O Reino do Fogo

11 1 1
                                    


Midoriya estava deitado na grama do jardim, escondido.

Desde pequeno, consequência de morar e se acostumar com a vida reclusa na floresta após ser adotado pela família real, uma de suas maiores fontes de felicidade chegava de se esconder entre as folhas, deitar na terra e respirar o ar puro e limpo que o alcançava. O céu que conseguia enxergar, nenhuma estrutura o cortando.

Yaoyorozu deitava logo ao seu lado apesar de estar em horário de serviço. O trabalho? Ficar junto de Midoriya e garantir que ele tivesse tudo que desejasse na sombra de sua proteção, como sempre, que não mediu esforços para pedir que a cavaleira e melhor amiga tirasse uma folga. Momo então retirou a parte de cima da sua armadura, uma simples camiseta branca de tecido por baixo dela, relaxando. Desamarrou o cabelo negro antes preso num rabo de cavalo e o deixou cair pelos ombros em ondas meio embaraçadas. Quando a conheceu, Yaoyorozu tinha o cabelo curto. Ela o havia raspado após ser aceita no treinamento de Callas.

A mulher se deixou perder a postura. Significava muito para Midoriya que sentia felicidade em saber que Momo podia ter paz o suficiente consigo para deixar a espada de lado. Ele, também, não usava a coroa.

— Tudo bem, Yaomomo? — Izuku perguntou de olhos fechados, ouvindo o suspirar da morena.

— Sim, alteza, não se preocupe comigo — Ela respondeu com um murmúrio. — Me sinto ótima.

— Algo de especial aconteceu? Me conte.

Midoriya ansiava por novidades, boas para variar, que não envolvessem a política que diariamente precisava lidar.

— E não precisa me chamar de "alteza", sabe?

— Príncipe?

— Deku.

— Midoriya, senhor, minhas férias estão chegando. Voltarei para a minha família assim que me dispensarem de meus serviços em Callas no final do mês — Momo sorriu em pura satisfação.

— É mesmo. Eu tinha me esquecido — Izuku imediatamente sentou-se. Yaoyorozu trabalhava tanto, e esteve consigo por tanto tempo, que Izuku acabava por se esquecer das férias que ela recebia em todo certo período do ano que ela aproveitava para retornar até seu reino durante trinta dias. — Isso é tão incrível! Finalmente vai conseguir descansar um pouco longe de mim.

— Jamais. Eu nunca pensaria desse jeito, Midoriya, aprecio muito a sua companhia.

— Mas? — Ele deu uma batidinha no ombro dela, ainda deitada.

— Mas... quero cruzar o oceano.

— Eu também quero. Consegue imaginar? Digo, o navio balançando com as ondas, a excitação de olhar para o horizonte e já não enxergar o lugar onde seus pés pisavam a alguns minutos. E conhecer pessoas novas, lugares novos. Não saber o que fazer em seguida- oh, as comidas novas!

Momo riu. Sabia que o príncipe nunca havia saído de Callas nem para visitar os reinos vizinhos Mahi, Pendleton, Flamínia e Gredara, portanto, nunca havia embarcado em um navio.

— Venha junto comigo — Disse Momo, não sendo realmente séria.

— Só para chegarmos na sua casa e sermos recebidos com duelos e espadas e armaduras pesadas?

— Não é verdade.

— É, sim — A família de Yaoyorozu vinha de uma extensa linhagem de cavaleiros e guerreiros de Mahi. Era, sim.

— Bom — Ela gaguejou. — Muito melhor que chegarmos na sua casa e sermos recebidos por cachorrinhos selvagens que exibem coroas como a única conquista na vida.

3 A.M: O Conto da Lua EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora