Para Sempre

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Midoriya Izuku era uma farsa.

Desde as unhas afiadas que na realidade não passavam de meras luvas até seus ameaçadores e potentes feromônios mentirosos emitidos por perfume; cada detalhe uma grande e bela mentira. Izuku, um beta, havia sido adotado pelo rei e rainha do Reino de Callas quando criança, tornando-se o príncipe herdeiro de um reino no qual não lhe pertencia.

O verdadeiro príncipe de Callas, no entanto, havia sido pouquíssimas vezes visto por sua população, situações nas quais ainda era um bebê de colo. E então desapareceu. Vossa Majestade Clara e o marido Steven, ambos alfas de poder imensurável no continente de cinco dinastias, não deram explicações para seu povo.

Anos depois, um adolescente de cabelos esverdeados e olhos tão verdes quanto, sardas, o sorriso mais adorável do mundo se ergueu no trono ao lado dos pais. Ele havia voltado para garantir o sucesso absoluto de Callas.

Em outras palavras,

Midoriya Izuku seria um rei contra sua própria vontade.

Nada poderia deixar a situação pior. Não no momento.

A não ser por Bakugou Katsuki.

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— Izuku? Izuku, querido, está quase na hora de comer — Inko, a empregada pessoal do príncipe Midoriya, apareceu na entrada da simples cabana localizada no centro de um campo vazio. Campo vazio, mas belo, com sua grama, árvores, e vista perfeita para um céu limpo quando olhassem para cima. Um local no alto de um monte e completamente afastado de qualquer cidade.

Midoriya, aos treze anos, exibia uma certa liberdade. A rainha Clara havia convencido seu marido a deixar o garoto aos cuidados de uma empregada pelo tempo necessário até que Izuku aprendesse a se comportar melhor diante das pessoas do castelo, e viveria na cabana até ser perfeitamente ensinado sobre a nova vida que levaria, fingindo ser um alfa da realeza.

Ele aprenderia a distinguir feromônios. A agir de maneira superior. A ser uma pessoa que não era.

— Vou daqui a pouco! — Gritou o garoto que se encontrava deitado na grama alta. Fechou o livro de "modos a mesa" no qual fora instruído a ler a uma semana atrás, porém, ainda não havia nem passado da página vinte. Se Inko descobrisse, ficaria irritada, apesar de nunca realmente ter brigado com seu protegido a ponto de fazê-lo chorar.

Uma outra instrução a ser seguida era que Midoriya não deveria ultrapassar os limites da floresta logo ao lado. O campo era amplo o suficiente para brincar o quanto quisesse, deitar no chão e apenas dormir sentindo o calor do sol fragmentado pela grama tocar seu rosto, mas jamais deveria ir para o lado das árvores altas. Do outro lado da floresta, era a fronteira com o Reino Flamínia. O reino de Todoroki Enji, também conhecido de maneira ofensiva como Endeavor. Civilização.

Mas quem se importava? Desde que Inko não percebesse que ele havia deitado ao ladinho do começo da floresta logo abaixo da extensa cerca de madeira que a rodeava, e que poucos passos rebeldes o levariam para dentro, estava tudo bem.

Antes que o pequeno príncipe pudesse se levantar para obedecer ao chamado, uma figura masculina se posicionou a sua frente. Não era adulto, ele notou. Parecia uma criança de mesma idade. Não aparentava ser gentil, julgando pela expressão levemente franzida, e também não exibia os traços de um rosto comum de um habitante do reino de Callas.

Talvez, então... o garoto fosse de Flamínia?

— Ei. — Ele disse, os braços cruzados, a voz grossa. O vento balançando o cabelo loiro e espetado.

3 A.M: O Conto da Lua EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora