odeio ver as pessoas sozinhas, sabe? - peguei a bolsa - e você não é velha coisa nenhuma. Está na melhor idade, Cida!

Deixei ela sorrindo como de costume. Contudo antes de abrir a porta, ela anunciou :

- Renzo me falou algo sobre vim mais cedo essa noite. Como meu turno acaba daqui a pouco, ele vai ser uma ótima companhia pra você. Se não tiver problema em esperar - ela ressaltou.

- ah, pode apostar que não! - respondi, tentando esconder o tom de deboche.

É bom saber que ele chega cedo. Pois ainda mais cedo pretendo está longe daqui!

Por Trás da luxúria (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora