Por Trás da luxúria (concluída)

Capítulo 44

Renzo

Alguns momentos atrás.

- Ei, Gutierrez! - Gael gritou da sua bancada enquanto eu pegava minhas coisas, já se preparando pra sair. - valeu aê pela ajuda!

Respondi com um simples joinha, visto que aquilo estava se tornando rotineiro conforme se davam conta da minha agilidade com o raciocínio e com as teclas.

Era bom reconhecer o quanto eu estava ganhando o respeito dos funcionários dali com o meu trabalho, diferente dos primeiros dias, onde o que mais escutei foram piadinhas sem noção por trás das costas, entretanto, não era como se eu já não soubesse e por consequência, não estivesse preparado.

''Quer que as pessoas te olhem de um jeito diferente? Obrigue-as!'' - pelo menos esse era o lema que eu estava tentando manter ao provar minha capacidade ali. Não era ingênuo para não perceber que muitos estavam tentando tirar proveito do meu empenho em demonstrar serviço, porém, do mesmo modo eu sabia que aquela variedade de setores o qual estava sendo requisitado ajudaria a aperfeiçoar minhas técnicas e consequentemente, me fazer chegar ao topo.

Era como juntar o útil ao agradável.

Contudo, o tempo se tornava corrido e eu precisava me apressar se quisesse comer alguma coisa. Havia descoberto um restaurante italiano ali perto com área infantil e estava louco para trazer todos para conhecer.

Falando em restaurante, por que eu tinha a estranha sensação que estava esquecendo algo especialmente importante em relação a isso?

Antes que pudesse forçar minha mente confusa a se lembrar a respeito, meus pensamentos foram bruscamente interrompidos ao se darem conta da mulher alta e de corpo bem distribuído encostada na lateral do meu carro. Seu vestido não muito recatado atraia olhares nada disfarçados dos vários funcionários que atravessavam por ali. Ela não parecia ligar conforme me fixou como um alvo prestes a ser atingido na lateral da porta.

Que ótimo! Pelo visto essa vida nunca ia me largar completamente.

- O que está fazendo aqui, Lorena? - indaguei com um suspiro cansado conforme colocava as mãos no bolso. Ela estava diferente, o rosto continuava o mesmo, só que agora mais realçado pelo corte chanel.

- Eu que te procuro, Renzo! O que faz aqui que não no trabalho?

- Esse é meu trabalho agora. - expliquei.

- Você nos abandonou! - ela apontou, a indignação banhava seu olhar.

- Não, eu apenas larguei aquela vida, o que inclusive você devia fazer o mesmo.

Ela riu alto com as mãos na cintura, atraindo atenções pro espaço onde estávamos.

- Até parece que algum desses mercenários daria oportunidade para alguém como a gente sem querer uma noite em troca...ou talvez várias! - seus dentes rangeram como se fosse algo já experimentado no passado. - Mas ouvi dizer que tu nasceu com a bunda pra lua e foi recontratado pelo papai milionário. É verdade isso?

Por uma fração de segundos, quis gargalhar só por ela mencionar essa insinuação, porque não era possível que alguém que passou pelas mesmas merdas que eu passei pudesse sequer compartilhar dessa ideia.

Me aproximei dela, que ainda assim não recuou um passo. - Se eu tivesse mesmo nascido com a bunda virada pra lua, não teria gastado quase oito anos da minha vida oferecendo serviços de sexo pra mulheres ricas por ai. - proferi. - Você mais do que ninguém devia ter ciência disso, e principalmente, ficar minimamente feliz por um dos seus ter conseguido se livrar desse carma!

Lorena pareceu encabulada pelo mero choque de realidade, contudo, não demorou a se recompor assim como uma gata querendo afago.

- Desculpe, benzinho, não foi minha intenção ofender você. Só fiquei triste ao saber que não ia mais voltar, você sempre foi um dos melhores. - ela se inclinou para aumentar nossa proximidade, ao passo que fiz questão de me deslocar para trás a fim de manter uma distância segura, mas para a minha lástima, dando de costas com a parede.