Dragon Field.
Quando Shinsou era arrastado pelo pai até Dragon Field na adolescência, sempre terminava envolvido nas histórias de Ashido Mina, que o tirava de perto do velho decadente e o levava para bater em portas de pessoas nas ruas. Saíam correndo antes que elas abrissem. Mina, a filha do dono do bar mais frequentado da cidade, era uma das primeiras amigas que Hitoshi já teve.
Em seu presente, o bar foi passado de geração em geração até que chegasse nas mãos da mulher.
— Eu fiz mesmo! Por que vergonha? O chute foi direto nas bolas dele, foi muito bem feito.
Shinsou revirou os olhos. Conseguia ouvir a voz de Mina do lado de fora do estabelecimento em plena tarde mesmo com todo o barulho dos clientes lá dentro.
— HÁ, duvido você virar. Vê se não vomita no meu chão.
Ele abriu as portas duplas de madeira. O som de um sino indicou sua presença conjunto ao ranger. Quando chegava aos lugares raramente era percebido, ou apenas ignorado. A porta abria e fechava e de lá nada novo surgia. Rostos não viravam para encará-lo. As pessoas a sua volta eram lobos, enquanto ele poderia se chamar de felino, dando passos suaves e flutuantes até onde queria sem que ninguém percebesse suas reais intenções.
Se pensam que são superiores, não conhecem a verdade.
O lugar estava cheio e mal iluminado – como todos os outros dias do ano. Mesas redondas de madeira eram espalhadas pelo solo de pedra e havia exatamente uma vela acima de cada uma, assim como grupos de pessoas rindo, chorando, algumas limpando o chão e outras entregando bebidas e comida. Um pequeno palco para música ao vivo não era ocupado a não ser por instrumentos. Ao fundo do bar Shinsou pôde ver Ashido por trás do longo balcão conversando com um homem loiro sentado em uma das banquetas. Atrás dela, prateleiras e mais prateleiras de vinhos e barris de cerveja se estendiam pela parede. Acima, um escudo de um cavaleiro real pendurado de um lado da bandeira de Callas e uma espada do outro. Ninguém era permitido subir as escadas que sofriam toda vez que Mina pisava nelas e desaparecia na sala do segundo andar.
Quando tinham quinze anos, rumores nasceram e com frequência acreditavam que a família dela guardava corpos lá em cima. Os rumores desapareceram com o tempo e Ashido se orgulhava em dizer que nunca havia negado nenhum deles.
— Puta merda! — A voz da dona cruzou o caminho até Shinsou. — Olha só quem resolveu dar as caras por aqui.
— Isso significa que sentiu minha falta?
— Significa que morri de saudade da cor do seu dinheiro.
Cinco segundos de silêncio entre os dois foram necessários para que Mina pulasse por cima do balcão e se jogasse nos braços de Hitoshi gargalhando alto, que a rodou no ar. Mina era alfa. Cheirava a melancia e tutti-frutti, de vez em quando a fraco álcool.
— Menino, você precisa vir me visitar mais vezes, tá legal? Parece que todos os meus amigos de repente decidiram que estou morta.
— Ok, ok, eu sinto muito... vou passar menos tempo no castelo agora. Vou trocar a realeza por você e por bebida, está feliz?
— Por que não me leva pro castelo também? Seria puro lucro.
— Você odiaria lá. É cheio de pessoas que te olhariam de cima a baixo e diriam "é o máximo que consegue fazer? Interessante."
— Hum... — Mina exibiu um biquinho. Consideravelmente mais baixa que Shinsou, deu tapinhas nos ombros dele antes de se virar de volta para o balcão. Agarrou o pano de prato limpo que caiu quando foi rodada, e seus cachos cor de rosa balançaram conforme andava. — Eu não odiaria tanto assim. Izuzu mora lá, afinal, e a única coisa mais interessante que eu todinha são meus chutes nas bolas.
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3 A.M: O Conto da Lua Escarlate
Hayran KurguShouto é ômega. Izuku é beta. Em uma sociedade hierárquica onde relacionamentos fora da normalidade alfa x ômega e beta x beta são abominados, Midoriya Izuku se vê perdido em meio a um furacão de importantes soberanos de sangue azul, reis e rainhas...