PARTE 2
3 meses depois.
Luzes ofuscantes, decorações luxuosas, roupas ostensivas.
Hoje eu percebo com tamanha clareza que apesar de estar cercada de pessoas assim, isso nunca me encheu os olhos, esse mundo nunca foi pra mim!
Se um dia eu fui feliz, quase não lembro qual era a sensação, mas eu sei que eu fui.
Fui quando envolvia um par de olhos verdes, uma menina doce e uma casa aconchegante onde todos os problemas se resolviam quando era abraçada por um deles.
Nas primeiras semanas meu coração ainda dava um salto a cada garotinha loira que via, a cada silhueta masculina que possuía óculos escuros, só para dar de cara com a frustração ao perceber que não era nenhum deles. Nada, em nenhum lugar, é quase como se nunca tivessem existido.
Era nisso que Jeandro queria me fazer acreditar ao me tirar deles, e eu confesso que em certos momentos estava mesmo a ponto de abrir mão da minha sanidade se não fosse Nanda pra me manter firme. Ela era o que ainda me restava pra dar uma sacudida quando sentia que não suportaria mais!
Eles existem! ainda estão em algum lugar. - Ela me lembrava quando trazia fotos que havia tirado escondido de Nick ou Renzo, que agora nunca tirava os habituais óculos, mas ademais, parecia bem. Tinham conseguido seguir a vida sem mim e tentei usar isso como um consolo, apesar do aperto em meu peito.
No momento atual estava usando um batom vermelho exagerado junto com um vestido claro e cintilante que condizia com o tom da festa, mas não com a minha personalidade. Aquele era um dos poucos lugares que eu era autorizada a ir, já que raras eram as exceções que Jeandro não estivesse junto, e quando esse milagre acontecia ,eu saia de carro com a vigilância de um motorista carrancudo, o mesmo que fazia tantas perguntas sobre o meu destino que tirava qualquer motivação sair de casa.
Queria dizer que havia lutado mais, queria ter sido mais forte, porém a forma baixa e traiçoeira com a qual meu ex marido me tirou tudo foi tão devastadora que não tive sequer uma tentativa de defesa, eu fui inocente ao não ver o quando ele podia ser um verme quando o assunto era vingança. Como pude não perceber a crueldade que se escondia por trás de uma pessoa tão amarga?
- Você tá legal? Quer uma bebida? - Fernanda perguntou em um tom já embriagado. Ela estava radiante em seu vestido dourado ouro com uma trança lateral, fez questão de ficar do meu lado o tempo todo, sem (quase) flertar com ninguém! Contudo, não foi capaz de recusar a maioria dos drinks que passavam nas bandejas, de modo que já estava tão soltinha que no fundo preferia até que ela esquecesse essa lealdade toda e me deixasse em paz. Eu realmente queria me ver um pouco sozinha.
- Só preciso ir ao banheiro, acho.
lhe ofereci um sorriso tranquilo enquanto seguia a linha dos corredores, mesmo que me desviar das pessoas com vestidos longos fosse incômodo, era uma distração melhor do que os meus pensamentos.
Até que um desses vestidos me chamou a atenção.
Não a roupa em si, mas especialmente os saltos vermelhos que sustentavam longas pernas bronzeadas. Tão esguias quanto as minhas, porém... o meu coração que começou a acelerar procurava outra coisa.
Procurava cabelos pretos como carvão, que aqui estavam amarrados em um rabo de cavalo estilo gladiadora, junto com um vestido em couro maciço que a deixava tão exposta que não seria difícil deduzir o que fazia ali. Eu já tinha visto essa mesma mulher, meses atrás, na porta de Renzo.
- Lorena. - exclamei, surpresa por ainda lembrar seu nome.
Ela se virou pra mim, ergueu a sobrancelha bem feita e me fixou com seu copo de uísque, possivelmente pago por algum homem da festa. Ao contrário de mim, seus olhos carregados de maquiagem não demonstraram o menor lapso de reconhecimento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por Trás da luxúria (concluída)
Fanfiction"Que a minha falsa liberdade nunca mais volte a me prender." Essa foi a última frase em destaque na bio do Instagram de Bella Albuquerque. Por muitos anos ela foi a típica esposa casta e do lar que servia como imagem de pureza ao seu marido, um coat...