Vamos ser incontroláveis.
Com Todoroki Shouto nos braços, andando a passos rápidos pelos corredores vazios até a ala médica do castelo real, Izuku se perguntou se o ômega se arrependeria por ter deixado Deku tocá-lo. Não haviam se beijado, nem retirado nenhuma roupa. Mas Midoriya encostou seus lábios até mesmo por debaixo da coleira: ele odiaria a sensação mais tarde? Odiaria lembrar que um beta era o culpado?
Seus pensamentos não foram muito longe, pois assim que esteve a algumas salas da enfermaria, Ashido Mina apareceu à sua frente. Ofegante por ter corrido e bela, segurando uma taça vazia pequena na mão direita.
- Izu!
- Mina?
Se faziam semanas desde que se viram pela última vez. Midoriya não passava mais perto do bar Dragon Field, temeroso de voltar ao passado. Outro motivo para sentir-se mal. Mina deveria sentir tanta falta dele quanto ele dela.
- Quem é esse aí? Não, espera, não diz nada - Ashido balançou os braços em euforia assim que Deku ameaçou abrir a boca e responder. - Shinsou me mandou te buscar. Precisamos de você no salão agora.
- Shinsou - Repetiu. - O que houve lá embaixo?
- A mãe de uma garota apareceu. Não tenho ideia de como deixaram que ela entrasse, mas não para de falar sobre a tal da filha desaparecida. Já xingou metade das pessoas no salão de festa e fica gritando sobre o quanto os culpados são os cavaleiros. Ela não para nem pra respirar, é assustador, Izu.
- Está falando da mãe de Himiko Toga? - Izuku se aproximou um passo. Shouto permaneceu quieto, respirando fundo e se afastando do pescoço do beta com relutância mesmo que tivesse de se agarrar nele para não cair.
- Sim, era esse o nome! Você a conhece?
- Estou procurando pela garota desde que vi os cartazes. Não encontrei nada na biblioteca.
O ar entre eles se tornou diferente no segundo em que Ashido rosnou involuntariamente. Deku se arrepiou com o som, dando um passo para trás. A alfa riu envergonhada por si mesma.
- Não precisa disso, Izu. Eu só... - Ela disse. Piscou diversas vezes, os longos cílios encostando nas bochechas, encarando Todoroki que agora a observava com suas adoráveis pupilas dilatadas bicolores. Caso pudesse, desceria do colo de Izuku e pularia naquela alfa se o ato o fizesse parar de sentir dor. - Os feromônios dele são...
- Diga para o Shinsou que já vou descer.
- Qual o nome dele? - Mina se aproximou, o que obrigou Deku a se afastar. - Está no cio. Está, não é? Meu nome é Ashido Mina.
- Shouto - Respondeu baixinho, abafado nas roupas do beta.
- Shouto precisa de supressores - Izuku interrompeu, suando frio. - Mina, por favor, ouça a si mesma.
- O quê? Ah, certo. - Rosnando baixinho, Mina insistia em dar passos cautelosos para perto, dando voltas em uma mecha do cabelo rosado com o indicador. - O Shin disse que você deveria acalmá-la no salão antes que os cavaleiros acalmassem. Eles não seriam gentis com ela. Posso levar Shouto pra enfermaria se quiser.
Izuku viu um sorriso escapar do ômega.
Não seria necessário.
Midoriya passou por Ashido como uma presa escapando do predador por pouco. Conseguia imaginar inúmeros motivos para a mãe de Himiko Toga estar na festa naquele exato segundo, e seu sangue fervia com a possibilidade dos cavaleiros reais a machucarem. Afinal, Clara tratava suas festas mensais como bibelôs em prateleiras, e absolutamente nada deveria ser capaz de danificá-los - nem mesmo uma mãe em desespero.
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3 A.M: O Conto da Lua Escarlate
Fiksi PenggemarShouto é ômega. Izuku é beta. Em uma sociedade hierárquica onde relacionamentos fora da normalidade alfa x ômega e beta x beta são abominados, Midoriya Izuku se vê perdido em meio a um furacão de importantes soberanos de sangue azul, reis e rainhas...